Os atores Jules Benchetrit (Sami Frey) e Julia de Nunez (Brigitte Bardot) em cena da 
produção em seis episódios, disponível on-line até o dia 22 de dezembro  -  (crédito: TV Creations/Divulgação)

Os atores Jules Benchetrit (Sami Frey) e Julia de Nunez (Brigitte Bardot) em cena da produção em seis episódios, disponível on-line até o dia 22 de dezembro 

crédito: TV Creations/Divulgação

Esqueça a imagem de Brigitte Bardot da atualidade, da ativista radical dos direitos animais e apoiadora da extrema direita na França. Exatamente meio século depois de abandonar o cinema, aos 38 anos – seu último filme é “L'histoire très bonne et très joyeuse de Colinot Trousse-Chemise” (1973) –, ela ganhou uma série biográfica.

Em seis episódios, “Bardot” foge das polêmicas contemporâneas. A produção narra o caminho da adolescente parisiense criada com rigor até se tornar uma estrela internacional e um ícone francês. A série está disponível no site do Festival Varilux de Cinema Francês, gratuitamente, até o dia 22 de dezembro.

Criada por Christopher e Danièle Thompson, a produção é ambientada no pós-guerra – vai de 1949 a 1959, quando Bardot se preparava para rodar “A verdade” (1960), de Henri-Georges Clouzot. A narrativa começa com Brigitte aos 15 anos, quando queria ser bailarina.

Alcançada pelo cinema, conhece logo de cara Roger Vadim, que se tornou seu primeiro marido e também diretor de “E Deus criou a mulher” (1956), filme que a tornou uma estrela e também um símbolo sexual.

A primeira década do mito Bardot é interpretada pela franco-argentina Julia de Nunez, que estava começando a estudar teatro quando foi escolhida para o papel. A atriz, hoje com 23 anos, veio ao Brasil participar do Festival Varilux.

O processo de casting para o papel-título demorou anos. Houve busca por jovens atrizes na França e em Luxemburgo. Para Julia, a história começou quando ela viu um pequeno anúncio. “Falavam que precisavam de uma atriz, mas que não precisava parecer tanto assim com Bardot (ela é bem parecida, vale dizer). Também não queriam ninguém conhecido”, conta ela, que depois de cinco meses de testes, soube que havia sido escolhida para o papel.

Julia tinha visto os filmes de Bardot e sabia quão grande ela é na França. “Mas só depois que comecei a estudá-la vi também como ela foi importante para o feminismo. Mesmo que não se declarasse feminista, teve influência grande para a sua geração.”

Para chegar à personagem, a atriz trabalhou com uma preparadora de elenco. “No começo, tinha uma ideia preconcebida de como deveria ser, como falar, andar. Depois percebi que não era uma questão de imitar, mas conseguiria trazer a personagem até mim. Compreendi que meu corpo deveria ser uma extensão da personagem”, afirma Julia.

A atriz considera a cena mais marcante da série o momento em que Bardot dança, em um bar, em cima da mesa (sequência que está no primeiro episódio).

Na França, a minissérie estreou primeiramente no canal público France 2. Depois, chegou à Netflix. A recepção na TV aberta e no streaming foi diferente.

“Na França, Bardot é um patrimônio, algo como a ‘Mona Lisa’. Quando foi lançada na France 2, que tem um público mais velho, houve uma pressão, disseram que ela é insubstituível. Se está viva, é intocável. Não entenderam que a série é uma homenagem. Quando chegou à Netflix, funcionou muito bem. Havia medo de que o público jovem não se interessasse, mas se interessou muito”, diz Julia.

“BARDOT”
• Minissérie em seis episódios. Disponível até 22 de dezembro, no site do Festival Varilux de Cinema Francês. Acesso gratuito.