Elisa de Sena diz que faz música

Elisa de Sena diz que faz música "ancestral e contemporânea". Cantautora mineira promete "show lindo" esta noite

crédito: Paulo de Sena/divulgação

Duas gerações vão subir ao palco da casa de shows A Autêntica, neste sábado (25/11), para celebrar a força feminina na música preta brasileira: a veterana Leci Brandão, de 79 anos, e a mineira Elisa de Sena, de 41. O repertório de Leci é repleto de clássicos do samba – “Zé do Caroço”, “Isso é Fundo de Quintal” e “As coisas que mamãe me ensinou”, entre outros –, enquanto Elisa mostra composições autorais inspiradas na cultura afro-brasileira, faixas do álbum “Cura” (2019), que tem Luedji Luna e Maurício Tizumba como convidados.

 

“Já me sinto acolhida por estar no palco abrindo o show da Leci, porque ela é uma artista muito aberta a outros estilos. Esse encontro vai além da estética musical, acho que tem muito a ver com o fato de sermos duas mulheres negras de gerações diferentes, mas que têm caminhada muito parecida, de acordo com o que a gente acredita e com o que é importante no mundo em que a gente vive”, explica Elisa de Sena.

 

Cantora Leci Brandão

Na Semana da Consciência Negra, Leci Brandão traz o seu samba a Belo Horizonte e Nova Lima

Roger Cipó/divulgação

 

Em 2019, a cantora, compositora e instrumentista mineira chamou a atenção do selo Natura Musical com seu trabalho voltado para a mescla de sonoridades ancestrais e contemporâneas. “Cura” destaca tanto os tambores de Minas Gerais quanto beats eletrônicos e sintetizadores.

 

“Quando componho, escrevo a letra já com ritmo e melodia. Hoje em dia, é muito importante – e legal – a gente ter os recursos da música eletrônica, porque eles nos dão muitas possibilidades. Gosto de sentir essa diferença, gosto de efeito na voz, mas gosto do orgânico também”, revela Elisa.

 

“Gosto de dizer que o meu som é ancestral e contemporâneo, assim como nós. No caso do tambor, é isso de estar ligado ao passado, mas também a algo que está acontecendo agora. Quase um afrofuturismo”, comenta.

 

 

 


Outras sonoridades

 

Dizendo-se ansiosa em dividir o palco com Leci Brandão, Elisa destaca a importância de mostrar outras possibilidades de experimentação da música preta – capazes de encantar qualquer público, ela garante.

 

“É um superdesafio, porque é um som diferente. A princípio, acho que as pessoas esperariam que a abertura do show fosse feita por uma pessoa do samba também, mas a Leci é muito aberta, dialoga muito com outros estilos. Ela já gravou rap e tem presença muito importante no lugar da diversidade. Acho que vai ser lindo”, afirma a mineira.

 

Nascida no bairro Goiânia, na Zona Leste de Belo Horizonte, Elisa de Sena se encantou pela música na infância, quando participava de festas de congado com a mãe. Projetos sociais desenvolvidos naquela região foram essenciais para que a menina, apaixonada por arte, sonhasse com a carreira musical.

 

“Cresci participando das festas de congado, então essa história com o tambor é algo muito forte para mim. Não tinha como não colocar isso no meu som, porque faz parte da minha identidade como pessoa e também como artista”, comenta.

 

O Projeto Kilombola, iniciativa da banda Berimbrown, foi a porta de entrada para Elisa, aos 17 anos, estudar canto, percussão, capoeira e teatro. Depois, aos 19, ela ingressou no grupo Tambor Mineiro, comandado por Maurício Tizumba, responsável por fortalecer ainda mais a relação daquela garota com os ritmos do congado.

 

“Minha história é longa, trabalho com música há mais 20 anos. Comecei a estudar percussão muito jovem e depois entrei para o Tambor Mineiro, do qual faço parte até hoje. Esse grupo me deu a oportunidade de conhecer o Brasil”, diz.

 

Atualmente, Elisa de Sena se divide entre o Brasil e a Grécia. Leva a arte afro-brasileira para o mundo. “Espero que quem não conhece meu trabalho possa chegar (ao show), ouvir e conhecer. Gosto de saber como o som toca as pessoas”, comenta. Esta noite, ela estará acompanhada da banda Elisergica.


Em Nova Lima

 

Leci Brandão estenderá sua estadia na capital mineira a Nova Lima. Amanhã (26/11), às 20h30, ela vai cantar no Festival de Artes Negras, com entrada franca.

 

Antes da cantora, o FAN exibirá, a partir das 17h, encontro de capoeira e o show da banda As Soberanas.

Neste sábado (25/11), a partir das 18h, passarão pelo palco Afoxé Filhos de Dan, Bloco Saravá, Seu Benedito, Desfile Ohun, Coletivo Cipó de Aroeira, Maurício Tizumba e Tambor Mineiro.

O FAN nova-limense vai prosseguir até 3 de dezembro, com a feira especial Batalha CTR e as comemorações do Dia Municipal do Samba. A programação completa pode ser conferida no Instagram (@culturanovalima).

 

LECI BRANDÃO E ELISA DE SENA


Neste sábado (25/11), n'Autêntica (Rua Álvares Maciel, 312, Santa Efigênia). A casa abre às 21h. Ingressos: R$ 120 (inteira; 2º lote) e R$ 70 (meia; 3º lote), à venda no site www.autentica.byinti.com. Informações no Instagram (@autentica.bh)

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria