José Fernandes Filho*
Olavo Romano, que brindou a vida com sua sonora gargalhada. Paulo Lott, que enfrentou a vida, quase anônimo, em modesta caminhada. Ambos íntegros, dignos, prontos para a hora, qualquer que fosse ela ou o seu sabor. Pacificados, ambos, símbolo e exemplo. Na Secretaria de Educação, no Sindicato dos Jornalistas, na Academia.
Partiram. Quase no mesmo dia. Resignados, realizados, concluídos.
Chamados, convocados, requisitados? Viajaram para o longe. Foram cedo, antes do tempo, ou na hora exata, tarefas cumpridas?
Quem, entre os humanos, conhece o depois?
Quem o sente, quente ou frio, de luzes ou sombras? Mistério ou transparência? Silêncios perpétuos ou suaves brisas?
Ela chegou, discreta, calada, sem aviso prévio. Poderosa, não carece de anúncios. Talvez lhes tenha apontado o indicador: Você, você.
Na Terra, unidos, um apoio ao outro, por mais de meio século.
No longe, haverá tempo? Juntos, separados? Não morreram: suas vidas, pesado fardo, interrogam e acicatam. Até quando suportaremos a inquiridora cobrança?
Dia virá – todos esperamos – em que só haverá cinza depois do fogo; claridade, no lugar de escuridão; paz, ao invés de guerra. Epifania. Ressurreição dos mortos.
* Ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais e membro da Academia Mineira de Letras