No programa

No programa "Angélica: 50 & tanto", Angélica conversa com Eliana e Xuxa, entre outras convidadas e amigas, sobre temas comuns entre elas

crédito: Globoplay/Divulgação

Angélica vem preparando, ao longo da última década, corpo, mente e espírito para fazer 50 anos. Foi um período que ela diz ter usado para refletir sobre carreira, família, matrimônio e saúde, além de decidir qual seria a prioridade nessa nova fase.

 

As sessões de autoanálise foram materializadas no programa "Angélica: 50 & tanto", dirigido por Isabel Silva, que estreia no Globoplay neste domingo (26/11), quatro dias antes de seu aniversário. Na atração, ela recebe mulheres que marcaram a cultura brasileira, como Anitta, Ivete Sangalo, Susana Vieira, Eliana e Xuxa, para um papo em sua mansão, no Rio de Janeiro.

 

As convidadas são divididas em grupos, ao longo de cinco episódios, para debater com Angélica algum tema em comum de suas vidas. No primeiro capítulo, por exemplo, a aniversariante se junta a Fernanda Souza, Maisa Silva e Sandy para discutir carreiras iniciadas na infância.

 

 

"Vivi momentos de vulnerabilidade e de aprendizado dos 40 para os 50", diz Angélica, por videoconferência, do quarto onde dorme. "É uma fase que toda mulher passa. Os filhos entram na adolescência, você começa a questionar o trabalho e o casamento, e entra na menopausa. Os 50 anos vêm agora com mais tranquilidade, leveza e maturidade."

 

A apresentadora diz ter sido difícil não cair na tentação de fazer de "50 & tanto" um documentário, dado o tamanho do acervo de imagens que possui. "Mas queria que tivesse a ver com o momento que estou vivendo, de falar, conversar, ouvir e trocar. Queria mostrar o passado, mas com a Angélica do presente.

 
ASSÉDIOS REVELADOS

 

"O início do primeiro capítulo retrata bem tal vontade. Angélica diz "oi", se apresenta e conta a história de como quase teve outro nome artístico. Ela tinha 12 anos quando começou na televisão. Ouviu de um homem poderoso que deveria se chamar Lolita, nome do polêmico livro de Vladimir Nabokov que narra o interesse obsessivo de um professor universitário por uma garota da mesma idade que tinha.

 

A apresentadora emenda uma lembrança na outra e conta que um homem dos bastidores da TV pedia para ela sentar em seu colo. São momentos sobre os quais ela nunca falou, diz, porque se sentia insegura. Mas não mais. No ano passado, já havia revelado que homens franceses passaram a mão em seu corpo enquanto ela, então com 15 anos, fazia um ensaio em Paris. Na mesma época, quando estava à frente de vários programas infantis, com passagens pela TV Manchete, SBT e Globo, Angélica aparecia nas telas vestindo shorts curtos e tops que deixavam a barriga de fora.

 

Mas Angélica não considera que tenha sido explorada no início da carreira. "Usava shortinho ou uma blusinha com 13 anos e achava bonito. Não me sentia sexualizada. Mas com certeza havia um olhar malicioso de diretores ou do público", diz. "Não aconteceria hoje e, se ocorresse, a gente levantaria a mão e falaria 'não'."

 
VIBRADORES FEMININOS

 

Hoje Angélica se sente à vontade para debater temas como sexo. No início do ano, ela se viu no centro de uma polêmica ao fazer propaganda de vibradores femininos para uma marca da qual é cofundadora. "Achei ótimo falar de assuntos que eram tabu por uma sociedade machista. Mesmo sendo criticada, porque é muito mais fácil deixar a mulher sem saber dos direitos, deveres e prazeres dela. A gente está vivendo uma revolução feminina."

 

Quem vem fazendo um movimento semelhante são as ex-apresentadoras infantis Eliana e Xuxa, antes tidas pelo público como rivais de Angélica, mas que hoje são amigas dela. As duas, com 51 e 60 anos, respectivamente, também viram assunto quando tocam em temas que subvertem a imagem ingênua do início de suas carreiras.

 

POSICIONAMENTO POLÍTICO

 

A apresentadora se recorda ainda de se policiar sobre tudo o que dizia e fazia. Resquícios dessa autocensura perduraram. Exemplo disso, diz Angélica, é que ela nunca quis falar sobre política. Isso até 2022, quando declarou apoio ao presidente Lula, à época adversário de Jair Bolsonaro, do PL.

 

Em 2017, um ano antes de o “Estrelas” sair do ar, a carreira perdeu espaço na agenda da apresentadora. Desde 2015, após sofrer acidente de avião com o marido, Luciano Huck, e os filhos, ela passou a ter crises de pânico com frequência. O jeito, ela conta, foi frear os trabalhos para priorizar a família e a saúde mental.

 

No "50 & tanto", Angélica afirma ter encontrado um jeito de mesclar trabalho e família. A apresentadora saiu da Globo em 2020, após 24 anos, numa decisão que ela diz ter sido tomada em conjunto com a emissora.

 

“Angélica: 50 & Tanto”
• Estreia: hoje (26/11)
• 5 episódios
• Globoplay
• Às quintas, às 22h15, os episódios serão exibidos no GNT, a partir de 30/11