O corpo da atriz Elizângela, morta na sexta-feira (3/11), aos 68 anos, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória, foi velado, ontem (4/11), no Crematório do Cemitério da Penitência, no Rio de Janeiro.
O velório foi aberto ao público até as 15h. Em seguida, apenas a família participou da cerimônia de despedida, antes da cremação, ocorrida às 17h.

Nascida no Rio de Janeiro, em 1954, ela começou a carreira ainda criança, fazendo comerciais e participando de programas de auditório como assistente de palco, a partir de 1965, na TV Tupi. Trabalhou também na Excelsior, antes de ser contratada pela Globo, onde engatou nas novelas nos anos 1970, caso de "Locomotivas", de 1977, a primeira novela das 19h gravada a cores, e primeira versão, censurada, de "Roque Santeiro".

Entre os anos 1970 e 1980, foi considerada também um símbolo sexual, mas recusou convite para posar nua, conforme contou em uma entrevista em 2017 ao jornal “Extra”. Ela, que sempre se considerou "discreta e reservada", disse que pensou na filha para negar o convite, apesar de o dinheiro ser bom. "Quando fui chamada para posar nua, pensei na minha filha (Marcelle, hoje com 48 anos), no porteiro, no homem da banca de jornal. O cachê era muito bom, mas dinheiro nenhum paga a minha intimidade. Minha intimidade não é do mundo", afirmou.

Elizângela é lembrada pelo público pelos seus papéis extravagantes em novelas como "Senhora do destino", na qual fez Djeanne, ex-prostituta conhecida da vilã Nazaré Tedesco, e "Ti-ti-ti", quando contracenou com Sophie Charlotte - uma dessas cenas é lembrada hoje como um meme em que a jovem atriz come um pão, fala de boca cheia e toma um tapa na cara da personagem de Elizângela.

ÚLTIMO TRABALHO

Gloria Perez, uma das autoras que mais fez personagens para a atriz, em novelas como "A força do querer" (2017), "Salve Jorge" (2012), "O clone" e "Partido alto" (1984), lamentou a morte de Elizângela. "Amiga, inteligente, divertida, aquela atriz visceral, sonho de qualquer autor: vestia sem medo nem pudor a pele das personagens. Estou sem palavras".

Elizângela estava afastada da TV desde 2019 e ficou fora de "Travessia", de Gloria Perez, por sua recusa em tomar a vacina contra COVID-19. A atriz chegou a ser convidada para o elenco, mas o fato de ela não se imunizar impediu que ela frequentasse os estúdios da Globo, que estabeleceu protocolos para evitar a contaminação pelo vírus
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Em 2022, após contrair COVID, ela teve um quadro respiratório grave e precisou ser internada, de acordo com o Hospital Municipal de Guapimirim, na Baixada Fluminense, onde ela foi atendida também no sábado. De acordo com o hospital, foram feitas manobras de reanimação no trajeto e na unidade, mas sem sucesso.

Apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro, Elizângela o defendeu até o fim. Após a derrota nas últimas eleições, ela escreveu em suas redes sociais "melhor presidente".

Segundo produtora Brasil Paralelo, Elizangela deixou um filme inédito, que deve estrear nos cinemas em maio de 2024. Em "Oficina do diabo", ela vive uma mãe que "precisa encontrar uma forma de afastar o filho das más influências, ao mesmo tempo em que precisa lidar com seus traumas do passado".

A Brasil Paralelo é um dos principais exemplos de negócio que se beneficiou da ascensão da direita brasileira na última década. Um dos planos de seus criadores é tornar o serviço uma espécie de Netflix conservadora. 

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