O substantivo alvoroço tem dois significados: agitação, alteração de ânimo ou manifestação de alegria. Pois ele batiza um festival que estreia neste fim de semana. O nome é mais do que adequado para o evento que acontece de sábado (11/11) a segunda (13/11) em três espaços de Belo Horizonte: Grande Hotel Ronaldo Fraga, Boteco Avenidinha e Clube de Jazz do Café com Letras.



É uma mistura de atrações e estilos musicais, com nomes já conhecidos da cena e outros mais lados B. A programação de sábado começa já cedo. A partir das 13h, o casarão de estilo normando nos Funcionários que há oito anos foi batizado com o nome do estilista mineiro, dá início aos trabalhos.

Três palcos vão receber formações menores, com ênfase nas vozes femininas. Grandes nomes, como Jane Duboc e Ná Ozzetti, estão no Alvoroço, que também traz Patrícia Ahmaral, mineira radicada em São Paulo, e a pernambucana Flaira Ferro.

Ná Ozzetti chega a BH acompanhada do irmão, o violonista Dante Ozzetti. “O repertório será baseado em composições tanto minhas (‘Meus planos’, com Zélia Duncan e ‘Canto em qualquer canto’, com Itamar Assumpção) quanto dele (‘Musa da música’ e ‘Estopim’, ambas com Luiz Tatit), fazendo um passeio pela nossa trajetória”, conta a cantora.

Parceiros há décadas – “Eu tenho a sorte de ter um irmão tão talentoso” -, os dois começaram a se apresentar juntos depois que Ná, ainda no Grupo Rumo, deu início à carreira solo. Dante sempre atuou como arranjador e diretor musical para a irmã. Como os dois são compositores e não letristas, não compõem juntos. Há, no entanto, duas exceções: “Só comigo” e “Lá vai a Ná na nave pra lá”, que Ná começou; Dante terminou e Itamar fez a letra.

ESTREIA
Banda seminal da música experimental de BH, o Divergência Socialista existiu por décadas, até a morte de seu fundador, Marcelo Dolabela (1957-2020). Vocalista do grupo, Silma Dornas se uniu a André Miglio, da banda Falcatrua, e ao guitarrista Cesco Napoli, no trio Mais um Grupim, que faz sua estreia no Alvoroço.

“É uma onde mais minimalista, com violão, guitarra e três vozes. Cada um sugeriu uma releitura (como ‘Ando jururu’, de Rita Lee, e ‘Eu te amo’, de Caetano Veloso), e levou também uma canção própria”, conta Miglio. O vocalista vai estar presente em todos os dias do festival. No domingo, os shows serão no Avenidinha, bar inaugurado no primeiro semestre, em um dos casarões da Avenida do Contorno, bem próximo à Praça Floriano Peixoto.

Miglio vai se apresentar com sua banda, o Falcatrua, que acabou de lançar seu sexto álbum, “Duvide”. Logo depois, continua em cena com o Vem Colá. A banda, que nasceu há cinco anos no carnaval, vai acompanhar o guitarrista Armandinho Macêdo, o astro do Alvoroço.

“O Vem Colá reverencia a gênese do carnaval elétrico de rua, criado pelo Dodô, Osmar e Armandinho (filho, para quem não sabe, do mestre Osmar Macêdo)”, conta Miglio. A Cor do Som, grupo que Armandinho fundou com os irmãos Dadi e Mú Carvalho, e Gustavo Stroeter, também é outra referência.

Aos 70 anos, Armandinho é alegria pura. Mandou as músicas para a banda mineira, com quem nunca tocou, e vai conhecê-la somente neste fim de semana. “Tenho feito isto em alguns lugares. Acho bacana, pois estimula o espontâneo, não fica aquela coisa previsível”, diz ele. Tocar com músicos mais jovens é uma constante na trajetória do baiano. “Música independe de idade. Eu mesmo toco mestres das antigas. Tinha 16 anos quando toquei com Luperce de Miranda (1904-1977), um dos maiores bandolinistas do Brasil. A ligação vem sempre pela música”, diz Armandinho.

Ele participa de duas noites do festival. Além do domingo, na segunda comanda o palco aberto, uma jam session que vai acontecer no Clube de Jazz do Café com Letras. Pois, ainda que a trajetória de Armandinho esteja muito ligada ao trio elétrico e à banda A Cor do Som, ele tem uma carreira respeitadíssima na música instrumental.

Lançou, no mês passado, “Encontro das águas”, gravado com Yamandu Costa – o baiano no bandolim de 10 cordas e o gaúcho no violão de 7. ”Nossa história vem desde o Rio Grande do Sul. Com 11 anos, ele começa a escutar meu disco com Raphael Rabello (1962-1995). Aos 18, quando chegou a São Paulo, foi levado a um encontro comigo. Fiquei impressionado com ele, e lá pelos anos 1999, 2000, começamos a fazer música. Numa hora, ele descambou para um lado, eu para o outro. Somente agora, com ele morando em Lisboa, nos encontramos. Fiquei uma semana na casa dele, onde montou um estúdio, e gravamos.”

O disco reúne clássicos da música brasileira e algumas parcerias da dupla. Uma delas é “Bahia e Grêmio”, nomeada com os times do coração de cada um.

FESTIVAL ALVOROÇO
• Sábado (11/11), a partir das 13h, no Grande Hotel Ronaldo Fraga (Rua Ceará, 1.205, Funcionários).

•Ingressos: R$ 100 e R$ 50 (meia); domingo (12/11), das 18h às 22h, no Boteco Avenidinha (Avenida do Contorno, 3.379, Santa Efigênia).

• Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia). Segunda (13/11), a partir das 19h, no Clube de Jazz do Café com Letras (Rua Antônio de Albuquerque, 47, Funcionários).

•Ingressos: R$ 20 (preço único). Passaporte para os três dias: R$ 140 (preço único). À venda no site Sympla.

Programação
Sábado
• 13h - Ana Proença
• 13h55 - Luvibra
• 14h20 - John Mueller
• 15h15 - Jane Duboc
• 16h10 - Mais um Grupim
• 16h35 - Aldrin
• 17h30 - Carol Jongo
• 17h55 - Patrícia Ahmaral
• 19h - Sylvio Rosa
• 19h25 - Nathalia Bellar
• 20h20 - Ná Ozzetti
• 21h10 - Flaira Ferro

Domingo
• 19h - Lukas du Palko
• 20h – Falcatrua
• 21h - Armandinho e banda Vem Colá

Segunda
• 19h – Palco aberto comandado por Armandinho

 

 

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