José Fernandes Filho*

Olavo Romano, que brindou a vida com sua sonora gargalhada. Paulo Lott, que enfrentou a vida, quase anônimo, em modesta caminhada. Ambos íntegros, dignos, prontos para a hora, qualquer que fosse ela ou o seu sabor. Pacificados, ambos, símbolo e exemplo. Na Secretaria de Educação, no Sindicato dos Jornalistas, na Academia.

 

Partiram. Quase no mesmo dia. Resignados, realizados, concluídos.

 

Chamados, convocados, requisitados? Viajaram para o longe. Foram cedo, antes do tempo, ou na hora exata, tarefas cumpridas?

 

Quem, entre os humanos, conhece o depois?

 

Quem o sente, quente ou frio, de luzes ou sombras? Mistério ou transparência? Silêncios perpétuos ou suaves brisas?

 

O jornalista Paulo Lott morreu aos 90 anos, no último dia 12

Marcelo Sant'Anna/EM/D.A Press/25/4/02

 

Ela chegou, discreta, calada, sem aviso prévio. Poderosa, não carece de anúncios. Talvez lhes tenha apontado o indicador: Você, você.

 

 


 

Na Terra, unidos, um apoio ao outro, por mais de meio século.

 

No longe, haverá tempo? Juntos, separados? Não morreram: suas vidas, pesado fardo, interrogam e acicatam. Até quando suportaremos a inquiridora cobrança?

 

Dia virá – todos esperamos – em que só haverá cinza depois do fogo; claridade, no lugar de escuridão; paz, ao invés de guerra. Epifania. Ressurreição dos mortos.

 

* Ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais e membro da Academia Mineira de Letras

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