A turnê de reencontro dos Titãs, que teria originalmente 10 apresentações, acabou se 
ampliando para um total de 47 shows -  (crédito: marcos hermes/divulgação)

A turnê de reencontro dos Titãs, que teria originalmente 10 apresentações, acabou se ampliando para um total de 47 shows

crédito: marcos hermes/divulgação

Seriam apenas 10 shows, mas a recepção do público à turnê “Titãs encontro – Todos ao mesmo tempo agora”, iniciada em abril passado, foi tão efusiva que a agenda se estendeu ao longo deste 2023. As 10 apresentações iniciais tornaram-se 47, com direito a passagens por Estados Unidos e Portugal. “Essa resposta das pessoas tomou a gente de surpresa”, diz o vocalista e multi-instrumentista Paulo Miklos. “E, claro, ficamos muito satisfeitos. Muito felizes.”


Quando passou pela capital mineira, em 29 de abril, a turnê abriu sessão extra - todas lotadas. Nesta terça-feira (5/12), a banda volta a BH para apresentar, na Arena Hall, “Titãs encontro – Pra dizer adeus”, nome com o qual o grupo rebatizou a turnê.

No palco, estarão os integrantes originais (com exceção de Marcelo Fromer, morto em 2001). O repertório, contudo, é diferente. Inclui, claro, hits como “Sonífera ilha”, “Epitáfio”, “Pra dizer adeus” e “Cabeça dinossauro”. Mas também singles que não estavam na setlist, como “Domingo”, do disco homônimo lançado em 1985.

É a primeira e última reunião da banda com os membros originais, segundo Miklos. Isso não acontecia desde 1992, quando Arnaldo Antunes deixou o grupo, seguido por Nando Reis, em 2002; Charles Gavin, em 2010; e Miklos, em 2016.

CARREIRAS

O reencontro ocorre em momento distinto na vida de cada um. Todos já passaram dos 60 anos e seguiram caminhos diversos, que se distanciaram da estética punk, ácida, irônica e política proposta pela banda no início da década de 1980.

Nando Reis se tornou um hitmaker de baladas românticas. Arnaldo conciliou a carreira solo na música com a de poeta e artista visual, e ainda lançou o projeto Tribalistas, com Marisa Monte e Carlinhos Brown. Charles Gavin virou produtor musical e foi para a TV fechada apresentar um programa de música. E Miklos entrou de cabeça no ofício de ator, em paralelo com a vida de compositor, trabalhando em novelas e filmes.

“O Titãs tinha uma química muito especial, que voltou a acontecer de uma maneira instantânea”, afirma Miklos. “Durante as duas horas e meia de show, é como se a vida passasse na nossa frente. E uma coisa que está muito patente, muito visível, é a alegria que a gente tem no palco. A alegria de estar junto de novo e de estar assistindo a performance de cada um ali”, acrescenta.


É como se eles voltassem a ser os garotos de 40 anos atrás, o que, de certa forma, acontece, quando Arnaldo repete suas danças desconjuntadas, e Nando, Bellotto e Miklos fazem coreografia ensaiada, empunhando guitarras e baixo, com direito a chutes sincronizados no ar.

Tudo isso dependeu da disposição de cada um dos músicos, sobretudo dos que já tinham deixado a banda, contudo. Nando, por exemplo, teve que voltar a tocar baixo, instrumento que havia deixado de lado, e Miklos foi buscar seu saxofone, que também estava parado há pelo menos uma década.

“De repente, a gente teve que correr atrás para poder remontar a banda como ela era. Isso dependeu de um esforço muito grande de cada um”, conta o vocalista. “Mas, na hora em que a gente começou os ensaios, quando a gente começou a tocar, tudo voltou de imediato. A impressão que a gente tem é que isso vem da própria química que nós construímos ao longo do tempo.”

Se as brigas eram comuns no Titãs da década de 1980, elas já foram superadas. Arnaldo foi parceiro de composição de Miklos na faixa “Deixar de ser alguém”, do disco “A gente mora no agora” (2017), e Nando cedeu para o mesmo álbum de Miklos a música “Vou te encontrar”.

Arnaldo, aliás, fez participações especiais em shows de Nando no ano passado. “A gente tem essa coisa da democracia, do bom senso em relação às discussões para encontrar soluções. As decisões que tivemos de tomar, como o repertório, por exemplo, fluíram muito facilmente. Se tinha alguma insatisfação, procurávamos ter disposição para aparar alguma aresta”, conta Miklos.

A disposição de cada um dos músicos talvez se explique pelo fato de a reunião dos integrantes originais do Titãs ter uma data certa para acabar. “Acho que isso, inclusive, explica um pouco desse fenômeno de público. As pessoas que viram essa formação querem rever e quem não viu quer ver. Ter um ponto final é um negócio que realmente balança as pessoas”, conclui Miklos. 

“TITÃS ENCONTRO – PRA DIZER ADEUS”
Show do Titãs com formação original. Nesta terça-feira (5/12), às 21h, na Arena Hall (Av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi). Ingressos esgotados para pista, arquibancada e camarote. Disponíveis apenas Experiência Vip Soundcheck, que dá direito a entrada antecipada, acesso à passagem de som e área exclusiva em frente ao palco com open bar, por R$ 790 (inteira); e Experiência Vip Meet & Greet, que garante os mesmos benefícios da Experiência Vip Soundcheck mais encontro com a
banda, por R$ 1.530, no site Eventim.

NA PELE DE ADONIRAN

Depois de protagonizar o longa “O homem cordial”, de Iberê Carvalho, que entrou no circuito comercial em maio deste ano, Paulo Miklos vai interpretar Adoniran Barbosa no filme “Saudosa maloca”, dirigido por Pedro Serrano e com previsão de estreia para 2024.

Segundo Miklos, a produção foi gravada e lançada inicialmente como curta e reaproveitada pelo diretor. “O Pedro (Serrano) aproveitou o sucesso desse curta pra fazer o longa, que já está pronto e vai para os cinemas em fevereiro”, diz.

Ainda em 2024, Miklos vai lançar em disco o registro de apresentações em São Paulo do repertório de “A gente mora no agora” e “Do amor não vai sobrar ninguém” (2022).