"Mais um dia, Zona Norte" filmou o cotidiano da periferia brasileira

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“Mais um dia, Zona Norte”, de Allan Ribeiro, foi o vencedor do 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, encerrado na noite do último sábado (16/12) na capital federal. O filme carioca levou o Troféu Candango de melhor longa-metragem, concedido pelo júri oficial, e mais seis prêmios.


O mineiro “O dia que te conheci”, de André Novais, recebeu o Prêmio Zózimo Bulbul e os Candangos de melhor roteiro, para André Novais, melhor ator, para Renato Novais, e melhor atriz, para Grace Passô.

 

Cena do filme O dia que te conheci

Grace Passô e Renato Novaes ganharam os prêmios de melhor atriz e ator por "O dia que te conheci"

Filmes de Plástico/divulgação

 

Allan Ribeiro destaca em “Mais um dia, Zona Norte” momentos de transformação vividos por trabalhadores da periferia do Rio de Janeiro. “Faço 20 anos de Festival de Brasília. É o festival que mais acompanho”, afirmou o diretor. “O filme nasceu bonito e isso já era um prêmio. Então, ganhar o prêmio de melhor longa é realmente inacreditável”, comemorou.

 

 


O prêmio de melhor curta foi para o gaúcho “Pastrana”, dirigido por Gabriel Motta e Melissa Brogni, trazendo as memórias da skatista campeã Melissa, que estreia agora como diretora.

 


“Ele surgiu da promessa de fazer um vídeo do meu amigo e acabei lidando com a frustração do tempo. Conta a história de uma pessoa muito importante para mim e para o esporte, que me ensinou a filosofar sobre o tempo. Por isso quis eternizar esse legado”, explicou.

 


“Pastrana” é dedicado ao catarinense Alysson Nascimento, o “Pastrana”, que morreu aos 18 anos em acidente durante o Mundial de Skate Downhill, em 2018, no Rio de Janeiro. Numa curva do trajeto, o skatista se chocou com moto da organização do evento.

 


Na Mostra Nacional, “A transformação de Canuto” levou o Candango de direção (Ariel Kuaray e Ernesto de Carvalho). O brasiliense “Cartório das almas”, de Leo Bello, ganhou o prêmio de melhor longa concedido pelo júri popular.

 


A representatividade deu o tom à noite de premiação. O protagonismo feminino foi ressaltado nas principais categorias, com os Candangos de melhor edição de som (Olívia Hernandez, por “Cartório das almas”), melhor direção de arte (Maíra Carvalho, por “Cartório das almas”), melhor montagem (Renata Baldi e Sandra Kogut, por “No céu da pátria nesse instante”) e melhor fotografia (Camila Freitas, “A transformação de Canuto”).

 

Jhonnã Bao

Jhonnã Bao levou o prêmio de melhor roteiro de temática afirmativa com o curta "Erguida"

Facebook/reprodução

 

Corpos e "corpas"

 

A travesti Jhonnã Bao levou os prêmios de melhor roteiro de temática afirmativa e melhor atriz, pelo curta “Erguida”. “Parafraseando Viola Davis, aproveito para dizer que a diferença entre corpos dissidentes, 'corpas' travestis, 'corpas' trans e de outras 'corpas' é a oportunidade. Que a gente abrace a potência que a gente é”, afirmou Jhonnã.

 


O Troféu Saruê, concedido pelo jornal Correio Braziliense, ficou com o documentário “Rodas de gigante”, de Catarina Accioly, sobre o diretor de teatro e ator Hugo Rodas (1939-2022), que foi muito atuante no Distrito Federal.

 


“É um filme de amor, que valoriza a arte artesanal que é o teatro e todo o potencial que ele tem de convivências profundas e relações contundentes, mas muito verdadeiras. É um filme que fala de uma despedida altiva e cheia de coragem e da celebração do que foi a vida”, afirmou Catarina Accioly. (Com redação)