Com nove integrantes, Bixiga 70 voltou a se reunir após a pandemia e agora com novos integrantes -  (crédito: JOSÉ DE HOLANDA/DIVULGAÇÃO)

Com nove integrantes, Bixiga 70 voltou a se reunir após a pandemia e agora com novos integrantes

crédito: JOSÉ DE HOLANDA/DIVULGAÇÃO

Uma banda com nove integrantes por si só é uma aglomeração. O estar junto é essencial para a criação do Bixiga 70, combo instrumental paulistano criado em 2010 a partir do estúdio Traquitana – cujo endereço é Rua 13 de Maio, 70, Bixiga, o que explica a origem do nome do grupo. Isto tudo é para explicar como a banda sofreu com a pandemia.

Eram muitos integrantes, não havia mais encontros, e os shows sempre foram o ganha pão dos músicos. Mas nada os arrefeceu. Hoje, com um novo álbum (o quinto) na praça, o recém-lançado "Vapor", eles não são os mesmos. A começar pela própria formação, que desde 2022 conta com três novos integrantes: o tecladista Pedro Regada e as percussionistas Valentina Facury e Amanda Teles.

"A gente estava vivendo um esgotamento. Eram 10 anos juntos, muita viagem, muito show. Quando veio a pandemia, rolou uma arrumação. Foi quase que uma seleção natural, entre aspas. Sempre criamos tudo junto, em estúdio, ao vivo, então o presencial é essencial. Conforme as atividades começaram a ser retomadas, voltamos a nos encontrar, a chamar os amigos. E estes trouxeram outras pessoas", comenta Cuca Ferreira, sax barítono.

QUATRO SOPROS

Um dos pontos fortes do grupo sempre foi a seção de quatro sopros (Daniel Verano no trompete, Douglas Antunes no trombone, Daniel Nogueira no sax tenor, além de Ferreira). Mas quem arregimentou o combo, vale dizer, foi o guitarrista Cristiano Scabello, dono do estúdio que virou o QG e a razão de ser da banda. O Bixiga se completa com o baixista Marcelo Dworecki.

A faixa de abertura, "Malungu", é uma parceria com a baterista e percussionista Simone Sou. Foi ela quem levou o tema para o grupo. A dica do que está por vir está no próprio título: na língua africana kikongo, malungu significa companheiro, igual. A música é bastante melódica e mais lenta do que o usual. Mas a mistura de afrobeat que marca a história do Bixiga 70 continua presente.

"Acho que o disco está mais misturado, pois tem muitos elementos. Há coisas novas de ritmos brasileiros que não tínhamos antes, como um Nordeste contemporâneo. Acho que os novos integrantes trouxeram, cada um, sua própria história musical. Isto deu uma expandida no nosso caldeirão", diz Ferreira.

BH NA ROTA

Além de Simone, o álbum contou com a participação do percussionista Rômulo Nardes, ex-integrante do Bixiga, Mayara Almeida (saxofone e flauta), Marcelle Barreto (teclado) e Vitor Cabral (bateria).

Depois de dois, quase três anos sem fazer nada – "a gente não sabe existir digitalmente, é bom no ao vivo mesmo" –, o Bixiga voltou a se reunir em abril de 2022. "Começamos com um show e outro, e fomos experimentando tocar com várias pessoas. Foi com aquelas que firmamos que começamos o processo de criação, de todo o dia encontrar em estúdio."

Mesmo com os novos integrantes, a maneira de criar permaneceu a mesma. "Alguém chega com uma ideia de melodia ou ritmo, e a partir delas vamos criando, deixando gravado. Aos poucos, peneirando tudo, formamos as músicas."

O disco saiu, mas show mesmo só no início de 2024. Pelo menos no Brasil. Belo Horizonte está na roda, talvez em março, diz Ferreira. Mas o Bixiga já levou "Vapor" para outras praças. Entre outubro e novembro, o grupo fez uma maratona internacional na Europa – foram 23 shows em 10 países. Depois de tanto tempo em casa, já era hora de botar a cabeça para fora. 

“VAPOR”
. Bixiga 70
. 7 faixas
. MCD Records
. Disponível nas plataformas digitais