Em 26 de março, o Skank subiu ao palco pela última vez e fez uma apresentação memorável para as 50 mil pessoas que lotaram o Mineirão naquele domingo. Em três horas de show, a banda repassou sua história. No bis, chamou Milton Nascimento para cantar “Resposta”.
Por mais que a banda tenha investido na despedida, o Skank não acabou. Pelo menos é o que garante Henrique Portugal, compositor e ex-tecladista do grupo. Ele foi o convidado da edição do último sábado (23/12) do “EM Minas” (TV Alterosa) .
O bate-papo com o apresentador Benny Cohen abordou também o projeto Solar Big Band, a vida de proprietário rural e seu trabalho na Associação Brasileira de Música e Artes. Confira a seguir os principais trechos.
Sobre o Skank, o que eu queria te perguntar é: sua vida está mais tranquila, está mais corrida ou está louca do mesmo jeito?
Obviamente, mudou bastante por vários motivos. Eu acho que a agenda de uma banda como o Skank sempre tomou muito o nosso tempo. A gente gostaria de fazer várias coisas, mas não tínhamos tempo. Eu estou querendo, então, meio que equilibrar isso.
Do que você sente mais falta dos tempos do Skank e o que te dá mais alívio com essa mudança?
O Skank nos deu muitas oportunidades, possibilidades. Acho que ninguém no Skank sonhou onde a gente poderia chegar e onde a gente chegou. Começamos na cena independente em Belo Horizonte. E a gente ultrapassou qualquer limite que pudéssemos imaginar. Agora, uma parte da vida de artista que é complicada é que você está sempre sozinho. É uma vida muito solitária. Você espera muito. Você espera para pegar o avião, espera no quarto de hotel, espera no camarim antes do show.
O Skank tem centenas de fãs clubes espalhados por aí. Esses grupos foram se desfazendo ou estão ativos? Vocês têm contato com esses fãs clubes? Como é essa relação?
Tem gente no Rio de Janeiro, Fortaleza, Belém e na Polônia. A gente tem uma base de fãs legal. Então, a gente mantém o contato. Porque, na verdade, o Skank não acabou. O Skank parou de fazer show. A banda continua existindo. A empresa existe, as músicas estão aí em todas as plataformas de streaming.
Conta para a gente sobre o Solar Big Band.
Na verdade, eu quero me divertir. O próprio nome "Solar" remete a essa alegria. É um show para eu me divertir, para o público se divertir, com canções conhecidas e chamando amigos, como Toni Garrido, Leo Jaime, Bruno Gouveia, do Biquini, Leoni e Marco Túlio Lara, do Jota Quest.
Tem um lado desse cara que muita gente não conhece. Eu mesmo fiquei sabendo recentemente. O Henrique é proprietário rural, fazendeiro, latifundiário. Que história é essa?
Eu sou investidor de uma fábrica de um defensivo agrícola orgânico baseado numa árvore indiana chamada neem. É muito interessante para o controle de pragas, vermifugar gado e, no caso das árvores, reflorestamento.
O Henrique, além de músico, fazendeiro e compositor, agora virou dirigente sindical? O que é a Abramus, a Associação Brasileira de Música e Artes?
A Abramus é uma entidade que existe há muito tempo. Fui convidado para ser o representante dela em Minas Gerais. Ela tem outros braços que contemplam o audiovisual, o teatro e tem uma parte de editorial digital. São coisas muito técnicas, mas, no final, servem para mostrar que, para você viver de arte no Brasil, é necessário entender como ser remunerado dentro de sua arte, não só atuando ao vivo.
O trabalho da Abramus tem dado certo?
Sempre deu certo porque, por mais que as pessoas falem mal, a Lei de Direitos Autorais no Brasil é muito bem estruturada. Ela funciona. Eu diria que, na América Latina, é o país que mais funciona. O pessoal critica o Ecad, mas ele funciona, é uma entidade organizada, com muita tecnologia.
Para a gente terminar, quem quiser se filiar à Abramus tem que fazer o quê?
Tem que procurar a Abramus na internet (abramus.org.br). Lá tem todas as filiais do Brasil e toda a explicação sobre o que é a identidade da música, o que é a identidade da obra. Todas as características que são importantes para que uma pessoa entenda como ela pode gerar receita, ganhar dinheiro e viver de arte, como eu sempre vivi.