A lista das músicas e dos artistas mais ouvidos no Spotify em 2023 não deixa dúvidas: o sertanejo segue hegemônico nos corações e mentes do povo brasileiro. Pela primeira vez ocupando o posto de artista mais ouvida do ano, a “boiadeira” Ana Castela também emplacou a música que mais rodou na plataforma, “Nosso quadro”. A quarta canção mais ouvida, “Bombonzinho”, também traz a cantora em parceria com a dupla Israel & Rodolffo.
Ana Castela é seguida por Henrique & Juliano, MC Ryan SP, Marília Mendonça e Jorge & Mateus no top 5 dos artistas que mais bombaram no Spotify. “Leão”, com Marília Mendonça, “Erro gostoso”, com Simone Mendes, e “Seu brilho sumiu”, com Israel & Rodolffo e Mari Fernandez, ocupam, respectivamente, o 2º, o 3º e o 5º lugares entre as mais ouvidas.
Os álbuns mais escutados foram “Escolhas, vol. 2”, de Zé Neto & Cristiano, “Let's bora, vol. 2”, de Israel & Rodolffo, “Dos prédios deluxe”, de Veigh, “Manifesto musical”, de Henrique & Juliano, e “Dos prédios”, de Veigh. Na tsunami sertaneja que não cessa, o rapper paulista foi a nota dissonante.
Vale observar que o gênero trap segue em expansão. A vertente do rap virou febre entre o público jovem, que ajudou a impulsionar as canções desse segmento nas redes sociais e garantir presença expressiva de artistas do gênero nas playlists mais executadas. Os cinco artistas brasileiros mais escutados no Spotify no exterior foram Alok, Anitta, Crazy Mano, MC GW e MC Menor do Alvorada.
Festivais em Belo Horizonte
Para o público de Belo Horizonte, o ano foi pródigo em festivais, que abarcaram um leque amplo e variado de artistas e gêneros. ‘Filho’ do Planeta Brasil, o SummerTime Festival abriu o calendário de grandes eventos em 22 de janeiro, no Mineirão, onde o havaiano Jack Johnson, na condição de única atração internacional, encabeçou uma escalação que incluiu nomes como Racionais MCs, Djonga, Baco Exu do Blues e Marina Sena.
Djonga também marcou presença na primeira edição do Rap Game, realizado em março, na Esplanada do Mineirão. Voltado a artistas representantes do rap, do trap e do funk, o festival contou com nomes como L7nnon, Orochi, Poze do Rodo, Veigh, Trasha & Tracie, Clara Lima e Hyperanhas. A cena local também teve um palco dedicado exclusivamente a artistas mineiros que estão despontando, como OG Capitu, Mac Richa, Weeze Cooker e Sadoff, entre outros.
Menos de um mês depois, na segunda quinzena de abril, foi a vez do Breve Festival, que também teve uma atração internacional – a cantora Joss Stone – dividindo a cena com Ludmilla, Alceu Valença, Alcione, Liniker e Luedji Luna, entre outros. Em junho, o Sensacional, em sua 10ª edição, levou 25 mil pessoas ao Parque Ecológico da Pampulha para assistir a nomes como Gilberto Gil, Céu, Hermeto Pascoal, Marina Sena, Glória Groove e Fundo de Quintal com Leci Brandão, entre outros.
Aposta no ecletismo
Também em sua 10ª edição e apostando no ecletismo, o Sarará teve shows de Marisa Monte e Arnaldo Antunes, Jorge Aragão, Johnny Hooker e Timbalada, entre outros, na Esplanada do Mineirão, em agosto. Com foco no samba e um leve aceno para o rap, o Festival Caramelo, que debutou este ano, em setembro, promoveu shows de Péricles, Moacyr Luz e Samba do Trabalhador, Marcelo D2, Jorge Aragão e KL Jay, dos Racionais MCs, entre outros, na Serraria Souza Pinto.
A pletora de grupos e artistas reunidos em grandes eventos naturalmente não se limitou a Belo Horizonte ou a Minas Gerais. Só a cidade de São Paulo recebeu três megafestivais: o Lollapalooza, com destaque para os shows de Rosalía e Billie Eilish; o The Town, com Bruno Mars entre as atrações; e o Primavera Sound, com The Cure.
Tais eventos dividiram os holofotes com aquele que talvez tenha sido o mais badalado - e conturbado - show do ano no Brasil: o da diva pop Taylor Swift. A bordo de sua "The eras tour", ela veio ao país para uma série de três apresentações no Rio de Janeiro (em 17, 18 e 19 de novembro) e outras três em São Paulo (nos dias 24, 25 e 26). A passagem da cantora acabou marcada por uma tragédia.
Calor extremo
Logo no primeiro show, a estudante Ana Clara Benevides, de 23 anos, passou mal durante a apresentação no estádio Nilton Santos, o Engenhão, e morreu, vítima de uma parada cardiorrespiratória, após ser encaminhada ao hospital. Os shows de Taylor Swift no Rio de Janeiro ocorreram em meio a uma onda de calor extremo que atingiu boa parte do território brasileiro.
A capital fluminense registrou máxima de 39,1° naquele 17 de novembro e bateu recorde de sensação térmica, com 59,3°. A tragédia levou o governo federal a determinar que a produtora do evento, a Time for Fun (T4F), garantisse o acesso à água em todas as apresentações da cantora no Brasil e a editar uma portaria permitindo a entrada de garrafas de água em todos os shows a partir daquele momento.
Duas horas antes da apresentação de sábado (18/11) começar, Taylor anunciou o adiamento para segunda-feira (20/11). O show de domingo (19/11) foi realizado normalmente. Outro fã que estava no Rio para assistir a um show da cantora, Gabriel Mongenot Santana Milhomem Santos, de 25 anos, foi morto em um assalto na praia de Copacabana, na madrugada de domingo. Em São Paulo, os shows da cantora tiveram desorganização na entrada e longas filas que davam a volta no Allianz Parque.