Padroeira da Liberdade, como se autointitulava, a cantora e compositora Rita Lee morreu em 8 de maio, aos 75 anos, vítima de câncer de pulmão -  (crédito: Patricia Cecatti/divulgação)

Padroeira da Liberdade, como se autointitulava, a cantora e compositora Rita Lee morreu em 8 de maio, aos 75 anos, vítima de câncer de pulmão

crédito: Patricia Cecatti/divulgação

Não foram poucas as perdas que o cenário cultural brasileiro teve ao longo deste ano. O país se despediu de nomes que fizeram história na música, no teatro, na teledramaturgia e em outras áreas de expressão artística. As mortes de Rita Lee, Zé Celso Martinez Corrêa e João Donato estiveram entre as que mais repercutiram, pela importância das contribuições que deram para a cultura brasileira e pelo alcance e visibilidade que seus trabalhos tiveram. 

A Rainha do Rock, que preferia ser chamada de Padroeira da Liberdade, partiu em 8 de maio, aos 75 anos, vítima de um câncer de pulmão, contra o qual lutava desde 2021. Rita Lee ingressou na música a bordo das Teenage Singers, integrou o referencial grupo Os Mutantes e construiu, posteriormente, longa e vitoriosa carreira solo, tendo emplacado sucessos do cancioneiro nacional, como “Ovelha negra”, “Mania de você”, “Lança perfume” e “Doce vampiro”. 

 

Outro nome fundamental para a história da música brasileira, João Donato saiu de cena em 17 de julho, aos 88 anos, em decorrência de uma série de problemas de saúde que o mantiveram internado em seu último mês de vida. Ele esteve na gênese da Bossa Nova, mas, ao longo de seus 74 anos de carreira, sempre se mostrou mais interessado na mistura de gêneros. Instrumentista virtuoso, deixou composições como “A paz”, com Gilberto Gil, e “A rã”, com Caetano Veloso.


PILAR DO TEATRO

 

O ator, dramaturgo e diretor Zé Celso Martinez Corrêa morreu, de forma trágica, em 6 de julho, aos 86 anos, em São Paulo. Um dos principais nomes do teatro brasileiro, ele teve falência múltipla dos órgãos depois de ter 60% do corpo queimado em um incêndio acidental em sua casa. Zé Celso é um pilar fundamental das artes cênicas no país. Fundador do Teatro Oficina, ele encenou peças históricas, como “O rei da vela”, “Roda viva” e “Selva das cidades”. 

Outra morte que teve grande repercussão foi a da jornalista Glória Maria, em 2 de fevereiro, aos 73 anos, também vítima de um câncer. Ícone da televisão, a apresentadora deixou sua marca em reportagens históricas para a Globo, além de ter sido uma das primeiras mulheres negras a conquistar visibilidade na TV. 

Logo no início do ano, no dia 4 de janeiro, morreu a cantora e compositora de forró Rita de Cássia, aos 49 anos, após ser internada para tratar de fibrose pulmonar. No dia 13, foi a vez do cantor e compositor Carlos Colla partir, aos 78 anos, vítima de parada cardiorrespiratória.


VOZES SE CALAM

 

Dois representantes da geração roqueira dos anos 1990 deixaram os fãs órfãos: Canisso, baixista dos Raimundos, e Reges Bolo, vocalista da banda O Surto, morreram, respectivamente, em 13 de março e em 24 de abril – o primeiro, aos 57 anos, e o segundo, aos 52. Quem também saiu de cena em março, no dia 25, foi o cantor, compositor e humorista Juca Chaves, aos 84 anos. 

O rock brasileiro perdeu também o tecladista Luiz Schiavon, um dos fundadores da banda RPM, em 15 de junho, aos 64 anos. Ele era portador de doença autoimune. Em 5 de julho, foi a vez de Astrud Gilberto, aos 83 anos, vítima de ataque cardíaco. Ícone da Bossa Nova, a cantora foi casada com João Gilberto entre 1959 e 1964, e morava nos Estados Unidos. 

Outras duas cantoras que orbitaram a Bossa Nova também morreram em julho, ambas no dia 24: Dóris Monteiro, aos 88 anos, de causas naturais; e Leny Andrade, aos 80, de broncopatia inflamatória. O ano foi funesto para o gênero que, entre as décadas de 1950 e 1960, colocou o Brasil no mapa mundial da música. Um de seus maiores representantes, Carlos Lyra morreu no último dia 16, aos 90 anos. Outra perda importante para o cenário musical brasileiro foi MC Marcinho, em 26 de agosto, aos 45 anos, vítima de doença cardíaca.


VETERANAS DA TV

 

Agosto levou duas atrizes que fizeram parte da história da televisão brasileira. Pioneira da teledramaturgia, Aracy Balabanian morreu no dia 7, aos 83 anos, após perder a batalha contra um câncer de pulmão. Léa Garcia morreu no dia 15, aos 90 anos, vítima de infarto, em Gramado, onde receberia homenagem no Festival de Cinema da cidade. Na TV, fez novelas como “Escrava isaura” (1976) e “Anjo mau” (1997). 

Outros veteranos da telinha para os quais as luzes se apagaram em 2023 foram Antônio Pedro, aos 82 anos, em março; Neusa Maria Faro, aos 78, em julho; Paulo Hesse, aos 81, Lolita Rodrigues, aos 94, e Elizangela, aos 68, os três em novembro. Os folhetins televisivos perderam a autora Maria Carmem Barbosa, aos 77 anos, em 22 de setembro, e o diretor Luiz Antônio Piá, dia 12 do mesmo mês, aos 81. Seus últimos trabalhos foram “Carrossel” (2012), “Chiquititas” (2013) e “Cúmplices de um resgate” (2015), no SBT/Alterosa. 

Outra morte sentida foi a da apresentadora e cozinheira Palmirinha, aos 91 anos, em 7 de maio. Ela ganhou dos fãs o apelido de Vovó do Brasil. O cartunista Paulo Caruso foi outro que deixou saudades. Ele morreu em 4 de março, aos 73 anos, vítima de um câncer. O mesmo mal levou o escritor mineiro Olavo Romano, aos 85, em 16 de novembro. Ele publicou seus textos no Estado de Minas nos anos 1970 e 1980 e debutou na literatura com “Casos de Minas”, em 1982. Romano era presidente emérito da Academia Mineira de Letras.