Mário Pedrosa (1900-1981) foi uma das inteligências mais brilhantes da esquerda brasileira -  (crédito: Reina Sofia/reprodução)

Mário Pedrosa (1900-1981) foi uma das inteligências mais brilhantes da esquerda brasileira

crédito: Reina Sofia/reprodução

Mário Pedrosa, nascido no alvorecer do século 20, foi um multifacetado intelectual brasileiro. Atuante nas mais diversas áreas do conhecimento, crítico de arte, jornalista e ativista político, o legado dele ecoa até hoje, 42 anos depois de sua morte. 

A coletânea “Revolução sensível” (Sesc SP/Fundação Perseu Abramo), organizada por Everaldo de Oliveira Andrade, Francisco Alambert e Marcelo Mari, professores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Brasília (UnB), reúne ensaios, depoimentos e imagens a respeito das várias dimensões de Pedrosa. 

A trajetória do intelectual é abordada por pesquisadores, artistas e familiares em 23 ensaios e sete depoimentos, além de textos introdutórios de Maria Amélia Bulhões e dos organizadores. A seção dedicada às artes visuais traz imagens de duas exposições que o homenagearam. 

Pandemia

O 120º aniversário de nascimento de Mário Pedrosa ocorreu em 2020. “Era ano de pandemia, as pessoas estavam presas em casa e o país vivia um momento em que a cultura, de certa forma, estava sendo atacada pelas instituições, sem nenhum tipo de incentivo. Achei importante organizar uma homenagem a Pedrosa pelos 120 anos do nascimento dele”, diz Marcelo Mari.

O projeto editorial é fruto do seminário realizado em 2020 sobre o legado do intelectual. “O livro se divide em cinco partes, que são justamente os temas abordados no seminário. Pensamos em cinco eixos para mostrar o quão multifacetado foi o trabalho de Pedrosa”, explica Mari.

Com destacada atuação política, Mario Pedrosa foi um fervoroso defensor da democracia e da classe trabalhadora. Vanguardista, desempenhou papel fundamental no desenvolvimento da crítica de arte no Brasil. Acreditava no poder transformador da arte e da consciência política, defendia a revolução social.

“Pedrosa não era só um crítico de arte, como alguns falam, mas um pensador do Brasil, né? Não só da vida cultural, mas política e econômica”, diz Everaldo de Oliveira Andrade, um dos organizadores da edição.

Nas 468 páginas, surgem destaques da arte e da política do século 20 – de Trotsky e Rosa Luxemburgo a Salvador Allende e Luiz Inácio Lula da Silva; de André Breton e Portinari a Helio Oiticica e Lygia Clark. 

“Pedrosa pensou o Brasil como um país com soberania e independência. Um país que não fosse subordinado econômica, politicamente e culturalmente. Então, ele se chocou com aquele tipo de visão do Brasil subordinado, colonizado”, lembra o organizador.

“Essa contribuição importante merece ser resgatada. Sua obra ainda não está toda organizada, muita coisa que Pedrosa escreveu merece um lugar à altura do que ele foi para o nosso país. Espero que o livro ajude a resgatar este e tantos outros pensadores do Brasil de quem a gente se esquece”, conclui Everaldo Andrade.  

“MÁRIO PEDROSA: REVOLUÇÃO SENSÍVEL”


Org: Everaldo de Oliveira Andrade, Francisco Alambert e Marcelo Mari
Sesc São Paulo e Fundação Perseu Abramo
468 páginas
Preço sugerido: R$ 85