“O que fica de nós mesmos”, espetáculo que marca a formatura dos alunos da turma de manhã da Escola de Teatro do Centro de Formação Artística e Tecnológica – Cefart, da Fundação Clóvis Salgado, estreia nesta quinta (7/12), no Teatro João Ceschiatti. As apresentações ocorrem de hoje a domingo (10/12) e de 14 a 17 de dezembro, sempre às 19h. A peça tem direção de Eduardo Moreira e Leonardo Rocha, do Grupo Maria Cutia.

O texto original e premiado dos mexicanos Alejandro Ricaño e Sara Pinet, inclusive, foi traduzido para o português por Eduardo Moreira, fundador e diretor artístico do Grupo Galpão.

Moreira teve o primeiro contato com o texto em uma viagem ao México, em 2018. Não chegou a assistir a uma encenação, mas comprou o roteiro em uma livraria e se encantou pela obra.



“Achei muito bonita e muito emocionante a maneira como os dois autores escreveram. Desde então, tive vontade de fazer essa montagem. O convite do Cefart foi uma oportunidade de colocar isso em prática”, conta.

Atarefado com as temporadas de “Cabaré coragem” do Galpão, atualmente em cartaz no Rio de Janeiro, Moreira decidiu chamar o velho amigo de profissão, Leonardo Rocha, para dividir a direção. Fundador do grupo Maria Cutia, Leonardo se diz feliz com o encontro.

“Foi um processo muito gostoso e leve. A peça foi feita conjuntamente com muito diálogo”, detalha Rocha. Na trama, a jovem Nata acaba de perder os pais. Sem saber como lidar com o processo de luto, ela decide se isolar, rompendo o vínculo com todos ao seu redor, até mesmo com o seu cachorro Totó.

A partir da relação dela com o animal de estimação, é narrada a passagem da menina para a fase adulta e todo o processo de amadurecimento que esse momento da vida traz.

“É uma peça muito interessante com uma história muito humana e universal sobre o rito de passagem dela para a fase adulta”, resume Moreira.

No elenco estão Glauco Gomes, Márcio Murari, Maria Carolina Vieira e Sangô. Com ensaios desde o começo de agosto, os atores formam duplas que se revezam nos papéis de Nata e Totó.

“Eles dividem o texto e dialogam entre eles. A dinâmica é uma convenção teatral que logo o público se acostuma com ela. Acho que ela funciona muito bem”, explica Eduardo Moreira.

Leonardo Rocha completa: “Com os dois fazendo a mesma personagem, conseguimos trazer uma profundidade. É como se fosse a pessoa conversando com ela mesma até tirar suas próprias conclusões. A ideia é essa. Funciona como se ela tivesse um alter ego ali conversando com ela sobre a vida”.

Trilha ao vivo

Além das reflexões sobre amadurecimento, o espetáculo traz trilha sonora executada ao vivo com quase todas as músicas autorais, criadas pelos diretores musicais Hugo da Silva e Fernando Muzzi. A exceção é “Por que te vas”, de Jose Luis Perales, que fez sucesso com arranjos do Pato Fu.

Leonardo Rocha ressalta que, apesar de a dramaturgia abordar temas densos como o luto e a morte, o espetáculo não é um drama. “A gente tentou pegar um pouco mais pela poesia e pelo lirismo em vez de optar pelo drama carregado. A história já carrega consigo esse peso. Nosso objetivo foi deixar um pouco menos denso, menos pesado. Assim podemos chegar ao público com outra perspectiva”, diz.

O público vai assistir a uma “dramaturgia de primeira qualidade”, garante Eduardo Moreira. “É um texto muito bem construído e com uma história emocionante, muito humana. O teatro está precisando voltar para esse lugar de as pessoas se colocarem no lugar do outro, e esse texto prima muito por isso.”

 

“O QUE FICA DE NÓS MESMOS”
Espetáculo de formatura da turma da manhã da Escola de Teatro do Cefart. Direção de Eduardo Moreira e Leonardo Rocha. A partir de hoje (7/12), com apresentações até 17/12, de quinta a domingo, às 19h, no Teatro João Ceschiatti – Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537 – Centro). Entrada gratuita, com retirada de ingressos na bilheteria, uma hora antes do espetáculo.

* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro

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