Até dois meses atrás, 2023 passaria em brancas nuvens para a OVO – Orquestra de Formação e Transformação, criada em 2019 por Werner Silveira, percussionista da Filarmônica de MG. Sem patrocínio, direto ou incentivado, ele não conseguiria realizar concerto com o grupo de musicistas, a maioria estudante de baixa renda da Universidade Federal Minas Gerais (UFMG) e Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg).
Em meados de outubro, mensagem no grupo de whatsapp da OVO, que reúne cerca de 130 pessoas, mudou tudo. A ideia veio de um dos alunos. Dá para fazer, com repertório menor e menos instrumentistas. E quem melhor do que Mozart, nome essencial para o desenvolvimento de um músico? O final desta história será na noite desta quarta-feira (13/12), na Sala Minas Gerais, em BH.
Com 33 musicistas, a Orquestra OVO, regida por Silveira, apresenta o concerto “Mozart: a música que criou o ícone”. Serão executadas a “Sinfonia nº 1 em mi bemol maior”, uma ária da ópera “O rapto do serralho” (com o tenor Lucas Damasceno) e a “Sinfonia nº 40 em sol menor”.
“O repertório acompanha a história de vida de Mozart, da infância à morte precoce, aos 35 anos. A primeira sinfonia, pouco tocada, foi escrita quando ele tinha apenas 8 anos. A música é linda. Na sequência, há um momento importante, quando ele sai de Salzburgo (sua cidade de nascimento, em 1756) e vai para Viena (local de sua morte, em 1791). Foi na cara e na coragem, tentando fazer a vida lá. E a ária escolhida é a da primeira ópera que ele escreve quando chega a Viena”, explica Werner Silveira.
Encerrando a noite, a “Sinfonia nº 40”. “É uma de suas últimas obras, momento de maturidade, que olha a transformação da época, já que a música está caminhando para o Romantismo”, completa. “Tenho paixão por repertório para formação tanto do músico quanto do público, que encanta não só pela música, mas também pela história por trás dela.”
Maestro "passou o chapéu"
Para realizar o concerto de hoje, Silveira contou com vários apoios, tanto de empresas quanto de pessoas físicas. “Corri atrás de sala e de patrocínio. Passando o chapéu, nós conseguimos quase R$ 50 mil de aporte direto.”
Outra dor de cabeça: encontrar lugar para ensaiar. Silveira procurou 12 espaços de Belo Horizonte – conseguiu quatro, onde foram realizados seis ensaios.
Os músicos queriam tanto se apresentar que não fizeram questão de cachê. “Tocariam pela bilheteria. Mas não acho isso justo”, continua Silveira. Já no primeiro ensaio, a boa notícia: haveria cachê para todos. E a casa, nesta noite, estará cheia.
Criada por Silveira há quatro anos – por iniciativa pessoal do músico, que integra o naipe de percussão da Filarmônica desde a fundação da orquestra –, OVO é formada por estudantes que têm boa formação em seu instrumento, mas pouca experiência em orquestras.
O grupo conta com profissionais, alguns deles colegas de Silveira na Filarmônica, que acompanham os ensaios e as apresentações. Todos os concertos são didáticos e buscam aproximar a plateia das obras apresentadas.
ORQUESTRA OVO
Concerto nesta quarta (13/12), às 20h, na Sala Minas Gerais (Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto). Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). À venda na bilheteria e pelo link https://ovo.byinti.com