"Explosivos", da Netflix, que figura em 88 países no top 10 das séries em inglês mais assistidas da plataforma, segue a máxima de quanto pior, melhor. A comédia de ação é cria de Jon Hurwitz, que fez com que "Cobra Kai", a continuação da saga "Karatê Kid", se tornasse um hit global. Só que esta não tem nada do clima família da anterior, muito antes pelo contrário.
Com oito episódios, a série faz uma miscelânea de elementos de muito sucesso made in USA. A influência mais imediata é a trilogia "Se beber, não case", que lançou Bradley Cooper para o estrelato. Mas tem também muito "Rambo", "Mercenários", referências de filmes "brucutu". Se a gente for mais longe, ainda vai encontrar muita bobagem vinda de sucessos juvenis oitentistas, como a franquia "Porky's".
A história começa numa famigerada festa da piscina em um hotel de Las Vegas. É roupa de menos e músculo demais, com música eletrônica e o clima de ‘o mundo pode acabar amanhã que a gente não liga’. É nesse cenário que conhecemos um grupo de soldados americanos de elite, agentes da CIA, os melhores entre os melhores.
VILÃO RUSSO
Eles devem impedir que um traficante de armas russo (quem mais poderia ser o vilão nestes tempos?) forneça uma arma nuclear a um terrorista que quer mudar a configuração mundial – tudo deve começar com a destruição de Las Vegas. A operação ocorre como planejado, entre sungas e biquínis. Aí ficamos sabendo que essa equipe está lidando com o caso há seis meses.
Para comemorar a tarefa cumprida, eles entram no clima de Vegas. Hedonismo pouco é bobagem na noitada regada a prostitutas, drogas, sexo e até mesmo um camelo. Até que a chefe da missão, a agente durona e sarada Ava Winters (Shelley Hennig), recebe um telefonema do Pentágono. A bomba era falsa e eles têm poucas horas para encontrar a verdadeira, ou tudo irá pelos ares.
Só que todos estão drogados, bêbados, alucinados, a começar pela própria Ava, mais arrependida do que nunca de seu deslize com o chefe dos Navy Seal, Chad McKnight (Nick Zano). Loiro, bonito, mulherengo, chauvinista, o típico macho alfa, ele, apesar de tudo, tem bom coração.
Personagens gays
É alvo de desejo da nerd do grupo, a agente da NSA Maya Lerner(Kimi Rutledge), e melhor amigo da atiradora de elite Angela Gomez (Paola Lázaro) e do fortão cheio de boas intenções Seal Trunk (Terrence Terrell). Os dois são gays – ela, super bem resolvida, e ele ainda no armário, pelo menos para o chefe com tendências homofóbicas. E tem ainda um ás da aviação super careta que usa LSD e entra numa viagem sem fim com um gremlin e um gênio em desarmar bombas que é viciado em sexo e drogas sintéticas.
O cenário está armado para uma sequência absurda de perseguições a homens maus, noitadas de sexo (a nudez frontal masculina é explorada em toda a sua plenitude) e muitas piadas. Boa parte delas foge da cartilha do politicamente correto – "Como não gosto de gays? Adoro Queen e Top Gun!", questiona McKnight, em certo momento.
O ritmo é alucinante, quase exaustivo, como todos os estereótipos de Vegas – jogatinas, sósias de Elvis, boate de striptease, casamento em capelas que parecem de mentira. Dá para rir (com alguma culpa), mesmo diante de tanto anacronismo.
“EXPLOSIVOS”
• A série, com oito episódios, está disponível na Netflix