Imagine ir à balada, dançar, beber e curtir. Entre um e outro drinque, conhece um homem simpático, interessante e bonito. Um projeto de príncipe, que, no fim da noite, vai para a sua casa. Agora, imagine acordar três dias depois sem saber onde está e sem nenhum de seus pertences materiais.
É assim que o personagem de Amauri Reis encara o processo de autorreflexão no monólogo “Boa noite Cinderela”, em cartaz no Teatro Marília nesta sexta-feira (12/1) e sábado (13/1), às 20h, e domingo (14/1), às 19h.
A comédia escrita por Carlos Nunes e dirigida pela atriz Inês Peixoto estreou em 2016. Faz parte da programação da Campanha de Popularização do Teatro e Dança de Belo Horizonte, que tem o objetivo de resgatar peças que ficaram em cartaz por curtos períodos de tempo.
“A peça surgiu do desejo do Amauri de abordar esse tema. Daí, o Carlos escreveu um texto especialmente para ele. Através do 'boa noite Cinderela', aquela droga colocada nos copos das pessoas, a situação se desenrola”, afirma Inês Peixoto.
Rir é o remédio
Amauri afirma que queria fazer uma comédia, mas também falar de amor, preconceito e homofobia. “O personagem é um homossexual de 50 anos, que ama balé clássico, trabalha no banco e está totalmente dentro do armário”, explica.
No espetáculo, o bancário transita entre altos e baixos e se vê diante de seu momento de maior fragilidade. Envergonhado e sem jeito de contar às pessoas o que aconteceu, as paredes de seu apartamento impõem limite à sua verdadeira personalidade e são o ambiente de toda a crise.
“Quando ele acorda vestido de bailarina clássica após ter sofrido essa agressão, começa a refletir sobre a vida de maneira tragicômica. Questiona suas escolhas de parcerias amorosas diante da família, da sociedade e do trabalho. É uma reflexão interessante realizada em cena sobre os preconceitos que invadem a vida das pessoas”, diz Inês.
Desejo real
Homossexual e amante de dança, Amauri Reis sobe ao palco com um papel: surpreender o público. “Eu amo fazer esse espetáculo. Sempre tive o desejo de fazer balé clássico e conseguir fazer ponta. Fiz dois anos e meio de aulas antes do espetáculo. Subo na ponta e as pessoas ficam achando o máximo, porque tenho 63 anos e consigo fazer essas coreografias”, afirma o ator.
Apesar da profundidade e delicadeza do assunto, Amauri garante que o humor é o maior aliado do roteiro. “É uma peça linda. As pessoas riem, se emocionam e até choram, porque o personagem conta causos bonitos da vida dele. Isso é cômico, porque as pessoas acham que é sobre mim, e eu acho genial”, afirma.
“Este espetáculo é feito para mim, com os meus desejos. Tenho um prazer imenso em falar isso. Ele conversa com todos, independentemente da orientação sexual, e tem papel importante neste momento que a gente vive de tanto preconceito e falta de respeito com o ser humano”, conclui o ator.
“BOA NOITE CINDERELA”
Texto de Carlos Nunes. Direção: Inês Peixoto. Com Amauri Reis. Nesta sexta (12/1) e sábado (13/1), às 20h; domingo (14/1), às 19h, no Teatro Marília (Av. Prof. Alfredo Balena, 586 – Santa Efigênia). Ingressos à venda por R$ 60, na bilheteria do teatro, e R$ 25, nos postos Sinparc. Informações: (31) 3277-6319.
MAIS PEÇAS
>>> “AS AVENTURAS DE DOM QUIXOTE”
Infantil. Direção: Adê Melo e Fabi Loyola. Com Adê Melo, Fabi Loyola e Lucas Chiaradia. Dom Quixote mergulha em histórias de cavaleiros andantes e vive batalhas inimagináveis junto ao fiel escudeiro, Sancho Pança, e seu cavalo Rocinante. Nesta sexta (12/1) e sábado (13/1), às 20h; domingo (14/1), às 19h, no Teatro Francisco Nunes (Av. Afonso Pena, 1321- Centro). Ingressos: R$ 60, na bilheteria, e R$ 25, nos postos Sinparc. Informações: (31) 3277-6319.
>>> 49ª CAMPANHA DE POPULARIZAÇÃO DO TEATRO E DANÇA
Até 4/2. Programação completa: vaaoteatromg.com.br. Ingressos: R$ 25, nos postos do Sinparc e no site. Valores diferenciados nas bilheterias. Postos no Shopping Cidade (Rua Tupis, 337, Centro) e Pátio Savassi (Av. do Contorno, 6.061, São Pedro), abertos de 2ª a sábado, das 12h às 19h, e domingo, das 14h às 18h.
>>> “O VENENO DO TEATRO”
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* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro