Hugo da silva e Leonardo Rocha como a dupla Chicó e João Grilo -  (crédito: Tati Motta/divulgação)

Hugo da Silva e Leonardo Rocha como a dupla Chicó e João Grilo

crédito: Tati Motta/divulgação

Chicó e João Grilo estrearam há 67 anos nos palcos, mas continuam conquistando gerações de brasileiros. Em dezembro, estreia “Auto da Compadecida 2”, a continuação do filme de 2000 estrelado por Selton Mello e Matheus Nachtergaele. Em BH, o clássico de Ariano Suassuna (1927-2014) ganhou adaptação elogiada do Grupo Maria Cutia, em 2019, sob direção do respeitado Gabriel Villela.

O espetáculo volta ao cartaz hoje (15/1) e faz temporada até quarta-feira (17/1), às 20h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas, dentro da Campanha de Popularização do Teatro e Dança.

“É incrível como Suassuna foi visionário e perspicaz, porque é uma visão do Brasil mais atual do que nunca”, afirma o ator Hugo da Silva.

“É uma visão social e política interessante, porque você tem ali todos os tipos. É um texto atual, que diz muito da nossa sociedade e toca as pessoas, além de ser conhecido no Brasil inteiro”, diz. 


Inspiração em Peer Gynt 

A jornada “mineira” de João Grilo e Chicó se inspirou no Peer Gynt criado por Ibsen (1828-1906), uma espécie de Pedro Malasartes norueguês – aquele tipo popular safo e astuto que cumpre sua jornada pelo mundo.


A proposta do diretor foi criar releitura mineira da comédia de Suassuna, que originalmente se passa no Nordeste. Ele usou referências do circo e do Barroco, por exemplo “Para nós, foi um presente. Por mais que tenha sido escrito na década de 1950, o texto é muito atual e deve ser sempre revisitado”, afirma Hugo.

“Gabriel trouxe imagens dos profetas de Aleijadinho”, comenta, lembrando que arte naif, pinturas e esculturas do Norte de Minas também estão presentes.

Hugo vê uma conexão interessante desta releitura com a BH contemporânea. “Para trazer essa atualidade, Gabriel (Villela, diretor) pegou o clima de carnaval. E BH tem vivido um resgate do carnaval essencialmente político, começando no período do ex-prefeito Márcio Lacerda, do movimento Praia da Estação”, observa Hugo. “A ideia dele, desde o começo, foi carnavalizar o texto. De certa forma, é um desbunde mesmo.”

Villela assina concepção e direção contando com a colaboração da atriz Lydia Del Picchia, integrante do Grupo Galpão.

O ator conta que Gabriel sempre foi inspiração para o Maria Cutia, assim como o Galpão. “Gabriel era um sonho antigo, a gente o namorava já há algum tempo, mas não havia dado certo”, relembra. Quando houve oportunidade para convidá-lo, ele aceitou de imediato. 

Força do texto 

“Fazer este espetáculo no início da semana dá um pouquinho de medo, pois o público está mais acostumado com os fins de semana. Mas contamos com a força do texto, que chama muita gente, e temos confiança na força da Campanha de Popularização, que já se consolidou na cidade”, diz o ator.

Na peça, Hugo dá vida a Chicó, enquanto Leonardo Rocha é João Grilo. Thiago Queiroz interpreta o sacristão; Poliana Horta, o Bispo e o latifundiário Antônio Moraes; Mariana Arruda, Nossa Senhora Aparecida e a Mulher do Padeiro; TJ Torres é Jesus Cristo e Padeiro.


“AUTO DA COMPADECIDA”

De Ariano Suassuna. Com Grupo Maria Cutia. Direção de Gabriel Villela. De hoje (15/1), a quarta-feira (17/1), às 20h, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos: R$ 25 nos postos do Sinparc nos shoppings Pátio e Cidade. Na bilheteria, R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada).