Quando o anime “Scott Pilgrim: A série” foi anunciado pela Netflix, levantou-se a dúvida sobre a necessidade disso. A série original em quadrinhos, criada por Bryan Lee O'Malley em 2004, era um reflexo de seu tempo, trazendo a história do jovem Scott Pilgrim, que precisava enfrentar a Liga dos Ex-Namorados de Ramona Flowers pelo direito de namorá-la.
Ainda há espaço para uma história com premissa tão machista? Felizmente, a resposta é não, e o próprio criador teve a chance de atualizar sua trama em uma das animações mais interessantes lançadas pela Netflix.
Para começar, o anime não é adaptação da história em quadrinhos e muito menos do filme, e sim a reimaginação da história. Vemos em “Scott Pilgrim: A série” mais ou menos o que Hideaki Anno fez nos filmes de “Rebuild of Evangelion”, ao recontar a trama original, porém promovendo modificações no decorrer do caminho até chegar a uma história inédita – que, de certa forma, foi continuação do anime original.
Aqui, não vamos acompanhar a história do rapaz desafiando os ex-namorados de seu interesse amoroso para ter o direito de namorá-la, e sim a trama da garota que precisa investigar o desaparecimento de seu interesse amoroso. No meio dessa apuração, Ramona percebe que precisa encontrar uma forma de fechar a relação com os ex-namorados para finalmente poder se conectar com Scott.
Toque dramático
Esta pequena mudança causa uma transposição total na história original, deixando “Scott Pilgrim: A série” mais condizente com o que se discute hoje em dia, além de também lhe dar um toque mais dramático.
Os personagens são pegos em diálogos expondo suas inseguranças e intimidades, e a trama consegue aprofundar aspectos que passaram despercebidos no original. (Fábio Garcia)
“SCOTT PILGRIM: A SÉRIE”
• Anime
• Primeira temporada
• Oito episódios
• Criação de Ben David Grabinski e Bryan Lee O'Maley
• Disponível na Netflix