Zorro é um personagem que fala por si mesmo. “Nascido” há 105 anos por obra de Johnston McCulley (1883-1958), escritor norte-americano de romances pulp (publicações baratas, ilustradas, geralmente de ação e fantasia), tornou-se tão popular que a cada nova versão, seja na literatura, no cinema ou na TV, ele sempre traz novas nuances.
Mas uma questão, independentemente de qualquer coisa, nunca mudou: Zorro (do espanhol raposa) existe para defender os oprimidos. Na série espanhola que estreia nesta sexta (19/1), no Prime Video, o herói é vivido por Miguel Bernardeau, o bonitão Guzmán, de “Elite”.
Criada por Carlos Portela, a série “Zorro” bebe na mitologia, mas atualiza a narrativa. O cenário é a Califórnia de 1834. Alejandro de la Vega (Luis Tosar) é o latifundiário que detém o comércio de peles na região. Se dá bem com os poderosos e com os nativos. É morto numa noite, dentro de sua própria casa. E logo depois de ter sido salvo de outra emboscada por Zorro.
Herói indígena
O mascarado é perseguido e encurralado numa igreja pelos guardas do governador (Rodolfo Sancho). Acaba morto, sem antes anunciar que Zorro voltará. Aí ficamos sabendo que o justiceiro era um nativo americano e que ele existe há muito tempo – quando um Zorro morre, outro toma o seu lugar (isso é uma liberdade da série, não está na história original).
A indígena Nah-Lin (Dalia Xiuhcoatl), jovem guerreira, quer vingar a morte de Zorro e tomar seu lugar para proteger seu povo. Para sua revolta, o escolhido é outro, Diego de la Vega (Bernardeau), que está na Espanha. Seis meses se passam e ele retorna para a Califórnia para ocupar o lugar do pai assassinado. Ao chegar, é avisado de que será o novo mascarado. Recusa a missão, mas não tarda a mudar de ideia.
Sua antiga namorada, Lolita (Renata Notni), filha do melhor amigo do pai, o também fazendeiro e comerciante Tadeo Márquez (Andrés Almeida), não é nada receptiva. Ela dá um tiro (sem acertar, claro) nele por causa de um beijo roubado.
Logo no primeiro encontro social, ele percebe que todos têm seus próprios interesses: o velho amigo Tadeo, o governador, um grupo de empresários russos. Pelo acordo previsto anteriormente, o comércio de peles, na ausência de Alejandro de la Vega, seria dos indígenas. Colonizadores versus colonizados. Uma tramoia tira os nativos do jogo. Diego toma sua decisão: ele será Zorro.
O tom é meio de novela, com personagens maniqueístas – logo de cara, percebemos quem serão os vilões. Mas há boas tiradas cômicas, em especial na relação de Diego com o fiel escudeiro, Mudo (Paco Tous), cujo apelido é literal. A química entre Bernardeau e Renata Notni também funciona – e está claro que a mocinha, que não leva desaforo pra casa, vai se render ao Zorro.
Há boas cenas de luta e belas paisagens, mas a cidade cenográfica é um pouco limpa demais, já que estamos falando dos rincões dos EUA de 200 anos atrás. Mas sem pretensão alguma, este “capa e espada” recauchutado consegue divertir.
“ZORRO”
• A série, em 10 episódios, estreia nesta sexta (19/1), no Prime Video