Alberto San Juan como Cristóbal Balenciaga, o estilista espanhol que conquistou Paris
 -  (crédito: Star+/Divulgação)

Alberto San Juan como Cristóbal Balenciaga, o estilista espanhol que conquistou Paris

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Uma das marcas luxo mais provocativas da atualidade, a Balenciaga tem enfrentado polêmicas, como o lançamento de uma bolsa inspirada em um saco de lixo preto ou a acusação de promover abuso infantil em uma campanha com crianças segurando ursinhos de pelúcia vestidos de couros e tachas sadomasoquistas.

 

Mas a série “Cristóbal Balenciaga”, exibida na plataforma Star+, não trata de nada disso. A produção é centrada na história do criador da marca, o basco Cristóbal Balenciaga, morto em 1972, aos 77 anos, que apresentou sua primeira coleção em Paris em 1937.

 

Estamos, então, diante de uma série histórica, uma homenagem, na qual o Balenciaga vivido por Alberto San Juan já na maturidade dará uma rara entrevista para uma respeitada jornalista de moda, abrindo os portões para o seu passado de glória.

 

 

“A parte importante é a que não se vê. É o interior do vestido”, disse ele, certa vez, fornecendo a chave do porquê de seus vestidos serem tão estruturados, quase esculturais.

 

“É uma série histórica”, diz a criadora da atração, Lourdes Iglesias. “É por isso que ela se chama 'Cristóbal Balenciaga', e não 'Balenciaga'. Falamos do criador da marca. Esse das polêmicas recentes é o Demna Gvasalia”, diz ela, referindo-se ao diretor-criativo da marca desde 2015.

 

Mesmo assim, Iglesias acredita haver algo de Cristóbal no trabalho de Gvasalia. “Acredito que todos os designers, Gvasalia também, vão aos arquivos de suas marcas, pegam ideias, transformam e modernizam”, diz.

 

 

É claro que a produção visitou o acervo. “(Visitamos) para ver quais vestidos escolheríamos para a figurinista Bina Daigeler reproduzir cada traje.”

 

A figurinista, indicada ao Oscar por seu trabalho no remake de “Mulan”, detalhou o processo de recriação dos vestidos de Balenciaga. “Tive acesso ao Museu da Moda, em Paris, onde vi o vestido de boneca e outras peças. Mas foi principalmente com base em fotografias e esboços que fizemos nossas réplicas. Fizemos muitos protótipos para chegar a um resultado satisfatório”, afirma.

 

“Cristóbal Balenciaga” não se aproxima de como os super-ricos têm sido tratados nos últimos anos pelo audiovisual. Filmes como “Triângulo da tristeza” e séries como “Succession” têm feito críticas avassaladoras sobre a vida dos milionários, e é claro que há milionários em “Cristóbal Balenciaga”.

 

“Evidentemente, suas clientes eram super-ricas”, diz Iglesias. “Eram todas da alta sociedade e, bem, ele é um homem que teve que conciliar suas convicções com a realidade. Suas clientes eram de um mundo e ele também gostava desse mundo. Mas teve que abstrair um pouco sua consciência política para que não fosse conflitante.”


Luxo, capricho e empregos

 

A figurinista é mais incisiva. “Na moda, um item às vezes é extremamente caro porque a criação realmente levou muito tempo. Há uma grande qualidade em um tecido que pode ser caro por causa do processo e do material do qual ele é feito. Mas talvez, quando você olha para o que está acontecendo no mundo, é obsceno que algumas pessoas gastem esse dinheiro numa peça de roupa”, diz ela.

“Por outro lado, também é um belo ofício, que pode proporcionar a muitas pessoas um emprego, algo que você pode fazer com as mãos e que pode dar satisfação. É claro que tudo é muito questionável. Mas alta-costura é muito bonita, algo que eu realmente queria mostrar nesta produção”, acrescenta Bina Daigeler. (Folhapress)


“CRISTÓBAL BALENCIAGA”

Série com seis episódios, no Star+. Um episódio a cada sexta-feira, até 23/2