Lançado em 2010, "Nosso lar" apresentou números até então inéditos no cinema brasileiro. Em apenas cinco dias, fez um público de 1,3 milhão de pessoas, um recorde tanto para aquela época quanto para a atual. Custou R$ 20 milhões, o que fez dele o mais caro longa-metragem produzido no país – de acordo com a produção, boa parte desta verba veio de investimento direto, ou seja, sem benefícios fiscais. Levou 4 milhões de pessoas aos cinemas, só perdendo, naquele ano, para "Tropa de elite 2".
Produtor, diretor e roteirista carioca que tinha ali um grande sucesso (e até então só havia dirigido um outro filme, o esquecível "A cartomante", de 2004), Wagner de Assis, de 52 anos, autodenominado espírita cristão ecumênico, rapidamente colocou em curso um segundo longa: "Nosso lar 2 - Os mensageiros", nova adaptação da série de livros "A vida no mundo espiritual", de André Luiz, psicografada por Chico Xavier.
Pois o filme chega aos cinemas somente nesta quinta-feira (25/1), passados quase 14 anos do longa original. Neste intervalo, Assis lançou vários filmes, entre longas de ficção e documentais – entre eles a cinebiografia "Kardec" (2019) e o documentário "Chico para sempre" (2022).
MISSÃO DE AJUDAR
O longa mantém um diálogo com o anterior, tem três atores que estiveram no filme original (Othon Bastos, Renato Prieto e Carlos Tenório, todos em participações menores), mas tem vida independente. Se na origem "Nosso lar" mostra o despertar de André Luiz (Prieto) no mundo espiritual, em sua continuação a narrativa acompanha os chamados mensageiros, ou seja, os espíritos que têm a missão de ajudar a salvar vidas que estão fracassando. O líder do grupo é Aniceto (Edson Celulari).
A história é outra, como também o Brasil e a relação do público com as salas de cinema. Somente agora, passados quatro anos desde a pandemia, é que uma produção nacional conseguiu ultrapassar a marca do milhão de espectadores (no caso, a comédia "Minha irmã e eu").
Wagner de Assis tenta se proteger das expectativas. "Tenho feito um belo exercício de bloquear qualquer projeção. Se o filme emocionar uma ou 10 milhões de pessoas, teremos feito bem o nosso trabalho. Isto não é clichê, acho até que é um pouco de proteção emocional. Eu fico mais atento ao processo do que ao resultado, até porque a gente vai fazer o filme três, o quatro, então tudo faz parte de um aprendizado." Por meio de contrato com a Federação Espírita Brasileira, Assis tem o direito de adaptação de cinco títulos da coleção de Chico Xavier.
Em comparação aos números do anterior, o novo "Nosso lar" é mais tímido. Assis diz que realizou o projeto com o orçamento de R$ 11 milhões, feito ainda em 2011, época em que a produção teve início. No meio do caminho, teve que parar tudo.
"Aconteceram coisas que fugiram ao nosso controle. Uma delas foi que a Fox (que produziu o filme de 2010) foi vendida. A gente ficou pelo menos uns dois anos e meio sem nem saber com quem falar, pois quando uma corporação desse tamanho é comprada por outra com a dimensão da Disney, você tem que esperar que se assentem as questões contratuais." A Star, que integra o conglomerado Disney, produz e distribui "Nosso lar 2".
Quando estavam com as coisas ajustadas para filmar, teve início a pandemia. E tudo parou novamente. "Tivemos que segurar as rédeas e recomeçar de novo (as filmagens foram em 2022). Olhando para trás, é muito tempo, e confesso que tudo me causou angústia. Por outro lado, em 2024 completam-se 80 anos do lançamento do livro ("Os mensageiros", um dos títulos mais populares da coleção de 13 volumes)."
Assim como no longa anterior, "Os mensageiros" é pródigo nos efeitos especiais, a começar pelo chamado Mundo Espiritual, um parque futurista muito arborizado. O mensageiro Aniceto guia a história que cobre a trajetória de três personagens: Otávio (Felipe de Carolis), um médium que se perdeu por causa da ganância e da inveja, Isidoro (Mouhamed Harfouch), que pratica o bem para os outros, mas não para a própria família, e Fernando (Rafa Sieg), homem de posses que não consegue se livrar de preconceitos e vícios. A narrativa divide-se entre passado e presente, mundo real e mundo espiritual.
Assis afirma que "Nosso lar 2" é para o público em geral, não exclusivamente o espírita. "Não acredito em filmes espíritas, que inclusive não são um gênero do cinema. Se um dia houver um gênero, ele será temático, e não um gênero dramático. Já o espiritismo é um manancial de conteúdo. O livro nos propiciou criar três histórias entremeadas, mais uma de resgate. Criamos uma linha narrativa mais moderna, ágil, para contar bem a história para todas as pessoas.”
É por isso que ele diz esperar que “quem não conheça nada (da doutrina espírita) também possa sentar no cinema e sorver uma história sobre temas universais: amor, perdão, a ideia de que nunca estamos sozinhos".
“NOSSO LAR 2”
(Brasil, 2024, 116min.). De Wagner de Assis. Com Edson Celulari e Renato Prieto. Estreia nesta quinta-feira (25/1), nos cines BH 7, às 13h20, 15h50, 18h20, 20h50; BH 8, às 12h (sab e dom), 14h30, 17h, 19h30; Big 5, às 15h40, 17h50, 20h; Boulevard 5, às 14h, 16h20, 18h40, 21h; Cidade 1, às 18h15, 20h35; Cidade 4, às 13h50, 16h10, 18h30, 20h50; Contagem 2, às 13h40, 16h10, 18h40, 21h; Contagem 5, às 18h20; Del Rey 1, às 13h50, 16h10, 18h30, 20h50; Del Rey 4, às 18h20; Diamond 4, às 12h (sab e dom), 14h30, 17h, 19h30; Itaupower 2, às 14h, 16h20, 18h45, 21h05; Itaupower 6, às 20h20; Estação 4, às 14h, 16h30, 19h, 21h30; Estação 5, às 15h, 17h30, 20h, 22h30; Minas Shopping 3, às 13h50, 16h10, 18h30, 20h50; Minas Shopping 5, às 20h25; Monte Carmo 1, às 13h40, 16h05, 18h30, 20h50; Monte Carmo 4, às 20h20; Norte 2, às 15h40, 17h50, 20h; Pátio 2, às 15h10; Pátio 4, às 13h30, 16h, 18h30, 21h; Ponteio 3, às 15h40, 21h.