"Ping Pong - A construção do abismo no piscar dos cegos", de Waltércio Caldas, um dos artistas cuja obra o crítico e pesquisador avalia no livro 

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“No mundo sem chão: Escritos sobre arte” é um compêndio que destaca a trajetória do renomado crítico de arte, curador e pesquisador Paulo Sergio Duarte, abrangendo desde seus escritos pioneiros na década de 1970 até suas reflexões mais recentes, sendo o último texto de 2022.

Organizado pelo historiador da arte Sérgio Martins, o volume apresenta uma seleção abrangente que almeja ir além de uma retrospectiva da obra do autor, abrangendo um panorama da história da arte contemporânea no Brasil.

Paulo Sergio Duarte emerge como uma figura central nesse universo, desempenhando papéis cruciais tanto como crítico quanto como arquiteto de políticas públicas inovadoras. Fez parte da terceira geração de críticos de arte do país e sua obra tem caráter experimental e é marcada pelas revisões historiográficas das décadas de 1970.

“Ele começa a carreira no exílio, na Europa, onde conhece os artistas Antonio Dias e Iole de Freitas e, muito a partir desse contato com eles, tem início a escrita dele. Então tem um fator sobre contato com a arte internacional ali que tem a ver com uma condição de dificuldade política no Brasil”, comenta organizador do livro.

“E, no final dos anos 1970, quando ele volta ao Brasil, com o fim da ditadura é que ele se envolve muito ativamente em um cenário de reconstrução de instituições artísticas capazes de fomentar um campo de arte contemporâneo”, diz Sérgio Martins.

EVOLUÇÃO ARTÍSTICA

O livro percorre a trajetória de evolução singular de artistas fundamentais na cena brasileira, como Tunga (1952-2016), Lygia Clark (1920-1988), Iole de Freitas e Waltercio Caldas. Em outra via, também se aprofunda em estudos sobre a arte em sua totalidade.

A organização dos textos é cronológica e, nas palavras de Paulo Sergio, “o livro tem no início os textos mais experimentais, mais difíceis, complicados e, no final, vai tendo textos mais acessíveis. Então a lógica que o (organizador) Sérgio (Martins) escolheu talvez seja exatamente porque os meus textos mais antigos tinham um caráter mais experimental e os textos posteriores são textos que foram publicados em jornal e revistas e são mais acessíveis”.

A edição conta, ainda, com uma entrevista com Paulo Sergio Duarte conduzida por Fred Coelho, Iole de Freitas, Luisa Duarte, Luiz Camillo Osório e Sérgio Martins, feita especialmente para a publicação do livro.
“A entrevista traz perspectivas de diferentes pontos de contato e diferentes momentos de contato com ele. São pessoas que conviveram com ele como artistas, colegas de profissão e alunos, em diferentes esferas, de forma a criar um mosaico que faça jus a uma carreira de 50 anos”, afirma Martins.

Há também um caderno de imagens, com obras citadas ao longo do livro, e uma breve cronologia da trajetória de Paulo Sergio Duarte, mapeando sua diversa atuação intelectual, que passa pela administração pública, em órgãos como Secretaria Municipal de Educação e Cultura do Rio de Janeiro e Funarte, instituições de ensino, como a UFPB, a PUC-Rio e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, e a curadoria da 5ª Bienal do Mercosul. 

“NO MUNDO SEM CHÃO: ESCRITOS SOBRE ARTE”
Textos de Paulo Sergio Duarte
Organização: Sérgio Martins
Editora Cobogó ( 472 págs.)
R$ 92