“É hilário até pra gente”, diz Dora Morelenbaum, sobre o vídeo do Bala Desejo que viralizou no X (Twitter) e já foi visto mais de 1,5 milhão de vezes. Como de costume, no início do programa “Cultura Livre” (TV Cultura), Roberta Martinelli pergunta aos convidados o significado do nome da atração para eles. Vestidos com roupas coloridas e extravagantes, em uma estética setentista, os jovens respondem: “sim sim sim”, título do primeiro disco da banda.
O corte de 18 segundos caiu nas graças do público e os que chegaram ao vídeo de paraquedas não entenderam nada. “A gente viu que havia muitos haters ali naquele momento falando mal do Bala, mas a gente também entendeu que aquelas pessoas não conheciam o nosso trabalho. Foi de fato um vídeo muito engraçado com aquele bando de moleque vestido daquele jeito”, comenta Lucas Nunes.
No meio do deboche, surgiram interessados em conhecer o trabalho do grupo. “O mais importante dessa situação é a propagação do nosso trabalho. De certa forma, foi positivo. Acho muito legal a forma como a gente lidou com isso, de um jeito leve”, diz Nunes.
Formado pelos colegas de escola Julia Mestre, Zé Ibarra e os já citados Dora Morelenbaum e Lucas Nunes, o Bala Desejo lançou seu primeiro disco no início de 2022. Com produção de Ana Frango Elétrico, arranjos de Jaques Morelenbaum (pai de Dora) e participação de Caetano Veloso, Tim Bernardes e Sophia Chablau, a afinidade entre os amigos chegou fazendo barulho no mundo da música.
Com 13 faixas, o álbum dos cariocas traz um clima de festa e evoca clássicos brasileiros dos anos 1970 e 1980. Eles começaram a compor as músicas durante a pandemia, quando todos se mudaram para o apartamento de Julia Mestre. Depois, partiram para um sítio em Barbacena para finalizar o projeto.
Em menos de dois anos de trajetória, fizeram shows no Japão, Reino Unido e França, e venceram o Grammy Latino de Melhor Álbum Pop em Português. Em novembro passado, a banda anunciou a turnê de encerramento do disco “Sim Sim Sim”. A publicação, em tom de despedida, no Instagram, gerou especulações: seriam os últimos shows da turnê, uma pausa ou o fim definitivo do grupo?
MANEIRA DÚBIA
Zé Ibarra afirma: “A gente divulgou de uma maneira realmente um pouco dúbia, mas não é o fim do grupo, é o fim do arco do disco”. Lucas Nunes completa: “A gente não poderia deixar de fazer um encerramento desse álbum que foi tão importante pra todos nós”.
Álbum, inclusive, que só existiu porque os integrantes receberam convite para realizar um show no festival Coala. Com o adiamento da apresentação, resolveram investir na criação de músicas autorais. Desde a primeira vez que subiram ao palco, se surpreenderam com a adesão do público, que cantava e pulava durante a execução de todas as músicas.
Com o sucesso da banda, os artistas tiveram que suspender os planos de carreira solo e acreditam que agora é hora de seguir com eles. “Foi um álbum que cruzou o objetivo que cada um tinha naquele momento de fazer o seu trabalho individual. Aproveitamos essa experiência, mas agora está na hora de a gente voltar a construir outras histórias, construir a carreira de cada um, para, em algum momento, a gente redescobrir o Bala Desejo”, diz Lucas, o único dos quatro que ainda não vislumbra o lançamento de álbum solo.
Discos solo
Coprodutor do mais recente disco de Caetano Veloso e integrante da banda do baiano, Nunes pretende investir o tempo na produção de álbuns e na construção de projetos que vão “unir outros artistas”, segundo diz. Zé Ibarra e Dora Morelenbaum têm discos programados para este ano. Julia Mestre diz estar com muitas ideias em construção.
“Quando a gente fala dos trabalhos individuais, é como se você pudesse pegar uma lupa, olhar melhor para o nosso trabalho e até fazer uma análise assim: ‘Caramba, agora eu entendi porque que tal música toma esse caminho. Pode ser que os nossos projetos individuais se cruzem em novas composições em duo ou em trio. Não vai parar de ter músicas e discos para os fãs continuarem acompanhando”, afirma Julia.
A turnê de despedida começa no mês que vem e tem datas confirmadas em Brasília, Goiânia, Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro. O show na capital mineira será em 23 de fevereiro, no Palácio das Artes. “Ir para BH é sempre muito especial para nós. Foram alguns dos shows com a energia mais bonita. Caetano mesmo fala que o público daí é o mais afinado e musical que existe”, comenta Julia.
Para Zé Ibarra, “uma despedida só é despedida quando você está lá na frente, quando você olha para a plateia e começa a lembrar de tudo que viveu. A gente está há dois anos completamente imerso no Bala Desejo e em nós quatro, para bem e para mal. É uma maravilha o que a gente está vivendo. Foi tudo muito forte. Então só de estar em cima do palco, isso (a emoção) já vai bater”.
BALA DESEJO EM BELO HORIZONTE
Turnê de encerramento do disco “Sim sim sim”. No dia 23 de fevereiro, no Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537 - Centro). Ingressos à venda no site Eventim. Plateia I: R$ 120; Plateia II: R$ 100 e Plateia Superior: R$ 80.
Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes