Já são 10 anos desde que a produtora cultural Helen Murta e o artista plástico Jão criaram o festival Traço, de música e desenhos criados ao vivo. Desde então, houve 27 apresentações em diferentes locais de BH. Um pouco mais adiante, a partir de 2015, eles fundaram a Faísca – Mercado Gráfico, feira de publicações e arte impressa que acabou também virando festival. Paralelamente, a dupla, que já editava e publicava por meio da Editora Pulo, criou o canal no YouTube Estúdio Faísca e o selo/ateliê/espaço cultural Faísca Lab.

 

É muita coisa nesta primeira década para comemorar. O ponto de partida será neste sábado (20/1), com a festa do Faísca Lab, que será realizada na Rua Dr. Júlio Otaviano Ferreira, na Cidade Nova, em frente ao ateliê. A programação vai das 16h às 22h – é tudo gratuito. Mistura atrações de música e artes gráficas, como tudo o que Helen e Jão vêm produzindo desde 2014.

 

O trabalho deles, vale dizer, é pautado na cultura gráfica, das publicações independentes, com tiragens pequenas. Seu ateliê trabalha com risografia. O nome da técnica é derivado de Risograph, uma impressora japonesa criada na década de 1980 para viabilizar impressões de baixo custo. Ou seja, é tudo quase artesanal.

 

"Jão é um artista impressor, então ele atua desde a concepção (da obra), depois edita, imprime, faz acabamento. É a cultura do faça você mesmo, tanto que a gente se considera uma microeditora", explica Helen. No ateliê, eles produzem tanto livros quanto zines, com tiragens que vão de 30 até 300 exemplares. "É uma escala bem diferente do mercado tradicional", completa.

 




VOZES MARGINALIZADAS

 

"O zine (diminutivo de fanzine, cultura que chegou ao Brasil em meados dos anos 1960) continua ativo porque é um espaço bastante acessível. Qualquer pessoa pode fazer. Vozes marginalizadas no mercado tradicional têm no zine um lugar para mostrar suas ideias", continua ela, acrescentando que hoje o público da plataforma Faísca é majoritariamente feminino.

 

A feira que vai acontecer durante todo o evento reunirá 27 expositores de Minas, Brasília, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. "Tem artista, tem grupo, coletivo, editora (entre os expositores). Além de quadrinhos, design e ilustrações, também teremos obras de fotografia e literatura", continua Helen.

 

Uma ótima oportunidade para ter contato com o meio, já que são os próprios artistas que apresentam seus trabalhos. "O público pode conversar sobre os processos, as ideias. Este é o maior diferencial das feiras, não é ali apenas um lojista que está vendendo. É realmente quem fez o trabalho que está ali", acrescenta.


DESENHOS AO VIVO

 

Além da feira, a festa vai ter distribuição do cartaz "Cidade Nova", feito por Jão para o evento (foram feitos 50 exemplares, então quem chegar cedo poderá ganhar) e exposição.

 

Outra atração é Ricardo Aleixo. Poeta, músico, artista multimídia, ele vai apresentar uma performance inédita. "Normalmente, ele trabalha com a palavra, com a voz. Aqui, ele deve trabalhar com o silêncio, utilizando os pés como carimbos", conta Helen.

 

Video mapping será realizado na fachada do prédio. Mas não será no formato convencional – a instalação foi concebida pelo artista tttttuto tendo como suporte equipamentos antigos de vídeo. Quando a noite chegar, a festa vai contar com dois shows: Matéria Prima e Cizco DJ e Banda da Casa. As duas apresentações serão acompanhadas por desenhos realizados ao vivo (e projetados em telão) por Ciço C e erre erre, respectivamente.

 

PROGRAMAÇÃO

• 16h – Distribuição do cartaz "Cidade Nova", de Jão
• 16h às 22h – Feira de publicações e arte impressa, lançamentos de publicações e exposição "A dimensão gráfica", de Jão
• 17h – Performance de Ricardo Aleixo
• 19h – Video mapping por tttttuto
• 19h30 – Show de Matéria Prima e Cizco DJ + desenhos ao vivo por Ciço C
• 20h30 – Show da Banda da Casa e desenhos ao vivo por erre erre

 

FESTA DO FAÍSCA LAB


Neste sábado (20/1), das 16h às 22h, na
Rua Dr. Júlio Otaviano Ferreira, em frente ao
número 421, Cidade Nova. Acesso gratuito.

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