“Eu conheci o Museu da Fotografia de Fortaleza e fiquei impressionado com o aparelho que o Silvio (Frota, diretor da instituição) montou. É uma estrutura internacional. E, por ser em Fortaleza, no Ceará, pode parecer estranho, porque é completamente fora do eixo Rio-São Paulo.
Foi, portanto, em conversa com o Silvio que recebi a proposta dele de montar uma exposição lá. O livro ‘Territórios’, por sua vez, traz a íntegra da exposição, que surge a partir do momento em que o Museu me sugeriu fazer um catálogo da exposição.
Quando o Silvio me chamou para montar a exposição, eu já estava com um projeto de um livro de fotografias, com imagens inéditas. Pensei, então, em pegar algumas que fossem desse projeto, mas sem fazer com que a exposição se tornasse uma íntegra dele.
Selecionei 20 fotos desse livro e o restante das imagens veio de outros trabalhos mais antigos. Mas sempre usando como critério a possibilidade de conseguir proporcionar diferentes leituras para os visitantes.
As minhas fotos não têm títulos. Os títulos são os nomes das exposições. Isso contribui para fazer com que elas possam se atrair e se distanciar, a ponto de formar diferentes interpretações na cabeça do leitor.
Não são fotos autômatas. Cada uma ali tem relação com a anterior ou com a posterior. No entanto, também podem ser lidas do meio para a frente, de trás para a frente, ou do meio para trás. É um círculo que, se você abre, interrompe o olhar.
(Isso ocorre porque) Eu sou um fotógrafo de errância. Tem até temas que eu persigo, mas não fico só neles. A imagem é que encontra a gente; e vou te falar uma coisa: é uma danação quando a gente é encontrado pela imagem.
Algumas fotos da mostra e do livro trazem de maneira muito profunda as cidades. É porque eu acho que as cidades são como cabides, com seus anúncios, cartazes e sua própria formação arquitetônica.
De uma forma geral, vejo ‘Territórios’ como um livro/mostra-constelação, porque vai de certos enigmas até o registro comum.”
*Depoimento dado ao repórter Lucas Lanna Resende