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André "Nervoso" Paixão diz que seu "álbum de conexões" aposta na liberdade de cada convidado

crédito: Pino Gomes/divulgação

Wilson das Neves, Pupillo (ex-Nação Zumbi), Leonardo Monteiro (Acabou La Tequila), Bacalhau (Planet Hemp), Rodrigo Barba (Los Hermanos), Guto Goffi (Barão Vermelho), Biba Meira (DeFalla), Dany Roland (Metrô), Domenico Lancellotti e Marcelo Callado. Este é o time de bateristas reunidos pelo multi-instrumentista, cantor e compositor carioca André Paixão em seu novo álbum. 

Com 12 canções autorais, o disco tem um nome que pode parecer estranho, diante de tantas feras nas baquetas: “Fora do ritmo”. Só que não. 

“A vida inteira, cresci com a visão dos meus ídolos bateristas muito mais associada a performances malabarísticas, solos, viradas e tal. Ficava vidrado nisso. Com o passar dos anos, compreendi a bateria como contribuidora, um elemento fortificante e fomentador de canções”, afirma André Paixão. 

Sua proposta é destacar a diversidade de propostas rítmicas em prol da canção. Ou seja, dar visibilidade à relevância da bateria como elemento autoral. “Fora do ritmo” é, ao mesmo tempo, um retrato das personas artísticas de André e das diferentes facetas da música popular brasileira nas últimas décadas. O processo de produção durou nada menos de 13 anos.

 

Baterista Wilson das Neves

Lenda da bateria brasileira, Wilson das Neves toca na faixa "Amor egoísta"

Instagram/reprodução

 

“Nervoso”

Também conhecido como “Nervoso” devido à sua forma frenética de tocar bateria, André Paixão trabalhou com os grupos Acabou La Tequila, Lafayette e Os Tremendões, Matanza e Tripa Seca. O primeiro parceirofoi Pupillo, ex-Nação Zumbi.

 

“Ele veio ao Rio de Janeiro fazer um show. No dia seguinte, fomos para o estúdio do Dado Villa-Lobos gravar a faixa 'Vestido vermelho'. A gente trocou ideias sobre a proposta rítmica dele a favor da canção. Pensei: por que não um disco em que bateristas revelem seu lado compositor?”, conta André. E assim foi feito.

 

“Veio a turma toda: o Wilson das Neves, a Biba Meira, baterista precursora, uma das primeiras mulheres a ter banda de rock no Brasil, o Marcelo Callado, Rodrigo Barba, o Guto Goffi...”

 

André conheceu Wilson das Neves no ônibus para São Paulo. “Fui para lá tocar com o Lafayette e Os Tremendões. Ele tocava na Orquestra Imperial e fomos conversando durante a viagem”, diz a respeito do lendário baterista que morreu em 2017, também compositor.

 

“Fora do ritmo” é, antes de tudo, um disco de conexões, ressalta André Paixão. Outros convidados foram os guitarristas Billy Brandão e Guilherme Lírio. “O Guilherme, que tocou com Gilberto Gil, fez o que quis. Tinha um tema na 'História de luz', o resto ele tirou o som na guitarra na hora.”

 

Já Domenico Lancellotti mudou totalmente a concepção da faixa “Maduro” “Ela tinha batida de samba, mas ele fez outra coisa mais quebrada, tanto que gravou com o Kassin no baixo, um cara com quem ele toca há muito tempo.”

 

Baterista Biba Meira

Biba Meira é a convidada de André na faixa "O colecionador de céus"

Instagram/Nanda Chemale

 

Direto da Rússia

Além de cantar e interpretar suas canções, o anfitrião fez complementos de violão, guitarra, percussão, sintetizador e programações. Ele assina todos os arranjos. Contribuição importante veio da Orquestra de São Petersburgo, na Rússia, “a cereja de luxo do bolo”, nas palavras de André.

 

“Meu grande sonho era gravar com orquestra, mas para mim era financeiramente inviável fazer isso no Brasil.” Após contato com o regente Kleber Augusto, diretor artístico do grupo, o material seguiu para a Europa. “Fiz toda a revisão das partituras, dos arquivos que ele precisava e do metrônomo.” O maestro Guilherme Bernstein o ajudou na empreitada.

 

“O álbum tem essa dualidade, esse confronto, o paradoxo de ser muito pessoal, por conta das letras, e ao mesmo tempo contar com o envolvimento de uma turma gigante. Mais de 50 músicos participaram”, calcula André, que destaca também a colaboração da cantora Katia Jorgensen.

 

“Fora do ritmo”, revela, é uma espécie de “longa-metragem” de sua trajetória. “O disco atravessou diferentes momentos da minha vida e, provavelmente, da turma que participou. São tantos os bateristas amigos que ficaram de fora que dá até para fazer o volume 2 e o volume 3. Vou pensar nisso”, promete.

 

“FORA DO RITMO”


Disco de André Paixão
12 faixas
Areia Produções
Disponível nas plataformas digitais