Na última quarta-feira (7/2), um museu de Rotterdam, na Holanda, deu fim à saga iniciada em março de 2020, ao exibir para jornalistas o quadro “O Jardim Paroquial de Nuenen na primavera”, de Vincent Van Gogh (1853-1890).
Avaliada em seis milhões de euros (cerca de R$ 32 milhões), a tela foi roubada do Museu Singer Laren, perto de Amsterdã, durante o lockdown em decorrência da pandemia. Na época, imagens da segurança mostraram um homem quebrando a porta de vidro e, na sequência, correndo com a obra embaixo do braço. A tela, que pertence ao museu de Groningen, estava emprestada ao Singer Laren.
Por três anos e meio, não se teve notícia do quadro. Em setembro de 2023, o detetive holandês Arthur Brand – conhecido como “Indiana Jones do mundo das artes” por investigações que levaram à descoberta de obras desaparecidas – anunciou que havia recuperado “O Jardim Paroquial de Nuenen na primavera”.
A tela chegou a Brand por meio de um homem não identificado, que a teria entregue dentro de uma sacola azul da rede sueca Ikea, coberta com plástico bolha e protegida por uma fronha de travesseiro.
Desde a notícia da recuperação de “O Jardim Paroquial de Nuenen na primavera”, o quadro não havia sido exposto ao público.
Uma das primeiras pinturas de Van Gogh, a obra foi concebida antes de o artista desenvolver a identidade pós-impressionista evidente em “A noite estrelada”, “Girassóis” e diversos autorretratos.
Pai pastor
Cores escuras dão o tom de “Jardim Paroquial”. Em primeiro plano, Van Gogh mostra o arborizado jardim com um presbítero – não se sabe quem é o religioso, talvez seja o próprio pai do artista, um pastor – olhando fixamente para quem contempla a obra. Ao fundo, em menor escala, está a igreja, provavelmente a matriz da paróquia de Nuenen.
Van Gogh pintou “O Jardim Paroquial de Nuenen na primavera” em um contexto curioso. Depois de viver sozinho em Haia e Drente, na Holanda, ele se mudou para Nuenen para morar com os pais no presbitério da igreja neerlandesa.
De acordo com arquivos do Van Gogh Museum, o artista viveu com os pais por quase dois anos, pintando no ateliê improvisado onde ficava a lavanderia da casa da família. Durante esse período, fez cerca de 200 desenhos e pinturas – além de “O Jardim Paroquial”, pintou “Os comedores de batata”, uma de suas obras mais importantes.
“O Jardim Paroquial de Nuenen na primavera” foi danificado ao passar três anos e meio longe de cuidados de preservação. A tela traz um arranhão profundo na parte inferior.
“Chamaria isso de severo, porque passa por todas as camadas, o verniz, as camadas de tinta e depois entra na camada de base, que é branca. Embaixo está a tela original, que também está um pouco danificada”, explicou Marjan de Visser, responsável pelo restauro da pintura.
De acordo com ela, a provável causa do dano foi algum choque com algum objeto duro. No entanto, sem ter certeza do que de fato ocorreu, “não se pode fazer uma proposta para a sua conservação”, emendou De Visser.
“O Jardim Paroquial de Nuenen na primavera” será exibido novamente a partir de 29 de março, no Museu Groninger, na Holanda. (Com agências)