Os atores Joel McCrea e Veronika Lake em cena do longa

Os atores Joel McCrea e Veronika Lake em cena do longa "Contrastes humanos" (1941), de Preston Sturges, que integra a faixa de programação "O preço de Hollywood" 

crédito: Divulgação

Com a onipresença do carnaval, a agenda cultural de Belo Horizonte atravessa um período de estiagem no que diz respeito a outras opções. Quem não estiver com espírito e disposição para a folia e preferir trocar a rua pelo conforto do sofá de casa, tem na plataforma CineHumbertoMauroMais uma rota de fuga do batuque. Ela oferece uma seleção de filmes em sintonia com a proposta curatorial da sala que há mais de quatro décadas é referência para os cinéfilos da capital.

Criada em 2020, no contexto da pandemia, como forma de manter a proximidade com o público e para abrigar a edição daquele ano do FestcurtasBH, a plataforma se mostrou um sucesso, já que tem um alcance ilimitado de audiência. “É o nosso streaming mineiro, um canal que estende um pouco a programação presencial do Cine Humberto Mauro, então tem desde filmes clássicos e raros até curtas contemporâneos que acabam tendo pouca circulação”, diz o curador e gerente do Cine Humberto Mauro, Vítor Miranda.

Ele destaca que, via plataforma, o público também pode se inteirar da programação em cartaz na tradicional sala do Palácio das Artes e ter acesso a um material de informação que inclui críticas de filmes, ensaios e uma memória dos catálogos que foram desenvolvidos pela gerência de cinema da Fundação Clóvis Salgado.


Seleções temáticas

A CineHumbertoMauroMais abarca, atualmente, nove faixas que agrupam títulos por gênero ou temática e que, em alguns casos, são o prolongamento de mostras que estiveram em cartaz presencialmente. “O preço de Hollywood”, com filmes feitos na Meca do cinema e que são críticos a ela; “A rotina tem seu encanto – 120 anos de Ozu”, com filmes do cineasta japonês Yasujiro Ozu; “Cults do terror”, com clássicos do gênero; e “Prêmio Humberto Mauro” são algumas delas.

“A programação virtual é muito baseada na presencial. Se vai ter uma mostra no Cine Humberto Mauro, a gente tenta licenciar alguns títulos para serem disponibilizados on-line por um tempo determinado. Outro caminho da curadoria é procurar filmes que estão em domínio público e têm a ver com a mostra em cartaz. Quando fizemos a mostra do Clint Eastwood, não conseguimos colocar nenhum filme dele na plataforma, então pegamos faroestes antigos, que estão em domínio público, e foram referenciais para o diretor”, diz Miranda.

Ele adianta que, na próxima semana, será promovida, pela primeira vez, uma mostra exclusivamente virtual, batizada “Arquivo e pesquisa – Relatos sagrados”, de curtas-metragens experimentais, concebida em parceria com o curador Francisco Pereira. O público a que a plataforma se dirige é basicamente o mesmo que frequenta o Cine Humberto Mauro, conforme aponta.

“Se fazemos uma mostra na sala de cinema e conseguimos colocar alguns filmes on-line, damos a oportunidade para que pessoas que não moram em Belo Horizonte – ou que moram, mas não podem ou não querem sair de casa – também possam acompanhar. É uma plataforma fácil de usar, só precisa de um cadastro de e-mail, então é muito acessível”, diz.

Miranda dá o caminho das pedras para quem quiser fugir do carnaval e fazer, nos próximos dias, uma imersão na sétima arte. Da faixa “O preço de Hollywood”, ele destaca “Contrastes humanos” (1941), de Preston Sturges. “Estamos falando de filmes de Hollywood que criticam Hollywood, e este faz isso muito bem, de uma forma muito elaborada”, diz.

Da faixa “A rotina tem seu encanto – 120 anos de Yasujiro Ozu”, o curador indica “Pai e filha” (1949), por se tratar da obra-prima do diretor e por só permanecer disponível na plataforma até meados deste mês. Na faixa “De volta para o futuro – 120 anos de ficção científica no cinema”, ele sugere “O dia em que a Terra parou” (1951), de Robert Wise. “É um filme distópico, muito divertido e que é referencial para o gênero”, aponta.

Domínio público

A faixa “Clássicos” reúne muitos filmes que estão em domínio público. “Um que considero muito importante é 'Jejum de amor' (1940), de Howard Hawks, uma das principais comédias românticas da história do cinema, um marco de mudança no gênero”, destaca Miranda. Na faixa “Cults do terror”, ele indica “O mundo odeia-me” (1953), da atriz, roteirista e diretora inglesa Ida Lupino. “Recomendo esse filme pegando um pouco o gancho da nossa mostra de março, a 'Clássicas', com filmes dirigidos por mulheres”, diz.

Para não deixar o cinema produzido em Minas de fora, o curador indica “Rapsódia para o homem negro” (2014), de Gabriel Martins, incluído na faixa “Prêmio Humberto Mauro”. “É um filme que está completando 10 anos, do mesmo diretor de 'Marte um', que em 2022 foi o escolhido do Brasil para tentar uma vaga na disputa pelo Oscar”, pontua.


CINEHUMBERTOMAUROMAIS
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