"Maria Antonieta", a versão de Sofia Coppola da biografia da rainha francesa, estrelada por kirsten dunst, é um dos títulos da programação, que segue até o próximo dia 27

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O nome da mostra, “Clássicas”, é uma provocação. Desta sexta-feira (1/3) a 27 de março, o Cine Humberto Mauro dedica sua programação às diretoras. Mais de 40 títulos integram a seleção, cujo subtítulo, “Mulheres na direção”, já diz tudo. Não há um recorte específico – foram escolhidos filmes – longas e curtas – de diferentes origens e períodos da história do cinema.

“Chamamos de ‘Clássicas’ justamente para tentar abrir uma discussão: será que filmes mais recentes não poderão se tornar um clássico no futuro?”, comenta Vítor Miranda, gerente de cinema da Fundação Clóvis Salgado.

Esta é a quarta edição da mostra, que tenta ser o mais diversa possível. “Nosso objetivo nunca foi tentar fazer uma tese ou procurar semelhança entre os títulos. Queremos mostrar como o cinema é diferente tanto em temas quanto em contexto de produção e abrir mais discussões”, acrescenta Miranda.

 

Ao colocar no programa filmes contemporâneos, alguns deles badalados – como “Maria Antonieta” (2006), de Sofia Coppola, e “Mamma mia!” (2008), de Phyllida Lloyd – ele espera que consigam “pescar as pessoas para ver outros títulos mais desconhecidos”. Porque o que mais interessa numa mostra é dar luz a produções menos vistas e menos acessíveis.

FILMES ÁRABES

Já com três edições realizadas no Rio, São Paulo e Brasília, a Mostra Cinema Árabe Feminino estreia em Belo Horizonte com exibições na “Clássicas” entre os dias 22 e 24. Serão apresentados filmes de quatro realizadoras árabes de diferentes origens. Neste recorte, o destaque vai para a seleção de curtas da diretora palestina Larissa Sansour. Serão exibidos em 23/3, às 17h, quatro de seus curtas, três deles que integram a chamada “Trilogia futurista”.

“Também destacaria os filmes da (francesa, uma referência na literatura) Marguerite Duras. Ela está sendo muito exibida agora por causa dos 110 anos de nascimento. Acho que os filmes dela têm um lugar muito especial na sala de cinema, pois são muito diferentes de tudo o que se vê por aí, muito pautados pela literatura”, comenta Miranda. Duras dirigiu duas dezenas de filmes, mas é mais conhecida, no cinema, pelo roteiro de “Hiroshima, meu amor” (1959), de Alain Resnais.

O Humberto Mauro vai exibir sete títulos dirigidos e escritos por ela a partir deste sábado (2/3), com “India song” (1975, às 15h). As sessões irão até a quarta (6/3). Neste dia, será exibido, às 18h, o média-metragem “O homem Atlântico” (1981), considerado uma das produções mais ousadas de Duras. As lembranças de um homem em um hotel desértico de frente para o Oceano Atlântico são mostradas ora em imagens, ora em uma tela preta. É o texto que guia o espectador.

A mostra ainda traz obras de diretoras da Hollywood clássica, Dorothy Arzner (com “Quando a mulher se opõe”, de 1932) e Ida Lupino (com “Mãe solteira”, de 1949). “Elas são diretoras que estão em todas as edições da mostra. Elas conseguiram espaço dentro da indústria numa época em que mulheres não dirigiam filmes. Têm um trabalho vigoroso nos anos 1930 e 1940”, aponta Miranda.

Não faltam títulos nacionais, como o essencial “A hora da estrela”, de Suzana Amaral (1985, no dia 8/3, às 19h30), além de produções mineiras. Entre elas estão dois longas recentes, porém pouco vistos no cinema: “Kevin” (2021), de Joana Oliveira, com sessão no dia 14, às 19h30, e “Canção ao longe” (2023), de Clarissa Campolina, no dia 7, também às 19h30.

Sessões comentadas

A mostra “Clássicas” terá algumas sessões comentadas. A primeira delas será nesta sexta (1/3). A crítica e pesquisadora Yasmine Evaristo comenta hoje o filme “A mulher rei”, que será exibido às 19h30. Lançado em 2022, o longa dirigido por Gina Prince-Bythewood foi produzido e estrelado por Viola Davis, que, na época, veio ao Brasil para divulgá-lo. A história, baseada em fatos, acompanha as guerreiras que protegiam o reino africano de Daomé (atual Benin) no século 19. Na trama, Viola interpreta Nanisca, a líder de um grupo de lutadoras formado apenas por mulheres negras.

“CLÁSSICAS: MULHERES NA DIREÇÃO”
Mostra no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro 31. 3236-7400). Sessões desta sexta (1/3) até 27/3. Entrada franca (ingressos devem ser retirados uma hora antes de cada sessão). Programação completa em fcs.mg.gov.br/eventos/classicas-mulheres-na-direcao/