As atrizes Jeniffer Dias e Julia Lemmertz  protagonizam a trama com cinco  episódios, dirigida por Maria Flor -  (crédito:  Fina Flor Filmes/Divulgação)

As atrizes Jeniffer Dias e Julia Lemmertz protagonizam a trama com cinco episódios, dirigida por Maria Flor

crédito: Fina Flor Filmes/Divulgação

Vinte anos de diferença de idade pode ser um mundo entre duas pessoas. E no caso de Ana, de 59 anos, e Bel, de 29, realmente é. Enquanto a primeira está com a carreira estável, uma filha criada e o casamento em frangalhos, a segunda ainda tenta encontrar seu caminho profissional e vive numa aparente noitada sem fim ao lado do namorado.


Contrariando as expectativas, essas duas mulheres se tornam unha e carne. E passarão por pequenos e grandes dramas e alegrias ao longo de cinco episódios da série "No ano que vem". A produção estreia nesta segunda-feira (4/3), no Canal Brasil, e será exibida diariamente, até sexta (8/3), Dia Internacional da Mulher. A história trata de várias questões relevantes no mundo contemporâneo, sempre sob a perspectiva feminina.


Julia Lemmertz e Jeniffer Dias interpretam as protagonistas, Ana e Bel, respectivamente. Criada por Márcia Leite e dirigida por Maria Flor, a série é uma produção da Fina Flor Filmes, produtora que a roteirista e a atriz criaram há aproximadamente 15 anos.


É às vésperas de um réveillon no Rio de Janeiro que as duas protagonistas se conhecem. Ana vai fazer uma festa de Ano Novo em seu apartamento – locação, vale dizer, de encher os olhos. Bel chega em sua casa "virada" de uma festa, para ajudá-la na organização. Só que a hora é a pior possível. Ana acaba de descobrir que está com câncer de mama. Não diz nada a Bel – na cena seguinte, já as vemos se divertindo na festa.


Noite difícil

Pois é num banheiro que as duas conversam melhor, e Ana se encanta com a vivacidade de Bel – uns cogumelos que a mulher mais jovem lhe apresenta serão a melhor indicação para a personagem atravessar a noite difícil. Vão se encontrar tempos depois, numa situação mais difícil ainda: num hospital, onde ambas enfrentam complexos problemas de saúde.


A partir deste encontro, elas se tornam muito próximas, e cada episódio vai tratar de questões da trajetória tanto pessoal quanto profissional das duas. Enquanto Ana desabrocha para novas possibilidades no amor, Bel consegue se desvencilhar de um relacionamento e vai buscar se estabelecer na carreira, já que se formou em gastronomia, mas relegou a profissão a segundo plano, por causa do ex-namorado DJ.


O projeto, conta Maria Flor, nasceu como um longa-metragem – acabou se tornando maior, ganhando o formato de série. Desde o início, segundo ela, a intenção foi trabalhar com o maior número de profissionais mulheres – tanto que a equipe atrás das câmeras é 90% feminina.


"Inclusive pedimos aos dois chefes de departamento homens (de fotografia e de som) que as assistentes fossem mulheres. Esta vontade veio tanto pelo universo da série quanto pelas cenas de sexo. Queria que as atrizes estivessem muito à vontade e protegidas. Eu, como atriz, sei como é delicado e difícil fazer uma cena de sexo", diz Maria Flor.

Estreia na direção


Aos 40 anos, ela completa uma década de sua estreia na direção. Debutou também com uma série, "Só garotas", lançada pelo Multishow. "Sempre fui uma atriz muito curiosa em relação ao processo. Muitas vezes, enquanto esperava para filmar, ficava no set olhando as pessoas trabalharem, o que acontece antes da chegada dos atores, como a equipe se prepara."


"Só garotas", ela diz, foi o projeto ideal, pois era pequeno, e Maria Flor escreveu o roteiro entre amigos – teve ainda atores próximos no elenco. Entretanto, o impulso de ir para atrás das câmeras veio também por um desejo mais profundo.


"Vejo o ator um pouco como o objeto do outro. Ele está à mercê do desejo do outro, da forma que ele olha para você. Tinha vontade de romper com isto, colocando os atores que trabalham comigo como sujeitos do texto. Tanto que em 'No ano que vem' fiz escolhas neste sentido: os quadros estão fixos, há poucas coberturas de close, tudo porque queria que os atores estivessem mais livres em cena."


Maria Flor não fez nenhum curso formal para dirigir. Aprendeu observando e também se arriscando. Além das duas séries, ela dirigiu o longa "Ensaio" (2018), que nasceu para documentar o processo criativo que resultou no espetáculo "Nômades", de Márcio Abreu, com Andréa Beltrão, Mariana Lima e Malu Galli.


“NO ANO QUE VEM”

Minissérie em cinco episódios. Estreia nesta segunda (4/3), às 20h30, no Canal Brasil. Um capítulo por dia, no mesmo horário, até sexta (8/3), quando será exibida uma maratona, a partir das 23h30. Também disponível no Globoplay.

 

NOVOS PROJETOS

Romance de estreia de Maria Flor, "Já não me sinto só" (2021) está sendo adaptado por ela para o cinema. A atriz e escritora vai assinar tanto o roteiro quanto a direção do longa, produzido pela O2, tendo Manu Gavassi, Andréa Beltrão e Renato Góes no elenco.

Na história, a atriz Maria, após o fim de um relacionamento, parte para Tocantins, onde vai rodar um filme com Júlio, que conheceu em um festival de cinema e com quem teve um intenso flerte.

Além desse projeto, ela está desenvolvendo pela Fina Flor Filmes a série "A creche", na qual também deverá atuar.