"Carmen" (Luisa Francesconi), de Georges Bizet, será tema do primeiro debate "Mulheres na ópera: por um olhar feminino", com a diretora cênica Julianna Santos, hoje, na AML

crédito: Daniel Ebendinger/divulgação

“O objetivo principal dos debates é levar uma reflexão criativa, instigante e de ponta sobre questões ligadas às mulheres. Vamos falar de coisas consideradas antigas, mas sobre uma perspectiva feminista contemporânea”, diz Mirian Chrystus, coordenadora do movimento feminista Quem Ama Não Mata, sobre o projeto Sábados Feministas, que estreia hoje (9/3), às 9h30, no auditório da Academia Mineira de Letras.


“Queremos tocar as pessoas tratando de temas que promovam reflexão sobre a violência contra as mulheres que se dá de variadas formas, tanto física quanto simbólica no mundo cultural”, acrescenta a coordenadora. O ciclo de oito palestras, que contam com interpretação de libras e entrada franca, acontecem sempre no segundo sábado de cada mês. O primeiro debate deste sábado tem como tema “Mulheres na ópera: por um olhar feminino”, que tem como convidada a diretora cênica Julianna Santos.

 


POR MAIS ESPAÇOS

 

Julianna já dirigiu mais de 100 óperas. Na palestra, ela pretende discutir a presença feminina no mercado da ópera e a ligação entre as obras do repertório tradicional e o contexto da mulher na contemporaneidade. A diretora destaca a importância de lutar pela conquista de espaços femininos nesse segmento.

 


“Nós não temos habilidades menores do que os nossos colegas homens. Temos outros pontos de vista que podem construir trabalhos de uma forma mais diversa e por um aspecto que talvez o outro não seja capaz de enxergar”, diz.


A edição de hoje conta ainda com apresentações de árias interpretadas pelas cantoras líricas Lilian Assumpção e Daiana Melo, acompanhadas do pianista Fred Natalino. Personagens de óperas que Julianna já dirigiu são colocadas em foco, promovendo uma discussão dos temas femininos que atravessam essas obras.


Algumas das personagens abordadas são Alma – da ópera homônima de Cláudio Santoro, inspirada no livro “Os condenados”, de Oswald de Andrade – e Carmen, de Georges Bizet. Na ópera que se passa na Espanha durante o século 19, Carmen é uma cigana que acaba se envolvendo com o soldado Don José, um homem que desenvolve por ela um amor doentio e que a conduz a um destino fatal.


MORTE POR LIBERDADE

 

“‘Carmen’ é uma ópera sobre essa mulher que não abre mão da liberdade. Ela diz que livre ela nasceu e livre vai morrer, e é o que acontece. Ela morre por sua liberdade, como tantas mulheres ainda hoje” destaca Julianna. “Cada uma dessas óperas vão trazer aspectos diferentes do que é esse olhar feminino, das nossas conquistas e dos gritos de liberdade que gostaríamos de dar.”


Mirian Chrystus adianta temas das próximas edições do Sábados Feministas, que trazem ao debate a importância de Simone de Beauvoir, o feminismo negro e a educação anti-racista, moda decolonial e o voto feminino no Brasil.


“Queremos fazer as ideias feministas circularem”, afirma Mirian. “Nós vivemos em uma sociedade patriarcal, machista e violenta. O discurso da violência é preponderante. Nossa luta é fazer outro discurso circular, o da liberdade, do respeito e da valorização das mulheres.

 

SÁBADOS FEMINISTAS – “MULHERES NA ÓPERA: POR UM OLHAR FEMININO”
Estreia neste sábado (9/3), às 9h30, no auditório da Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia 1.466 – Lourdes). Entrada franca.

* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro