Estrela de uma nova geração do violão clássico brasileiro, a paulista Gabriele Leite faz, nesta terça-feira (12/3), no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas, uma apresentação que marca a abertura do Festival de Maio. Idealizado pela pianista Celina Szrvinsk e realizado desde 2013, o evento tem a proposta de formar público, divulgar a música brasileira de concerto, homenagear músicos e compositores nacionais e apresentar artistas de destaque no cenário musical brasileiro e internacional.


Gabriele vai executar temas de Villa-Lobos, Francisco Tárrega, William Walton e Edino Krieger. Ela diz que esse programa apresenta tanto temas registrados em seu álbum de estreia, “Territórios”, lançado no ano passado, quanto outros com que tem trabalhado em seu doutorado em performance musical pela Stony Brook University, em Nova York, onde vive atualmente. “São peças que contemplam um pouco desse violão romântico do início do século 20”, aponta.

 




Atualmente com 26 anos, ela foi apontada pela Forbes, em 2020, como uma das 30 celebridades abaixo dos 30 anos. Em 2022, recebeu o prestigioso prêmio “Segovia e Rose Augustine” pela Manhattan School of Music, onde realizou seu mestrado. Entre suas conquistas, destacam-se, ainda, os prêmios “Hubert Kuppel” (Alemanha) e “Lillian Fuchs Chamber Music Competition” (EUA)


PAIXÃO DE INFÂNCIA

 

Natural de Cerquilho, interior de São Paulo, filha de uma costureira e um mecânico industrial, Gabriele vem trilhando sua carreira desde muito cedo. Quando criança, demonstrou fascínio pelo violão, iniciando o aprendizado no Instituto Guri, mantido pelo Centro Cultural São Paulo para educação musical de crianças e adolescentes. Em 2016, ingressou no bacharelado com habilitação em violão pelo Instituto de Artes da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp).


Sobre “Territórios”, que, além de Edino Krieger, Villa-Lobos e William Walton também traz composição de Sérgio Assad, ela diz que reflete as mudanças em sua vida. “Villa-Lobos vem de quando eu ainda estava estudando no conservatório de Tatuí (SP). Depois me mudei para São Paulo e me aproximei da obra de Edino Krieger. O Sérgio Assad é um cara muito importante na minha vida, foi ele quem falou que eu tinha que vir estudar nos Estados Unidos”, diz.


Ela destaca que seu trabalho é voltado exclusivamente para a interpretação, o que não exclui uma instância criativa. “Meu estudo, desde o mestrado, é sobre performance, essa coisa de trabalhar os compositores criando minha própria leitura das peças. Edino Krieger, por exemplo, eu mostro em concursos internacionais e as pessoas ficam muito impressionadas. É quase um lado B do violão clássico”, ressalta.


Sobre o título de seu debute fonográfico, Gabriele diz que alude tanto às mudanças ao longo de sua vida quanto à ocupação de um lugar onde quer estar. “Sou uma mulher preta, de origem humilde, que toca música clássica. Os palcos em que me apresento são um território que estou abrindo, para que outras possam vir junto. Penso no sentido total e abrangente da palavra, mostrando que o Brasil também pode ser diverso no universo da música clássica, que ainda é atravessado por essa ideia de que é uma coisa elitista”, aponta.


TEMPORADA 2024

 

A Temporada 2024 do Festival de Maio seguirá, em 2 de abril, com o concerto da Família Barros e amigos, homenageando Wiliam Barros e Dona Maria Aparecida Barros, sob a regência de Marco Antônio Drummond. Em 7 de maio, acontece o “Recital Brahms”. No dia seguinte, 8 de maio, será realizado recital de música brasileira, homenageando o pianista Michael Uhde.


FESTIVAL DE MAIO


Concerto de abertura com a violonista Gabriela Leite, nesta terça-feira (12/3), às 20h30, no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos a R$ 20 (inteira), à venda pelo Sympla e na bilheteria do teatro. Informações: (31) 3516-1360

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