O mineiro Juan Queiroz, de 24 anos, tem muito a comemorar. Não só estreou no horário nobre da Globo – ele interpreta Pitoco em “Renascer”, novela das 21h –, como estará em cartaz em dois filmes previstos para este ano.

 

Tudo isso é fruto de longa caminhada. “Comecei a fazer teatro com 10 anos, por muito tempo foi só um hobby. Em 2014, fiz um curta com o diretor Diego Rocha (“O potro”), experiência muito legal, e minha irmã se desdobrava para me acompanhar nas gravações. A partir dali, comecei a perceber a atuação como uma possibilidade de vida e trabalho”, conta Juan.

 

“Por algum tempo, fiquei desiludido, achei que não daria certo, mas a atuação me puxava de volta. Em 2017, fiz uma série com André Amparo e Cris Azzi em Belo Horizonte, a ‘Sou amor’. Pensei: ‘É isso, não tem mais volta. Não consigo fazer outra coisa que não seja atuar’.”

 



 

Sucessão de frustrações

 

O sonho de estrear na Globo demorou a se concretizar. Em 2017, o ator fez teste para “Malhação”. Não deu certo, mas ele entrou para o banco de talentos da emissora, por meio de Lauro Macedo, pesquisador de elenco. Depois, participou de testes para duas novelas das 18h, sem sucesso.

 

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Apesar da frustração, o material de Juan acabou chegando à produtora Marcela Bergamo, de “Renascer”, que o convidou para uma audição para o papel do Pitoco.

 

Remake assinado por Bruno Luperi, “Renascer” se inspira no folhetim de Benedito Ruy Barbosa que estreou em 1993 e fez muito sucesso. “O contato com o público é maravilhoso. Acho incrível estar na casa das pessoas em rede nacional”, comenta o jovem mineiro.

 

“Assisti à estreia do meu personagem com a Lívia Silva, atriz que faz a Teca, e comentei com ela que tinha a impressão de que a novela estava passando só na nossa televisão. Não tenho dimensão do que é estar na casa de 80 milhões de pessoas. É incrível!”, diz.

 

Neno (Gabriel Lima da Silva), Teca (Lívia Silva) e Pitoco (Juan Queiroz): jovens que enfrentam a dura realidade dos moradores de rua em "Renascer"

Estevam Avellar/Globo/divulgação
 

 

Pitoco é um jovem em situação de rua que vive no Rio de Janeiro. Amigo de Neno (Gabriel Lima da Silva) e Teca (Lívia Silva), por quem é secretamente apaixonado, a vida do rapaz não é fácil.

 


“É um garoto muito apaixonado – não me refiro só à paixão pela Teca, mas à paixão pela vida. Às vezes, quando consegue apenas comer e ter um momento de decência, ele gosta de sentar na praia e se sentir vivo”, observa Juan.

 

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Oberdan Júnior deu vida a Pitoco na primeira versão de “Renascer”. O mineiro se inspirou no trabalho dele, mas conta que trouxe “outras camadas” para o personagem.

 

 

“Assisti à primeira versão e procurei referências do que Oberdan tinha feito. Mas nós somos muito diferentes: de início, tem o fato de eu ser uma pessoa preta e ele não. Isso muda muito, porque, na composição de personagens, meu corpo desnudo de qualquer tipo de construção e fisicalidade já diz muita coisa”, explica Juan. “Fui muito em cima da adaptação do Bruno Luperi, peguei um pouco daquele olhar inocente do Oberdan e tentei fazer uma mescla disso tudo.”

 

No cinema

 

A estreia na Globo é apenas uma das conquistas do jovem ator em 2024. No cinema, ele faz parte do elenco da comédia “Passagrana”, dirigida por Rafael Cabral.

 

Juan adianta que o filme tem pegada parecida com “Onze homens e um segredo”, do diretor americano Steven Soderbergh, mas totalmente brasileira.

 

O longa conta a história de Linguinha, personagem dele, Zoinhu (Wesley Guimarães), Mãodelo (Elzio Vieira) e Alãodelom (Wenry Bueno). Cansados de aplicar pequenos golpes para sobreviver, os amigos se arriscam num esquema que os coloca na mira da gangue do policial corrupto Britto (Caco Ciocler).

 


Juan também participa de “O pinguim e o pescador”, seu primeiro longa em língua inglesa. Dirigida pelo brasileiro David Schurmann e protagonizada pelo francês Jean Reno, a produção foi comprada pelo Festival de Berlim para ser exibida nos Estados Unidos, por meio da Lionsgate. Os dois filmes têm estreia prevista para este ano no país, mas as datas ainda não foram definidas.

 

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

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