Nos EUA, “Sylvia” estreou em 1995 como espetáculo de médio porte na off-Broadway (teatros menores do que os da Broadway). Já na primeira montagem, o musical mostrava sua ambição: Sarah Jessica Parker era a protagonista.

 

Em 2015, a peça entrou na Broadway de fato, com Annaleigh Ashford no lugar da estrela de “Sex and the city”, e passou de espetáculo de médio porte para uma das grandes revelações da época, recebendo, inclusive, excelentes avaliações de importantes críticos dos EUA.


Ninho vazio

 

No Brasil, “Sylvia” estreou em 2019, também sendo muito bem recebida pela crítica. Ficou em cartaz até 2020, quando a pandemia do coronavírus chegou ao país. Com o retorno das atividades presenciais, em 2022, a montagem brasileira de “Sylvia” voltou a rodar pelo país. Neste final de semana, o espetáculo chega a BH, no Grande Teatro do Sesc Palladium.

 




Mas do que se trata essa peça, afinal? E por que ela encantou tanta gente?


“É um espetáculo que aborda a síndrome do ninho vazio, a individualidade dentro de um relacionamento, a responsabilidade afetiva e também o mito do bom selvagem, de Rousseau”, diz a atriz Simone Zucato. Além de traduzir e idealizar de “Sylvia”, ela interpreta a personagem-título. O elenco conta ainda com Cassio Scapin (Greg); o Nino, de "Castelo Rá-Tim-Bum", Vera Zimmermann (Kate) e Thiago Adorno, que se divide em papéis secundários.


Para entender o que Zucato está dizendo, é importante dar um breve resumo da peça. Escrita por A. R. Gurney (1930-2017), “Sylvia” é basicamente a história de um banqueiro em crise de meia-idade (Cassio Scapin) vivendo em um casamento morno. Ele encontra uma cadelinha vira-lata num parque e decide levá-la para casa, numa verdadeira afronta à sua esposa, que está farta de cachorros.


Cachorra humanizada

 

A cadelinha é Sylvia (papel de Simone Zucato). Mais do que um simples pet, ela se torna uma espécie de agente transformador na vida daquele casal, fazendo marido e mulher refletirem e discutirem as crises que estão vivendo no relacionamento.


“Nossa maior preocupação foi não infantilizar Sylvia”, conta o diretor Gustavo Wabner. “Pelo fato de ser uma mulher interpretando essa cadelinha, corríamos esse risco de seguir por um caminho que não condiz com a dramaturgia. Porque o texto original é mais denso, com camadas mais profundas de interpretação, abordando as transformações da vida. Então, como diretor, tentei humanizar o máximo possível essa protagonista que chega nesse núcleo familiar em período de transição. Ela é uma cachorra, mas não late, não fica de quatro e não sai gritando como um cachorro”, acrescenta.


Outro cuidado que o diretor teve foi o de permanecer fiel ao texto original, sem abrasileirar a obra. “Além de ser uma relação de respeito com o texto, também tinham questões de direitos autorais. Fazer qualquer mudança seria uma burocracia imensa.”


“SYLVIA”
Texto: A. R. Gurney. Direção: Gustavo Wabner. Com Simone Zucato, Cassio Scapin, Vera Zimmermann e Thiago Adorno. No Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046 – Centro). Neste sábado (23/3), às 21h; e domingo (24/3), às 19h. Ingressos à venda por R$ 90 (plateia 1/inteira), R$ 75 (plateia 2/inteira) e R$ 39,60 (ingressos populares/inteira) no site do Sympla ou na bilheteria do teatro. Meia-entrada na forma da lei. Informações: (31) 3270-8100.

 


Outros espetáculos

 

>>> “MAIO, ANTES QUE VOCÊ ME ESQUEÇA”

Texto e Direção: Jair Raso. Com Ilvio Amaral e Maurício Canguçu. Peça aborda a relação de um homem em estágio avançado de Alzheimer com seu filho. Hoje e amanhã (22 e 23/3), às 20h; domingo (24/3), às 18h, no Teatro da Cidade (Rua da Bahia, 1.341, Centro). Ingressos à venda por R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), na bilheteria do teatro ou pelo Sympla. Promoção do teatro: Na compra de um ingresso, o segundo sai de graça.

 

>>> “O FUTURO DA HUMANIDADE”

Texto adaptado de obra de Augusto Cury. Direção: Rogério Fabiano. Com Kadu Moliterno, Pedro Pilar, Guilherme Uzeda e Thalita Drodowsky. Jovem psiquiatra se rebela contra os métodos de tratamento psiquiátricos convencionais e propõe novo tipo de abordagem. No teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Amanhã (23/3), às 20h; domingo (24/3), às 18h. Ingressos à venda no Sympla ou na bilheteria local, por R$ 140 (setor 1/inteira), R$ 120 (setor 2/inteira) e R$ 90 (setor 1 e 2/solidário, mediante doação de 1kg de alimento não perecível).

 

>>> “SALOMÉ”

Baseado na obra de Eugênio de Castro (1869-1944). Com Regina Perocini, Johnny Herno, Marco Herrera e grupos Rosas do Vento. A partir da vida da personagem bíblica que dá nome ao espetáculo, a peça propõe reflexão sobre papéis impostos à mulher ao longo dos séculos. No Teatro de Bolso Sesiminas BH (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia). Amanhã, (23/3), às 19h. Ingressos à venda por R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), no Sympla ou na bilheteria local.


>>> “COMO SUPERAR A TRAIÇÃO”

Elenco, texto e direção: Carlos Nunes e Benetti Mendes. Cinco cenas bem-humoradas exploram as complexidades dos relacionamentos. No Grande Theatro Unimed BH do Cine Theatro Brasil Vallourec (Av. Amazonas, 315, Centro). Amanhã (23/3), às 21h. Nos dias 29, 30 e 31/3, no Teatro Nossa Senhora das Dores (Av. Francisco Sales, 77, Floresta). Sexta e sábado, às 21h; domingo, às 19h. Ingressos à venda por R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), no Eventim, Sympla ou nas bilheterias locais.

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