Conhecido por filmes de suspense com surpreendentes reviravoltas, M. Night Shyamalan ganha mostra no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes. Até 11 de abril, serão exibidos os 15 longas do diretor indiano-estadunidense.

 


“A mostra trata de temas interessantes neste momento de Semana Santa. Shyamalan trabalha a chave da religiosidade no cinema de gênero, em filmes de super-heróis e ficção científica, por exemplo”, diz Vitor Miranda, gerente de Cinema da Fundação Clóvis Salgado (FCS).

 

The Kennedy/Marshall/ reprodução - Haley Joel Osment interpreta o garoto que vê gente morta em "O sexto sentido"

 


Além da obra de Shyamalan, que vem sendo exibida desde a última quinta-feira (28/3), estarão disponíveis on-line longas de outros diretores que dialogam com ao trabalho dele. Eles poderão ser conferidos no site CineHumbertoMauro

 

MAIS

 

“Guerra dos mundos” (1953), de Byron Haskin, remete a “Sinais”, de Shyamalan, que narra invasões da Terra por alienígenas. Por sua vez, “A morta-viva” (1943), de Jacques Tourneur, e “O parque macabro” (1962), de Herk Harvey, combinam a exploração da psique humana com elementos sobrenaturais e de terror, características presentes em “Fragmentado” (2016) e “O sexto sentido” (1999), dirigidos por Shyamalan.

 


A mostra vai dos primeiros filmes dele, como “Olhos abertos” (1998) e “O sexto sentido” (1999), a produções mais recentes, caso de “Tempo” (2021) e “Batem à porta” (2023).

 



 

Shyamalan, de 53 anos, chamou a atenção já no início da carreira, aos 30, com “O sexto sentido”. O longa acompanha o psicólogo Malcolm Crowe (Bruce Willis) e Cole (Haley Joel Osment), de 8 anos, garoto que vê pessoas mortas.


Indicado a seis categorias do Oscar, incluindo melhor filme e melhor diretor, não conquistou estatuetas – “Beleza americana” levou cinco delas –, mas transformou o cineasta em estrela de Hollywood, destacando-se por explorar elementos sobrenaturais e ir de encontro a tudo o que o espectador pensa saber sobre a trama. “O sexto sentido” custou US$ 40 milhões e faturou quase US$ 700 milhões nas salas de cinema.

 

 

Espiritualidade, religião e patologia

 


Vitor Miranda comenta que o cineasta trata com frequência a questão da espiritualidade em suas produções, usando elementos religiosos como metáfora.

 


“A cada filme, parece que o Shyamalan está fazendo uma nova pergunta em relação à fé. Em 'A vila' (2004), ele trata a religião como questão social, quase como patologia. Em 'Sinais' (2002), os elementos religiosos são elementos de redenção”, afirma.

 

 


Apesar de abordagens inusitadas de temas assim por meio do terror, suspense e ficção científica, alguns filmes de Shyamalan não agradaram a público e crítica por pecarem na execução. Vitor Miranda observa, porém, que mesmo os longas mais controversos dele costumam gerar discussões interessantes.

 


“Até filmes que não fizeram muito sucesso têm admiradores, por isso achamos legal passar todos de forma conjunta. É realmente um exercício de retrospectiva do autor. Por haver polêmica na carreira dele, vamos oferecer sessão comentada de “A dama na água” (2006), que talvez seja o seu primeiro longa controverso”, afirma.

 


Em 2 de abril, dia da exibição de “A dama na água”, haverá palestra do professor José Ricardo Miranda Jr. sobre as dinâmicas da fé. Ele vai abordar a obra de Shyamalan a partir do sagrado. Haverá emissão de certificado.

 


“Mesmo se a pessoa não gostar de um filme ou outro, é inegável que o diretor tem personalidade e autoria, ocupando um lugar interessante no cinema contemporâneo”, conclui Vitor Miranda.

 

 

“SHYAMALAN: DINÂMICAS DA FÉ”


Até 11/4, no Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada franca, mediante retirada de ingressos na bilheteria uma hora antes de cada sessão. Programação completa no site fcs.mg.gov.br

 

CONFIRA

 

NESTE SÁBADO (30/3)


15h: “O último mestre do ar”, de M. Night Shyamalan
17h: “Depois da Terra”, de M. Night Shyamalan
19h: “Fim dos tempos”, de M. Night Shyamalan

 

DOMINGO (31/3)


18h: “A visita”, de M. Night Shyamalan
20h: “Demônio”, de John Erick Dowdler

 

TERÇA (2/4)


16h: “A dama na água”, de M. Night Shyamalan, com sessão comentada
18h15: Palestra “As dinâmicas da fé”, de José Ricardo Miranda Jr.
20h15: “Batem à porta”, de M. Night Shyamalan

 

QUARTA (3/4)


15h: “Vidro”, de M. Night Shyamalan
17h30: “Tempo”, de M. Night Shyamalan
20h: “O sexto sentido”, de M. Night Shyamalan

 

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

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