Beyoncé não se intimidou com insultos racistas quando lançou a canção

Beyoncé não se intimidou com insultos racistas quando lançou a canção "Daddy lessons", em 2006, e muito menos com críticos que torceram o nariz para "Cowboy Carter"

crédito: Instagram/reprodução


“Posso ser seu guarda-costas”, “Você pode ser meu guarda-costas”, diz Beyoncé em uma das canções de seu novo álbum, “Cowboy Carter”, com 27 faixas, lançado na última sexta-feira (29/4). Sem perder tempo, os moradores de Houston, Texas, cidade natal da estrela pop, vestiram o chapéu de caubói e assumiram a tarefa.

 

Como na canção que fala de amor e proteção, os moradores da cidade texana decidiram abraçar sua diva horas depois do lançamento de seu novo trabalho com 27 faixas, homenagem à ancestralidade afro-americana da música country – por décadas dominada por homens brancos, que dão as regras do gênero.

 

 

Disco com mais streamings do ano em apenas um dia no Spotify, calcula-se “Cowboy Carter” deve arrecadar US$ 37 milhões.

 

Na pista... de patins

 

Mas o esquadrão de “Queen Bey” não chega a cavalo para defendê-la. Reúne-se em uma pista de gelo de Houston para patinar e dançar, enquanto o DJ toca as novas canções.

 

“A mulher negra não pode fazer música country? Beyoncé pode fazer qualquer música, e todas as mulheres negras podem fazer o que quiserem. Por isso Beyoncé sempre está aí, assegurando-se de que todos saibamos disso. E é isso que adoro nela”, diz a empresária americana Lindsey Cooksen, de 41 anos.

 

Fãs de Beyoncé dançam ao som de "Cowboy Carter" em pista de patinação em Houston

Fãs de Beyoncé dançam ao som de "Cowboy Carter" em pista de patinação em Houston, terra natal da cantora

Mark Felix/AFP

 


“Beyoncé representa Houston, sempre diz que é uma garota do country no fundo do coração. É completamente lógico, não sei por que se confundem. Nós nos sentimos orgulhosos dela”, acrescenta.

 

“Cowboy Carter” é a segunda parte da trilogia “Renaissance”. O country é temperado com pitadas de rap, dance, soul, rock, gospel e até funk carioca (na faixa “Spaguettii”, com melodia de “Aquecimento das danadas”, do DJ carioca O Mandrake e participação do DJ Xaropinho).

 

Beyoncé sofreu insultos racistas em 2016 por sua canção country “Daddy lessons”. Em fevereiro passado, quando lançou “Texas hold 'Em”, que viralizou nas redes sociais, e “16 carriages”, em antecipação ao novo álbum, alguns críticos não viram sentido em suas criações. Mas isso não a deteve.

 

“Mulheres negras sempre cantaram country, isso não é novo (...) Ela está aproximando a música country de artistas pop e pessoas que não conhecem seu contexto. Sendo de Houston e do Texas, sempre cantamos música country”, diz Candice Wiliams, professora de 43.

 

Linda Martell, artista negra pioneira da música country

Linda Martell, artista negra pioneira da música country, enfrentou o racismo e inspirou Beyoncé

Linda Martell/site oficial

 

Linda Martell

 

No álbum “Cowboy Carter”, além de colaborações de ícones do country como Willie Nelson e Dolly Parton, a maior ganhadora de prêmios Grammy da história convidou artistas negros contemporâneos do gênero.

 

“O álbum presta homenagem a muitos dos grandes artistas negros que originalmente começaram na música country, mas infelizmente foram excluídos, como Linda Martell. E também incentiva novos artistas country negros que talvez não tiveram o que mereciam”, comenta Austin Davis Ruiz, funcionário público, de 29.

 

"Muita gente não sabe que a música country começou conosco, com os negros americanos”, afirma a enfermeira Lashria Hadley, de 41.