“Posso ser seu guarda-costas”, “Você pode ser meu guarda-costas”, diz Beyoncé em uma das canções de seu novo álbum, “Cowboy Carter”, com 27 faixas, lançado na última sexta-feira (29/4). Sem perder tempo, os moradores de Houston, Texas, cidade natal da estrela pop, vestiram o chapéu de caubói e assumiram a tarefa.
Como na canção que fala de amor e proteção, os moradores da cidade texana decidiram abraçar sua diva horas depois do lançamento de seu novo trabalho com 27 faixas, homenagem à ancestralidade afro-americana da música country – por décadas dominada por homens brancos, que dão as regras do gênero.
Disco com mais streamings do ano em apenas um dia no Spotify, calcula-se “Cowboy Carter” deve arrecadar US$ 37 milhões.
Na pista... de patins
Mas o esquadrão de “Queen Bey” não chega a cavalo para defendê-la. Reúne-se em uma pista de gelo de Houston para patinar e dançar, enquanto o DJ toca as novas canções.
“A mulher negra não pode fazer música country? Beyoncé pode fazer qualquer música, e todas as mulheres negras podem fazer o que quiserem. Por isso Beyoncé sempre está aí, assegurando-se de que todos saibamos disso. E é isso que adoro nela”, diz a empresária americana Lindsey Cooksen, de 41 anos.
“Beyoncé representa Houston, sempre diz que é uma garota do country no fundo do coração. É completamente lógico, não sei por que se confundem. Nós nos sentimos orgulhosos dela”, acrescenta.
“Cowboy Carter” é a segunda parte da trilogia “Renaissance”. O country é temperado com pitadas de rap, dance, soul, rock, gospel e até funk carioca (na faixa “Spaguettii”, com melodia de “Aquecimento das danadas”, do DJ carioca O Mandrake e participação do DJ Xaropinho).
Beyoncé sofreu insultos racistas em 2016 por sua canção country “Daddy lessons”. Em fevereiro passado, quando lançou “Texas hold 'Em”, que viralizou nas redes sociais, e “16 carriages”, em antecipação ao novo álbum, alguns críticos não viram sentido em suas criações. Mas isso não a deteve.
“Mulheres negras sempre cantaram country, isso não é novo (...) Ela está aproximando a música country de artistas pop e pessoas que não conhecem seu contexto. Sendo de Houston e do Texas, sempre cantamos música country”, diz Candice Wiliams, professora de 43.
Linda Martell
No álbum “Cowboy Carter”, além de colaborações de ícones do country como Willie Nelson e Dolly Parton, a maior ganhadora de prêmios Grammy da história convidou artistas negros contemporâneos do gênero.
“O álbum presta homenagem a muitos dos grandes artistas negros que originalmente começaram na música country, mas infelizmente foram excluídos, como Linda Martell. E também incentiva novos artistas country negros que talvez não tiveram o que mereciam”, comenta Austin Davis Ruiz, funcionário público, de 29.
"Muita gente não sabe que a música country começou conosco, com os negros americanos”, afirma a enfermeira Lashria Hadley, de 41.