Grande voz da literatura francófona, a escritora de Guadalupe Maryse Condé morreu, aos 90 anos, na madrugada desta terça-feira (2/4), no hospital de Apt (Vaucluse), segundo informou à AFP seu marido, Richard Philcox.
Nascida em Pointe-à-Pitre em 11 de fevereiro de 1934, Maryse Condé abordou em seus 30 livros temas como África, a escravidão e as múltiplas identidades negras.
Também era muito conhecida nos Estados Unidos, onde viveu por vinte anos em Nova York. Na cidade americana, inaugurou e dirigiu um centro de estudos francófonos na Universidade de Columbia.
"Sempre trabalhei com ela em diferentes editoras e admirava profundamente sua influência, sua coragem. Inspirou muitos escritores a iniciar uma carreira", declarou à AFP seu editor, Laurent Laffont.
Até o final de sua adolescência, Maryse Condé não havia se percebido negra. Nunca tinha ouvido falar da escravidão nem da África. Sua mãe, professora, a proibiu de falar crioulo e a obrigou a aprender francês. Somente aos 19 anos, quando chegou a Paris, que se deu conta da barreira que sua cor de pele impunha.
Começou a escrever aos 42 anos, após 12 anos de dificuldades, e conseguiu, graças a Richard Philcox, que se tornou seu tradutor. Em 1976, publicou Heremakhonon, depois Segu (1984-1985), um sucesso de vendas, sobre o império bambara no século 19 no Mali. Seu nome foi mencionado diversas vezes para o Prêmio Nobel de Literatura.
No Brasil, os livros de Maryse Condé foram publicados por várias editoras. O coração que chora e ri saiu pela Bazar do Tempo em 2023 e venceu do prêmio Marguerite Yourcenar. Foi publicado originalmente em 1999 e é um livro de memórias da própria autora. É um livro sobre a infância em uma família burguesa, o desabrochar para a independência e para o conhecimento, sobre a descoberta da própria identidade negra e o retorno às raízes. O fabuloso e triste destino de Ivan e Ivana, publicado pelo Rosa dos Tempos, conta a história de um casal de gêmeos e Eu, Tituba, bruxa negra de Salem retoma uma história trágica do século 17. Esse romance venceu o New Academy Prize 2018 e é um dos mais conhecidos de Condé.
Com informação da Agência France Press