O quarteto brasileiro avalia que o retorno do interesse pelo emo no país segue uma tendência internacional -  (crédito: Rodrigo Takeshi/Divulgação)

O quarteto brasileiro avalia que o retorno do interesse pelo emo no país segue uma tendência internacional

crédito: Rodrigo Takeshi/Divulgação

Fenômeno do início dos anos 2000, a banda Restart está de volta à estrada com a turnê “Pra você lembrar”. Ainda na época dos CDs, Pe Lu, Pe Lanza, Thomas e Koba chegaram a vender mais de meio milhão de discos, estamparam pôsteres que serviam de decoração nos quartos de milhares adolescentes e marcaram presença nos maiores palcos e veículos de imprensa do país.


No início da carreira, ainda com idades entre 16 e 17 anos, o quarteto viveu a passagem da adolescência para a vida adulta trabalhando e tocando sem parar. As maratonas de shows e o excesso de exposição foram tão meteóricos que, em 2015, eles sentiram necessidade de dar uma pausa para fugir do esgotamento.

 


O hiato foi anunciado via Facebook e, diferentemente do que fazem muitos artistas, não foi precedido de algum gesto de despedida, como o lançamento de um single ou o anúncio de um show. Depois do respiro, os amigos que se conheceram no colégio e agora estão na casa dos 30 vêm rodando o país desde 2023 para realizar uma despedida oficial dos palcos.


“A Restart se fez presente na vida de um monte de gente, ela marcou momentos importantes nas nossas vidas e nas vidas dos fãs. Assim como eles, a gente também estava vivendo os primeiros amores, os primeiros términos, o início de amizades”, diz o cantor e guitarrista Pe Lu. “Perceber como a banda marcou a vida dessas pessoas é muito gostoso. Acho que a Restart sempre vai ter um lugar guardado no coração de cada um.”


Novos arranjos

Neste sábado (6/4), o grupo se despede do público mineiro com show no Arena Hall. O repertório inclui músicas de seus quatro discos, como “Levo comigo”, “Menina estranha” e “Recomeçar”, com o som repaginado. “A gente amadureceu e cresceu tanto musicalmente que não vamos conseguir tocar totalmente igual como era antes. Fizemos arranjos parecidos só que mais maduros, com outra linguagem. Mas, se você escutar, continua sendo Restart”, diz Thomas.

 


O visual marcante e colorido da banda também ganhou ares mais modernos e amadurecidos. As calças não são mais tão justas e os cabelos estão menos ousados. “É a Restart 30+”, brincam Pe Lu e Thomas.


O retorno de bandas que fizeram sucesso no início do século não é novidade. NX Zero e Cine, por exemplo, também fizeram sua retomdada. Pe Lu avalia que a tendência é reflexo da pandemia, que tornou as pessoas mais nostálgicas.


 

Thomas, por sua vez, opina que essa onda de retorno está relacionada à volta do emo no exterior, de que são exemplos My Chemical Romance, Paramore e Avril Lavigne. “É uma coisa que o Brasil já faz há algum tempo: olhar para o que está acontecendo na gringa para fazer também. O emo não morreu, gente. Ele está vivíssimo”, afirma.


O festival I Wanna Be, realizado no mês passado em diversas cidades, inclusive BH, parece ter comprovado o ponto de Thomas e Pe Lu sobre uma onda emo no país. O retorno do subgênero do rock que por muitos anos serviu como forma de aceitação das diferenças daqueles que não queriam se encaixar nos padrões é de fato uma das tendências do momento, tanto na música quanto na moda.


Pedro Lucas aponta que outro empurrão para a volta da Restart foi a comemoração dos 15 anos de criação da banda, cuja trajetória foi marcada por fãs fervorosos e haters na mesma medida. O quarteto foi um dos primeiros alvos de ataques em massa na internet e, embora agora em menor proporção, os ataques retornaram.

 

Alvo de ódio


Pe Lu diz que hoje o grupo lida com o ódio por meio da autoconsciência. “Quando você tem claro o que você quer fazer e para quem você está fazendo, os ataques obviamente podem te incomodar, podem pegar um pouquinho, mas é uma sensação que não dura porque, no fim, você está firme no seu propósito. Então, nesse momento, acho que a gente tem isso numa potência mil”, afirma.


Ele cita o teor homofóbico característico de muitos comentários recebidos pela banda. “Isso fez a gente criar uma percepção mais empática do tamanho da dor de você ser uma pessoa LGBT e também criou na gente uma relação de um lugar seguro com as pessoas”, afirma.


“A gente tinha um discurso à época com muito menos complexidade, muito menos aprofundamento, mas que servia um pouco como ‘Cara, seja o que você quiser, veste o que você quiser, faz o que você quiser, se relaciona com quem você quiser’. Isso se refletia nas pessoas que acompanhavam a gente.”


O fim da turnê “Pra você lembrar” está previsto para outubro. “Quando acabar, acabou. As pessoas não acreditam muito nisso, mas, no nosso caso, essa é uma turnê que tem começo, meio e fim. E só faz sentido por causa disso”, diz Pe Lu.


“PRA VOCÊ LEMBRAR

Show do Restart, neste sábado (6/4), às 20h30, no Arena Hall (Av. Nossa Senhora do Carmo, 230 - Savassi). Ingressos à venda no site Ticket360, a R$ 130 (pista), R$ 110 (arquibancada) e R$ 240 (front stage), valores referentes à inteira.