O cantor e compositor José Augusto fez uma ponta em "Evidências do amor" e diz que se saiu bem como ator -  (crédito: FLR/divulgação)

O cantor e compositor José Augusto fez uma ponta em "Evidências do amor" e diz que se saiu bem como ator

crédito: FLR/divulgação

A partir do final dos anos 1980 e durante a década seguinte, José Augusto foi onipresente nas trilhas sonoras de novelas da Globo. Com músicas de grande alcance popular, ele era figurinha carimbada nos programas de auditório, o que lhe garantia vitrine permanente. Agora o nome do cantor e compositor volta à baila com “Evidências do amor”, na condição de autor, ao lado de Paulo Sérgio Valle, da canção que inspira o filme, “Evidências”, sucesso da dupla Chitãozinho e Xororó.

 
Não dá para falar em resgate, porque, apesar de o lançamento de inéditas ter se tornado mais sazonal ao longo dos últimos anos, José Augusto mantém agenda regular de shows. De qualquer forma, “Evidências do amor”, estrelado por Fabio Porchat e Sandy, vem em muito boa hora, pois o artista está prestes a dar a largada na turnê comemorativa de seus 50 anos de carreira.

 

 

Brasil, África e Portugal

 

Com estreia no próximo sábado (20/4), no Rio de Janeiro, a temporada vai durar pelo menos até dezembro, com datas em diversas cidades brasileiras, além de Maputo (Moçambique), Estoril, Porto e Lisboa (Portugal).

 
“A expectativa é a melhor possível, porque são 50 anos do ofício que abracei com amor e pelo qual continuo tendo o mesmo amor. Para mim, é como se fosse a primeira vez, sempre”, diz José Augusto.
Com trajetória extensa e recheada de sucessos, ele revela a dificuldade de elaborar o roteiro da apresentação. Uma solução foi apresentar trechos de suas canções condensados na abertura do show.

 

“Lógico que ficou muito material de fora. O que orienta a seleção do repertório é sempre a mesma coisa: a opinião do público. As pesquisas que a gente faz nas redes sociais também determinam o roteiro”, destaca.

 

 

Estarão presentes na turnê “Chuvas de verão”, “Separação”, “Indiferença”, “Sábado” e “Fantasias”, além, claro, de “Evidências”. Músicas de outros autores compõem o repertório, como “Ainda ontem chorei de saudade”, de Moacyr Franco, e “Eu te amo, te amo, te amo”, de Roberto Carlos.

 

O cantor faz duas rápidas cenas no filme. José Augusto conta que o convite partiu do diretor Pedro Antônio. “Ele queria muito que as pessoas soubessem que sou um dos autores de 'Evidências'. Foi uma experiência maravilhosa. Fábio Porchat é ator espetacular, me deixou muito à vontade, me deu muitos toques. Aprendi muito com ele e, apesar de a participação ser pequena, acho que me saí bem.”

 

A questão da autoria atravessa todo o filme. O personagem de Porchat exibe o orgulho de saber quem compôs “Evidências”, o que deixa subentendido que muita gente ignora os compositores do clássico da música romântica.

 

“O José Augusto cantor ajuda o José Augusto compositor a ser mais conhecido, mas sem dúvida o intérprete chega às pessoas bem mais que o autor. Estou habituado com isso. De fato, penso que poucas pessoas sabem que 'Evidências' é composição minha. Foi um sucesso tão grande com Chitãozinho e Xororó que todo mundo acha que é deles, mas o filme vai ajudar a levar para as pessoas a informação de que sou o autor”, afirma.

 

Leia: Comédia romântica "Evidências do amor" cumpre o que promete

 

Ao comentar sua trajetória, ele diz que, ao olhar pelo retrovisor, reencontra o garoto de 12 anos que andava com o violão em punho por Santa Teresa, no Rio de Janeiro, onde foi criado.

 

“Vejo o menino que sonhou que ia ser cantor profissional, que ia compor. Tenho saudade do tempo em que andava pelas ruas do meu bairro. As pessoas me olhavam e diziam: 'Que legal que você canta, boa sorte'. Também me lembro de outras coisas lindas que passei na vida desfrutando da minha música.”

 


Mudanças

 

José Augusto diz que houve várias mudanças desde seu primeiro álbum, lançado em 1973. “O jeito de escrever, a maneira de fazer as harmonias, a coisa de dividir ideias com os parceiros, tudo isso mudou. Existe a busca constante de tentar falar de amor de formas diferentes”, explica.

 

A própria evolução tecnológica exige novos modos de lidar com a criação. “O que não mudou e não vai mudar é o fato de que continuo falando de amor, porque acredito nele”, garante.

 

A última inédita do artista foi “Um brinde ao amor”, gravada com Fábio Júnior em 2019, que ensejou a turnê homônima. “Sigo compondo e tenho muitas músicas prontas guardadas na gaveta, talvez umas 30 inéditas. Estou esperando o momento certo de gravar o novo disco. Fazer o DVD do show de 50 anos também é uma possibilidade, incluindo canções inéditas”, adianta. 

 

Obrigado, Cauby

 

Canções de José Augusto foram gravadas por Alcione, Fafá de Belém, Simone, Wanderley Cardoso, Jerry Adriani e Negritude Jr., entre muitos outros. A gravação que ele considera a mais importante é “De que vale ter tudo na vida”, registrada por Cauby Peixoto em 1972, um ano antes de sua estreia.

 

“Mesmo sem saber, Cauby mudou meu destino. A partir da gravação dele, consegui mostrar minhas músicas para outros artistas”, diz José Augusto.

 

“EVIDÊNCIAS DO AMOR”


Brasil, 2024. Direção: Pedro Antônio. Com Fabio Porchat, Sandy, Fernanda Paes Leme e José Augusto. Em cartaz nas salas dos shoppings BH, Diamond, Pátio, Cidade, Boulevard, Ponteio, Del Rey, Minas, Itáu, Big, Contagem, Estação, Norte e Betim, além do Centro Cultural Unimed BH-Minas.