Bárbara Oliveira, diretora e  protagonista de

Bárbara Oliveira, diretora e protagonista de "Frida em Fragmentos e passos", leva ao teatro sua admiração pela pintora

crédito: Heverton Silas/divulgação

 

Há 12 anos, a atriz Bárbara Oliveira não conhecia Frida Kahlo (1907-1954) para além do famoso rosto estampado em camisetas e do fato de ser importante pintora mexicana. A mulher de sobrancelhas cheias e flores no cabelo fazia parte do imaginário popular, mas só foi entrar na vida de Bárbara a partir de um trabalho da faculdade de moda que ela cursava na UniBH.

 


“Era um trabalho sobre figurino e como podemos mostrar quem somos através da vestimenta. A Frida é um exemplo disso. Ela se expressava muito bem pelas roupas que vestia”, conta a atriz. “Nós lemos um livro e assistimos a um filme sobre ela. Eu me apaixonei de cara pela mulher que Frida foi e por tudo que representou.”

 

 


O fascínio pelas obras e personalidade da artista mexicana resultou na peça “Frida em fragmentos e passos”, que estreia na Funarte MG nesta sexta (19/4) e segue com sessões sábado e domingo (20 e 21/4), a última com bate-papo após o espetáculo.

 


Bárbara assina a direção e dramaturgia, além de viver a protagonista. O processo de colocar seu interesse pela pintora no palco, no entanto, levou pouco mais de uma década.

 

 

“Na época, eu já fazia curso livre de teatro e comecei a escrever. Sempre gostei muito de desenhar, rabiscar e ter diários. Conforme estudava e lia coisas sobre Frida, colocava tudo no papel. Anos depois, reuni o material e criei o roteiro da peça”, conta.

 


“A Frida é um sonho sonhado e vivido por inteiro durante 12 anos. Quando chegou o momento de colocar o trabalho no palco, foi um momento muito nostálgico, porque revi coisas que pertenciam a uma Bárbara diferente da que sou hoje”, acrescenta a atriz.


Entre dor e pincéis

 

“Frida em fragmentos” é dividida em cinco atos que buscam retratar momentos importantes da vida da mexicana, embora não estejam dispostos necessariamente em ordem cronológica. O espetáculo começa, por exemplo, com o acidente que ela sofreu aos 18 anos.

 

Quadro de Frida Kahlo conhecido como "A coluna partida"

Quadro de Frida Kahlo conhecido como "A coluna partida"

Pedro Pardo/AFP

 


Quando o ônibus em que ela estava colidiu com um bonde em setembro de 1925, na Cidade do México, Frida sofreu inúmeras fraturas na costela, pernas, clavícula e pelve. Sua recuperação levou meses, deixando-a confinada ao hospital e posteriormente à cama de sua casa.

 


“Entendo que ela nasceu e morreu no dia em que sofreu esse acidente. O acontecimento é muito importante na vida e obra de Frida, porque foi pela dor e por ter que ficar muito tempo na cama se recuperando que começou a pintar.”

 

 


O primeiro ato da peça é chamado de “A coluna partida”, homônimo a um de seus quadros mais famosos, de 1944. “Reconstruo o momento do acidente através do texto e da dança que realizo”, detalha Bárbara.

 


O segundo ato é o único com outro ator na peça. Gustavo Pedra interpreta o também pintor Diego Rivera, grande amor de Frida e com quem ela foi casada duas vezes, apesar do relacionamento conturbado.


Solidão em autorretratos

 

A dramaturgia se encarrega de mostrar ao público a maneira com que as dores de Frida não só influenciaram sua produção artística, mas também eram refletidas nas telas que pintava. É, por exemplo, o caso dos três abortos que sofreu ao longo da vida.

 

Apesar do desejo de ser mãe, as lesões provocadas pelo acidente de ônibus tornaram difícil que ela mantivesse uma gestação. Uma das perdas é retratada no quadro “Hospital Henry Ford”, de 1932, que faz referência ao local onde perdeu o segundo filho.

 


Além das telas que retratam suas dores físicas e emocionais, Frida é famosa pelos seus autorretratos. Segundo a própria artista em um de seus diários, ela se pintava por estar frequentemente só e por ser aquilo que conhecia mais profundamente.

 

Quadro "Henry Ford Hospital", de Frida Kahlo

Quadro "Henry Ford Hospital", de Frida Kahlo

Reprodução

 


“Existem momentos da peça em que o meu corpo está desenhado como se fosse um dos quadros dela. As pessoas que sabem da vida da Frida e que conhecem sua obra ficam encantadas porque veem no palco aquela pintura viva”, diz a atriz.

 

"Diego in my mind", autorretrato de Frida Kahlo

"Diego in my mind", autorretrato de Frida Kahlo

Alberto Pizzoli/AFP
 


Revolucionária

 

O espetáculo une dança e poesia. Segundo Bárbara Oliveira , a apresentação coloca o público dentro do universo de Frida e transmite beleza e conforto na mesma medida em que impacta ao revelar uma vida marcada pela dor, alegria e arte.


“Quem conhece a história da Frida fica encantado em reconhecer no palco momentos, obras e frases importantes da sua vida. Quem não conhece, sai intrigado, querendo pesquisar e saber mais sobre ela. Frida não foi apenas uma mulher sofrida e revolucionária. Ela foi essas coisas também, mas, ao mesmo tempo, muito mais.”


“FRIDA EM FRAGMENTOS E PASSOS”


Nesta sexta e sábado (19 e 20/4), às 20h, e domingo (21/4), às 19h, na Funarte MG (Rua Januária, 68 – Centro). Ingressos: R$ 35 (inteira) , à venda na plataforma Sympla.

 


* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro


OUTRAS PEÇAS EM CARTAZ

 

>>> “NÚPCIAS DE FEL”

Nesta sexta-feira, sábado e domingo (19, 20 e 21/4), às 20h, o Teatro da Cidade (Rua da Bahia, 1.341 – Centro) recebe “Núpcias de fel”, comédia produzida pelo Grupo Confesso, com direção de Cláudio Dias. O espetáculo faz parte do projeto No Palco Cidade, iniciativa que pretende valorizar artistas e coletivos do teatro brasileiro. Ingressos: R$ 60 (inteira), à venda pelo Sympla.

 


>>> “O REI LEÃO”

Musical inspirado em um dos maiores sucessos da Broadway estreia neste domingo (21/4), às 16h, no Teatro Nossa Senhora das Dores (Av. Francisco Sales, 77 – Floresta). “O Rei Leão” acompanha Simba, seus amigos Timão e Pumba e outros personagens da animação da Disney de 1994.
A montagem da Copas Produções tem direção de Diego Benicá. Com seis apresentações programadas, o espetáculo segue em cartaz até 11 de maio. Ingressos: R$ 70 (inteira), à venda duas horas antes da sessão na bilheteria do teatro e no Sympla.

 


>>> “TEMPORADA DE CAÇA”

 

Espetáculo indicado ao 34º Prêmio Shell de Teatro chega a BH nesta sexta, sábado e domingo (19, 20 e 21/4), às 20h, no Galpão Cine Horto (Rua Pitangui, 3.613 – Horto). “Temporada de caça” conta a história de um grupo de candidatos que disputam cobiçada vaga de emprego. Realizada pelo grupo curitibano Minha Nossa Cia de Teatro, a peça dirigida pelo mineiro Vinicius de Souza recebeu oito indicações ao 40º Prêmio Troféu Gralha Azul. Ingressos na bilheteria do teatro, uma hora antes da sessão (contribuição espontânea).