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Em "A ilha e o urso", Bernardo Sant'Anna destaca a importância de se doar e fazer o bem após percorrer 1,2 mil km a pé e visitar 88 templos budistas

crédito: ACERVO PESSOAL

 

Quarenta e quatro dias, 1,2 mil km a pé e 88 templos. Em 2019, o escritor e professor Bernardo Sant'Anna, doutorando em linguística e tradução pela Universidade do Porto e pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), fez uma incursão ao Japão.

 


A sugestão foi de uma amiga que vivia naquele país. Atendendo ao pedido de um monge, ela procurou Sant'Anna, mineiro radicado há seis anos em Portugal. Ele, que já havia feito outras peregrinações, deveria empreender outra, só que em território japonês. E deveria ser uma peregrinação em doação – ou seja, para atender a pedidos de outras pessoas.

 


Este é o ponto de partida de "A ilha e o urso", quarto livro (primeiro infantil) de Sant'Anna, com lançamento nesta quinta (25/4), na Frau Bondan, no Centro Cultural Banco do Brasil.

 

 


O percurso a pé seria em Shikoku, a quarta maior ilha do Japão, passando pelos 88 templos budistas Shingon (também chamado budismo esotérico japonês). A empreitada foi realizada via financiamento coletivo. Sant'Anna atendeu 140 pedidos pessoais e 40 coletivos. "Teve gente que doou café, ou refeição, e até milhas aéreas", ele conta.

 


Lição dos animais

 

Na época, sua primogênita, Beatriz, tinha 8 anos – a mulher, Ana, estava grávida da caçula, Maria. Durante a peregrinação, Sant'Anna gravou uma história para Beatriz, uma fábula falando de coisas importantes. "Falei a respeito de resiliência, de que a gente não sabe de todas as coisas, que temos que persistir para alcançar nossos objetivos."

 


Voltou para casa e só alguns anos mais tarde mostrou a história para Ana. "Ela me disse: 'Você tem um livro infantil pronto e as meninas merecem isso.' A história do livro é toda em cima de coletividade", continua.

 


O nome Bernardo significa urso forte. Desta maneira, em "A ilha e o urso", Sant'Anna criou a história de um pai urso que vai peregrinar e buscar ensinamento para as filhas. "Cada animal que ele encontra vai lhe ensinando alguma coisa. A borboleta, por exemplo, mostra que ele, mesmo sendo um urso, precisa caminhar mais leve."

 

Urso na capa do livro A ilha e o urso

Pai urso peregrina em busca de sabedoria para transmitir às filhas

Kazu Saitou/reprodução

 


Para ilustrar a fábula, Sant'Anna convidou um artista japonês. De Kyoto, Kazu Saitou é conhecido pela técnica nihonga, pintura em que produz a própria tinta a partir de minerais. Conheceu o trabalho dele pelo Instagram e com o livro já traduzido para o japonês, enviou o material.


Ilustrador japonês

 

"Ele se encantou e resolveu fazer as ilustrações. Eu queria uma coisa coerente, pois os fundamentos da história são japoneses, inclusive os animais que cito no percurso. Eu queria um ilustrador japonês, mas não um mangá. Aqui é realmente uma obra de arte."

 


A edição que está saindo agora é uma parceria entre duas editoras: a portuguesa Flamingo e a brasileira Ipê das Letras. "A ilha e o urso" terá, em breve, uma edição em espanhol. Sant'Anna aguarda ainda respostas de editoras inglesas e japonesas.

 


“A ILHA E O URSO”


• De Bernardo Sant"Anna
• Ilustrações: Kazu Saitou
• Editoras Flamingo e Ipê das Letras
• 45 páginas
• Preço: R$ 54
• O lançamento será nesta quinta (25/4), a partir das 18h, na Frau Bondan do CCBB BH (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários).