Jefferson da Fonseca vai assumir em breve o BDMG Cultural -  (crédito: Secult/Divulgação)

Jefferson da Fonseca vai assumir em breve o BDMG Cultural

crédito: Secult/Divulgação

O BDMG Cultural vai continuar todos os programas, incluindo prêmios e editais. É o que afirmou na manhã desta quinta-feira (25/4) ao Estado de Minas Jefferson da Fonseca. Há três anos presidente da Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP), ele vai assumir também o braço cultural do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. Só aguarda a oficialização.

 


A instituição criada em 1988 não vai acabar e seu espaço físico, localizado no bairro Funcionários, permanecerá ativo, segundo Fonseca.

 


Na manhã de quarta (24/4), os 13 funcionários do BDMG Cultural foram pegos de surpresa com o seguinte aviso: “O Conselho de Administração determinou que seja iniciada a transição para promover a dissolução do Instituto Cultural Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais - BDMG Cultural.”

 


De acordo com Fonseca, não haverá dissolução e a instituição continuará existindo com os aportes do próprio Banco BDMG. Só que estará vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) via FAOP, um órgão da pasta.

 


A classe artística vem se movimentando em prol do BDMG Cultural, desde o anúncio de sua extinção. Está prevista para esta quinta (25/4), às 19h, uma manifestação na sede da instituição. No mesmo horário será aberta a exposição “Todas as coisas são infinitas coisas”, de Iago Marques, que marca o início do Ciclo de Mostras 2024 da instituição.

 


Fonseca, de 53 anos, assumiu a FAOP em 2021, para descentralizar a instituição, até então com ações voltadas para a comunidade de Ouro Preto. Afirma que, nos últimos três anos, a atuação da instituição atingiu todas as regiões de Minas Gerais e que sua gestão no BDMG Cultural pretende seguir a mesma linha.

 


Ator, jornalista, professor, Fonseca trabalhou no Estado de Minas de 1991 a 2016. Como gestor cultural, sua experiência anterior é na Fundação Nacional de Artes – entre agosto de 2020 e abril de 2021, foi diretor-executivo e presidente substituto da Funarte. “A gente está trabalhando para garantir absolutamente todas as ações e todos os programas do BDMG Cultural”, afirma, na entrevista a seguir.

 


Como se deu a mudança da gestão do BDMG Cultural para a FAOP?

Foi uma decisão autônoma do banco BDMG na qual não temos nenhuma ingerência. Eles ofereceram para a Secult a continuidade dos recursos. O governo entendeu que, pelo histórico dos últimos três anos de franca descentralização, a FAOP seria a forma mais democrática de viabilizar a continuidade das ações e dos programas do BDMG para todos os territórios.

 

É muito importante ressaltar que a gente está trabalhando para garantir absolutamente todas as ações e todos os programas do BDMG Cultural, pois os recursos foram ofertados para a Secult dar continuidade a eles.


Quando a mudança de gestão vai acontecer efetivamente?

Efetivamente, eu aguardo a oficialização. Acredito que já nos próximos dias a gente possa ter um diálogo mais franco e com todas as informações que a gente vai precisar para dar continuidade a todos os programas que serão potencializados pelas duas instituições.

 

A Fundação de Arte de Ouro Preto não é só uma instituição de conservação e restauro. Ela é também uma instituição de arte e educação voltada para todas as linguagens: música, artes plásticas, dança. Já o BDMG Cultural tem a vocação que são jovens talentos. Neste momento, é muito importante uma união de esforços.

 

O nome BDMG Cultural vai mudar?

A gente está debruçado neste momento em cima da estrutura. O BDMG construiu os nomes, os prêmios. O BDMG Instrumental é um nome com muita força. Mas a gente acabou de chegar, então eu não saberia dizer sobre a questão.

 

O espaço físico será mantido como tal?

Perfeitamente. Vamos potencializá-lo, inclusive. A galeria do BDMG é histórica, e a gente quer ampliar a oferta e o conhecimento de artistas de todo o estado.

 
Hoje haverá a abertura da primeira exposição de 2024 no BDMG Cultural. Os editais para os três prêmios de música (BDMG Instrumental, Marco Antônio Araújo e Flávio Henrique) já fecharam. A premiação está prevista para o fim de maio. Isto tudo vai ocorrer como previsto anteriormente?

 Perfeitamente. É importante destacar a garantia por parte do banco. O Conselho (de Administração do BDMG) vai dar continuidade aos recursos.

 
O Banco BDMG faz um aporte anual de R$ 2,5 milhões para o BDMG Cultural. Os recursos do banco serão então repassados para a FAOP?

 
Essa é a tratativa.


Este valor é referente a 2024. A continuidade, para os anos posteriores, está mantida?

Seguramente. Neste momento, queremos construir e ampliar as possibilidades de financiamento, de patrocínio. A própria FAOP tem hoje a Cemig como principal apoiadora.

 

Para 2024, qual é o valor do repasse que a Secult fará para a FAOP?

Ela tem de R$ 2,5 milhões a R$ 3 milhões de orçamento. Mas, por meio das parcerias e contratos com as prefeituras, patrocínio via leis estadual e federal de incentivo à Cultura, e também agora com o BNDES entrando para a restauração dos nossos museus, chegamos hoje a R$ 20 milhões de orçamento.

 

Temos contratos com prefeituras que nos repassam os valores. Abrimos os editais de financiamento para artistas e professores e promovemos ações temporárias em territórios.

 

Com a entrada da FAOP no BDMG Cultural, o que vai acontecer com o corpo de funcionários?

A gente está chegando neste momento para entender. O que é claro é que há um capital humano que tem uma expertise, um conhecimento. Isto não se apaga e não se transfere assim.

 

Então, quando falamos em continuidade falamos também nesse corpo humano, nesse patrimônio intelectual que vai se formar junto com os técnicos da Fundação de Arte de Ouro Preto e da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo.

 

Desde o imbróglio recente com a Sala Minas Gerais, e agora com a mudança de gestão do BDMG Cultural, o que mais se fala é em um desmonte da cultura por parte do governo estadual. O que você tem a dizer sobre isto?

 
A experiência da FAOP. Todo movimento crítico é absolutamente legítimo e importante para que a gente possa se fortalecer. Sobre a questão da Filarmônica,eu não tenho condições e informações suficientes para entrar. Mas a Fundação de Arte de Ouro Preto simboliza uma diretriz dessa gestão, que é de descentralização e de potencialidades.

 

Antes, estávamos nos limites de Ouro Preto e, pontualmente, com algum acervo de uma cidade ou outra do interior e alunos de outras regiões de Minas Gerais. Desde 2021 nós descentralizamos, buscando parcerias não só por meio das prefeituras com recursos do município, mas também ajudando que os municípios e agentes públicos das cidades acessassem recursos para ações que são, muitas vezes, apoiadas e até muitas vezes realizada pela FAOP.

 

Então, não existe nenhuma orientação no sentido de diminuir, desmontar ou prejudicar. Tudo o que ouvimos é trabalhar para descentralizar e alcançar um número ainda maior de mineiros. Esse é um mantra nesta gestão.