Hoa Xuande é Capitão, o protagonista da história, cujo quarto episódio tem direção do brasileiro Fernando Meirelles -  (crédito: HBO/DIVULGAÃ?Ã?O)

Hoa Xuande é Capitão, o protagonista da história, cujo quarto episódio tem direção do brasileiro Fernando Meirelles

crédito: HBO/DIVULGAÃ?Ã?O

 

Toda história tem dois lados e "O simpatizante", nova série da HBO/Max, mostra isso em seus primeiros minutos. Antes de a narrativa começar, somos informados de que, para os americanos, o conflito que durou 19 anos e meio (1955-1975) no Sudeste Asiático é chamado Guerra do Vietnã. Para os vietnamitas, o mesmo conflito é a Guerra Americana.

 


"O simpatizante", minissérie em sete episódios – com dois já disponíveis e os demais estreando aos domingos – é uma adaptação do romance homônimo do escritor vietnamita-americano Viet Thanh Nguyen, que por ele venceu em 2016 o Pulitzer (no Brasil, o livro foi lançado pela Alfaguara, que publica em breve "O comprometido", sua continuação).


A adaptação é fruto da parceria do sul-coreano Park Chan-wook com o canadense Don McKellar. Park, que abriu caminho no cinema com "Oldboy" (2003), já havia adaptado para a TV outro romance de espionagem: "A garota do tambor", de John Le Carré, que ganhou uma ousada versão em minissérie, "The little drummer girl" (2018).


Aqui, ele ainda conta com Robert Downey Jr., que, além de assinar como produtor-executivo, se desdobra em mais de um personagem. Fernando Meirelles dirigiu o episódio quatro, que será lançado em 5 de maio.


"O simpatizante" acompanha Capitão (o australiano descendente de vietnamitas Hoa Xuande). Ele também tem dois lados. Filho de uma vietnamita e um francês, de feições orientais e olhos claros, viveu como estudante nos EUA. Nós o vemos pela primeira vez tempos após o fim da guerra. Em um campo de reeducação comunista, ele está entregando sua confissão à nova liderança do Vietnã.


A partir daí, somos levados para um flashback que vai acompanhar este personagem nos anos anteriores. Alguns meses antes da queda de Saigon, em 1975, Capitão tem uma atuação na polícia secreta sul-vietnamita – tanto por isto, tem estreita colaboração com a CIA. Isto é o lado oficial. Na verdade, ele é um simpatizante comunista que atua como espião para os vietcongues.

 

Queda de Saigon


Com a queda de Saigon (quando a capital do Vietnã do Sul foi tomada pelo exército norte-vietnamita e pelos vietcongs, o que acarretou o fim da guerra), Capitão não pode ficar em seu país. Ainda sob disfarce, vai ter que acompanhar seu chefe, o General (Toan Le) no exílio americano.


Os dois primeiros episódios contam essa história. O tratamento é fora do padrão. Há muita ironia, meias palavras, referências pop e quebra da quarta parede. A narrativa é bem fragmentada e somente na metade do primeiro episódio começamos a compreender a jornada do protagonista. Fica sempre entre o humor e o sombrio.

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Como protagonista, Hoa Xuande segura o peso do papel. Já Downey Jr. deve ter se divertido à beça nas filmagens. O ator encarna os personagens brancos da história. No episódio inicial, é Claude, um excêntrico agente da CIA. No segundo, também encarna o Professor Hammer, o afetadíssimo mentor americano do Capitão, que administra na universidade o núcleo de Estudos Orientais.


Ao seu lado, o professor tem Sandra Oh como a Sra. Mori, uma secretária que não leva desaforo para casa e logo começa um caso com Capitão – que, mesmo entre lençóis, a chama de Sra. Mori. Enfim, é um começo para lá de impactante. Se continuar nesta toada, "O simpatizante" ainda vai render muito.


“O SIMPATIZANTE”
• Minissérie em sete episódios. Os dois primeiros já disponíveis. Novos episódios aos domingos, às 22h, na HBO e Max