Foi para uma ópera cômica (“A noiva vendida”) que o compositor tcheco Bedrich Smetana (1824-1884) fez “Dança dos comediantes”. Exagerando nos tímpanos e na sonoridade da flauta, o intermezzo da ópera que originalmente é executado somente no terceiro ato é leve, animado e jovial, como sugere seu próprio nome. E mais: “Funciona muito bem como abertura de um repertório”, conforme destaca Cláudio Cruz, diretor musical e maestro titular da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo.
Ele é o responsável por reger o concerto “Minha terra”, que juntará no palco do Grande Teatro Cemig Palácio das Artes a Orquestra Sinfônica e o Coral Lírico de Minas Gerais ao lado da soprano tcheca Nikola Uramová e do barítono mineiro Felipe Santos para executar obras de compositores tchecos. E, como não poderia ser diferente, o programa começa com “Dança dos comediantes”.
A apresentação ocorre na noite desta quarta-feira (3/4). No entanto, prévia do concerto pode ser vista gratuitamente nesta terça-feira (2/4), ao meio-dia, no Palácio das Artes.
“Minha terra” se concentra nas obras do já citado Smetana, de Antonín Dvorák (1841-1904) e de Leos Janácek (1854-1928). O próprio título do recital remete a um conjunto de seis poemas sinfônicos escritos pelo compositor tcheco intitulado de “Má vlast” (“Meu país”, “Minha terra” ou “Minha pátria” em tradução livre).
Também é de Smetana a ária que talvez seja a mais conhecida do grande público, de acordo com o regente: “O Moldávia”, poema sinfônico que, ao contrário de outras peças do gênero, não se inspira em histórias literárias, e sim em algo concreto, como o rio homônimo de maior extensão da República Tcheca.
“Se você prestar muita atenção, ‘O Moldávia’ é uma peça que reflete o movimento das águas”, explica Cruz. “Começa com as flautas, mas depois vai transcorrendo pela orquestra toda num movimento de notas consecutivas, relativamente rápidas, que dão uma sensação de movimento das águas. Além disso, tem uma canção saudosista que fala da saudade que o Smetana tinha da terra dele”, acrescenta o maestro, mencionando o solo que será executado por Nikola Uramová e Felipe Santos.
O programa continua com as árias "Proclame o bom dia do pássaro" e "Vamos meu anjinho”, da ópera "Hubicka", de Smetana. De Leos Janácek, os músicos vão interpretar a ária “Salve, rainha”, da ópera “Sua madrasta”. E, de Dvorák, "Oh meu Deus, meu Deus”, ária da ópera “Jakobín”; "Lua do céu profundo”, ária da ópera “Rusalka”; "Dança eslava" Nr 8, op.46; e o “Te Deum”.
Similaridades
“Eu, particularmente, vejo grandes similaridades entre (as obras de) Dvorák e Smetana. Já o Janácek é um pouquinho mais arrojado. Ele buscou sons mais modernos, digamos assim”, compara o regente. “Mas, de modo geral, há certas confluências nas obras dos três, porque ambos foram mais ou menos contemporâneos e são românticos. Então, têm na obra deles uma música tonal agradável aos ouvidos”, emenda.
Além disso, acrescenta Cláudio Cruz, Smetana, Dvorák e Janácek “viveram em um local, vamos dizer assim, onde se fazia muita música boa. Até hoje os tchecos fazem muita música de qualidade, o que nos dá a percepção de que é um país que cultiva suas artes e, sobretudo, a música”.
“MINHA TERRA”
Concerto com Orquestra Sinfônica e Coral Lírico de Minas Gerais ao lado da soprano tcheca Nikola Uramová e do barítono mineiro Felipe Santo. Nesta terça-feira (2/4), trechos das obras serão apresentados no Sinfônica ao Meio-dia, às 12h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro), com entrada franca. Espetáculo completo nesta quarta-feira (3/4), às 20h. Ingressos à venda por R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) na bilheteria do teatro ou pelo site do Eventim. Informações: (31) 3236-7400.