Depois da primeira edição no formato virtual, em 2022, o festival A Arte da Palavra, realizado pelo selo Karmim, da produtora Carminha Guerra, vai agora ao encontro presencial do público. A partir desta terça-feira (2/4), várias atrações ocuparão, até a próxima sexta, as dependências do Centro Cultural Unimed-BH Minas com programação focada na literatura, na música e no cruzamento dessas duas expressões.
Se em 2022 os holofotes se voltaram para Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto e Vinicius de Moraes, agora a lista surge ampliada, com Ariano Suassuna, Chiquinha Gonzaga, Carlos Drummond de Andrade, Adélia Prado, Pixinguinha, Ary Barroso, Luiz Gonzaga e Tom Jobim.
Na abertura do evento, às 20h, a professora Maria de Lourdes Gouveia ministra palestra sobre o criador de “O auto da Compadecida”. Carminha conta que conheceu a convidada – pernambucana radicada em BH há 60 anos – após uma viagem ao Recife (PE) para visitar a casa de Ariano Suassuna. “Ela foi aluna dele e me contou muitas histórias dessa época. São registros pessoais muito fortes, que merecem ser compartilhados”, diz.
Amanhã, a pianista Maria Teresa Madeira fará tributo a Chiquinha Gonzaga. Na quinta-feira (4/4), o grupo Palavra Viva leva ao público a poesia de Drummond e Adélia Prado, valendo-se de coreografias e recursos teatrais. O desfecho, na sexta-feira (5/4), será o show capitaneado pelo violonista Gilvan de Oliveira dedicado a Pixinguinha, Ary Barroso, Luiz Gonzaga e Tom Jobim.
Pioneira na música e na vida
Carminha Guerra destaca que a pioneira compositora é referência não só musical, mas também comportamental. Nascida em 1847, ela desafiou os costumes de sua época. “Abriu, para nós mulheres, muitos caminhos, de forma belíssima. Como artista, trouxe brasilidade para a música, que tinha influência francesa muito forte. Chiquinha foi grande compositora de marchinhas e choros.”
Maria Teresa Madeira, especialista na obra da compositora, fará concerto comentado. A pianista conta que a paixão pela obra da homenageada vem desde o início de sua trajetória profissional. Em 1995, participou de um projeto em torno de Chiquinha Gonzaga. Cerca de quatro anos depois, integrou a equipe da minissérie exibida pela Rede Globo sobre a compositora, estrelada por Gabriela Duarte e Regina Duarte.
“Fiz a dublagem de mãos da protagonista, gravei a trilha sonora e vídeos exibidos ao final de cada capítulo, em companhia de cantores. Esse trabalho rendeu dois discos lançados pela gravadora Sonhos e Sons, do Marcus Viana, que era o diretor musical da minissérie e me convidou, e um terceiro, lançado pela Som Livre, com os registros de piano e voz dos intérpretes que gravaram os vídeos. Foi muito marcante para mim, desde então Chiquinha Gonzaga está sempre comigo”, ressalta.
Maria Teresa destaca a versatilidade da artista carioca. “Ela escreveu valsas, polcas, tangos, mazurcas, maxixes, choro, fados, dobrados, marcha fúnebre e marchinha carnavalesca, além de peças com caráter mais de música de concerto”, observa.
Poesia mineira
Carminha Guerra destaca a sintonia entre a poesia de Drummond e de Adélia Prado para justificar a atração de quinta-feira. “Foi ele quem abriu as portas para que ela pudesse lançar seu primeiro livro, escrevendo um artigo elogioso no Jornal do Brasil', comenta.
O show de encerramento terá Gilvan de Oliveira e os convidados Mauro Rodrigues (flauta), Célio Balona (acordeom), Enéias Xavier (baixo), Christiano Caldas (piano) e Cyrano Almeida (bateria).
PROGRAMAÇÃO
Hoje (2/4)
Palestra de Maria de Lourdes Gouveia sobre Ariano Suassuna
Quarta (3/4)
Concerto comentado da pianista Maria Teresa Madeira em homenagem a Chiquinha Gonzaga
Quinta (4/4)
Grupo Palavra Viva recita poemas de Carlos Drummond de Andrade e Adélia Prado
Sexta (5/4)
Show com Gilvan de Oliveira, Mauro Rodrigues, Célio Balona, Enéias Xavier, Christiano Caldas e Cyrano Almeida
FESTIVAL A ARTE DA PALAVRA
Até sexta-feira (5/4), sempre às 20h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Passaporte para todos os dias: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia), somente na bilheteria do teatro. De quarta a sexta: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), na bilheteria ou no site da Sympla.