“Decidimos não permitir que a ausência de atividades artísticas em Venda Nova continue. O festival vem para garantir o acesso, a fruição e a produção cultural, beneficiando tanto moradores quanto agentes culturais que atuam e residem na região”, afirma Rogério Gomes, idealizador e coordenador do Ponta a Pé.

 


Desta quinta (4/4) até 24 de abril, acontece a 11ª edição do festival produzido pela Cóccix Companhia Teatral. São 39 atividades distribuídas durante 20 dias de evento em Venda Nova. O projeto procura valorizar a produção cultural da região de Belo Horizonte, mas também levar aos moradores apresentações que estão restritas à Região Central da capital.

 


Música, dança, teatro, bloco carnavalesco, espetáculos circenses e rodas de conversa fazem parte da programação.

 



 


O tema deste ano, “Periferia das artes”, destaca serviços e ações culturais do cidadão periférico, frequentemente invisibilizado, conforme destaca Gomes. As práticas e discussões promovidas pelo evento querem colocar a periferia como um local de grande produção e apreciação artística.

 


“A urgência de vida que acontece nas periferias promove uma programação multicultural. A Regional Venda Nova não tem um teatro, por isso transformamos diversos espaços, como ruas, praças, logradouros públicos e quadras, em palcos para receber as atividades. A programação foi montada com trabalhos que refletem sobre as artes, culturas e hábitos que existem e são característicos do povo periférico”, reforça Gomes.


Protagonismo negro

 

As atrações estão distribuídas entre nove bairros da Região de Venda Nova. O bloco Vejo Flores em Você abre o primeiro fim de semana de festividades neste sábado (6/4), com o cortejo que sai da Avenida Finlândia, às 15h.


Às 17h do mesmo dia, na Rua Benigno Fagundes da Silva, o cantor e compositor Sérgio Pererê apresenta show musical exaltando mensagens afro-brasileiras.


O Grupo Teatro Negro e Atitude, que em 2024 completa 30 anos de história e busca alavancar o protagonismo negro dentro e fora dos palcos, também integra a programação do festival, com duas peças: “À sombra da goiabeira”, encenada neste domingo (7/4), às 20h, e “Griot – Histórias e cantorias”, destinado ao público infantil e programada para 21 de abril.

 

 


Marcus Carvalho, diretor artístico do Teatro Negro, enfatiza a importância de que moradores de Venda Nova e de outras regiões da cidade vejam e participem de um festival que não está concentrado no Centro de BH.


“Venda Nova é uma região enorme, que possui de aparelho público voltado à cultura apenas uma unidade, o Centro Cultural Venda Nova. É região extremamente carente de lugares destinados à cultura, mas que fornece à cidade muito imposto, um imposto que muitas vezes não volta à altura em serviços culturais para a região”, diz.


Segundo Carvalho, em BH há “tendência muito grande de acreditar que a arte pertence ao Centro, quando, na verdade, o Centro praticamente não produz arte, apenas consome o que a periferia cria e leva para esse local”. Carvalho completa “É muito importante que a arte também volte para os espaços onde foi criada.”

 

Inês Peixoto leva o premiado "Órfãs de dinheiro" para Venda Nova; monólogo será encenado em 10 de abril

Edésio Ferreira/EM/D.A Press

 

Rede de artistas

 

Um dos destaques da programação, o monólogo “Órfãs de dinheiro”, será encenado em 10 de abril. Com a peça, Inês Peixoto foi vencedora do Prêmio APCA 2022 de melhor atriz de teatro.


Durante o festival háverá a entrega do Prêmio Arte e Sociedade, que contempla iniciativas de artistas residentes ou atuantes em Venda Nova com o valor de R$ 3 mil. Os vídeos das ações culturais participantes estarão disponíveis no canal do YouTube do Ponta a Pé e serão exibidos durante o festival. O vídeo com mais curtidas leva o prêmio deste ano.

 


Segundo Rogério Gomes, o concurso é uma forma de catalogar os artistas da região que podem ser motivados a revelar seus projetos. A partir desse mapeamento, agentes culturais são convidados a fazer parte da rede de artistas de Venda Nova, tendo a oportunidade de participar de capacitações e consultorias ao longo do ano e fortalecer suas bases de produção.


“O público deve esperar um encontro festivo em que a gente possa se olhar nos olhos e, por meio desse espaço de vivência promovido pela atividade artística, valorizar, construir e fortalecer sentimentos de empatia e coletividade que geram bem-estar social para todos nós”, conclui.

 

* Estagiária sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro


“FESTIVAL PONTA A PÉ CULTURAL”
11ª edição. Desta quinta (4/3) a 24 de abril. Transmissão no canal do Festival Ponta a Pé Cultural no YouTube. Programação completa: https://coccixcompanhiateatral.com.br/.



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