Há três décadas, Kurt Cobain se suicidava. Sua partida precoce fez com que ele entrasse no hall de artistas que morreram aos 27 anos. Mas não é só por isso que Kurt é lembrado até hoje: seu comportamento e as causas com que se importava impactam o mundo da música. Ele também tem um papel essencial na moda e na luta por direitos.

 

Kurt é dono de grandes sucessos como “Smells like teen spirit”, “Come as we are”, “Lithium” e “Something in the way”, sendo considerado um dos maiores nomes do movimento grunge. O sucesso do Nirvana fez com que o músico entrasse em conflito consigo mesmo, já que queria desafiar o sistema.

 

Enquanto isso, na vida pessoal, Kurt vivia uma luta solitária. Nos últimos meses de vida, Kurt sofria devido ao uso de drogas, chegando a ser hospitalizado por conta das overdoses de heroína, que ele começou a usar durante a adolescência por conta de uma dor no estômago. Ele também tinha tentado suicídio vezes anteriores.

 

 


 

Kurt faleceu em 1994, deixando a esposa, Courtney Love, e a filha Frances Bean Cobain.

 

Vida pessoal

 

Nascido Kurt Donald Cobain, em 20 de fevereiro de 1987, na cidade de Aberdeen, nos Estados Unidos. Seu quarto de infância tinha uma aparência de um estúdio de arte, já que o menino desenhava seus personagens favoritos de filmes e desenhos animados no local. Descrito como um garoto muito criativo e feliz, Kurt começou a cantar quando tinha apenas dois anos. Aos quatro, ele começou a tocar piano, escrevendo uma música sobre sua viagem a um parque local.

 

 

Mas, em 1976, o jovem Kurt, de apenas 9 anos, viu sua família mudar após a separação de seus pais. O divórcio impactou o menino profundamente, tornando-o mais recluso. “Lembro-me envergonhado, por alguma razão. Eu tinha vergonha dos meus pais. Eu não poderia enfrentar alguns dos meus amigos na escola mais, porque eu desesperadamente queria ter o clássico, você sabe, a família típica. Mãe, pai. Eu queria a segurança, assim eu me ressenti com meus pais por alguns anos por causa disso”, chegou a contar em uma entrevista, em 1993.

 

Quando seu pai se casou novamente, Kurt começou a entrar em conflito com sua madrasta. Ao mesmo tempo, na casa da mãe, presenciava violência doméstica contra ela. Tudo isso fez com que ele se tornasse um adolescente rebelde, que praticava bullying na escola. Foi nessa época que a religião apareceu em sua vida, passando a exercer um grande papel na sua arte.

 

 

Kurt utilizava imagens cristãs em seus trabalhos, com interesse forte na filosofia budista. É daí que surgiu o nome Nirvana. Em uma entrevista, o artista descreveu a nomenclatura como "a liberdade em relação à dor, ao sofrimento e ao mundo externo", em paralelo com a ética e a ideologia do punk rock.

 

Aos 14 anos, Kurt ganhou de presente de aniversário sua primeira guitarra elétrica. Ele logo aprendeu a tocar algumas músicas que gostava, mas não era suficiente. Foi então que ele resolveu começar em trabalhar nas suas próprias canções. Daí então foi um passo para convencer seus amigos e formarem uma banda.

 

‘Nevermind’

 


O primeiro álbum, ‘Bleach’, foi lançado em 1989. Na época, Kurt estava desencantado por ter dificuldades em conseguir se sustentar com a música. Dois anos depois, em 1991, ele conheceu Dave Grohl, que se tornou baterista do Nirvana e, hoje, é líder do Foo Fighters. Foi aí que nasceu seu álbum de maior sucesso, ‘Nevermind’.

 

Com o sucesso, Cobain entrou no dilema entre conciliar o sucesso e manter suas raízes underground. Ele também tinha uma relação conturbada com a mídia, sentindo-se perseguido e até chegando a se comparar com a atriz Frances Farmer, estrela de Hollywood que foi submetida a diversos tratamentos psiquiátricos sem seu consentimento.

 

 

Até mesmo com os fãs, Kurt tinha conflito. Isso porque algumas pessoas diziam gostar do Nirvana, mas não concordavam com as visões políticas da banda. Tudo isso foi combustível para letras com ainda mais protestos do álbum ‘In the utero’, lançado em 1993.

 

Causas sociais

 

Kurt Cobain lutava abertamente contra o machismo, a homofobia e o racismo. Ele chegou a participar de manifestações em prol de minorias, além de falar sobre os temas em suas músicas e entrevistas. O líder do Nirvana era apoiador do movimento “pro-choice”, que acredita na liberação do aborto, e integrante da campanha “Rock for choice”. Na época, ele chegou a ser ameaçado de morte.

 

Já nas músicas ‘Rap me’ e ‘Been a son’, o músico questiona a sociedade patriarcal, falando sobre estupro e preconceitos contra mulheres. Nos anos de 1990, quando ainda não era de praxe falar sobre igualdade de gênero, Kurt chegou a interromper um show para impedir um assédio.

 

 

Cobain também estava à frente do tempo quando o assunto era direitos das pessoas LGBT. Na escola, ele tinha um amigo gay, que sofria bullying. Na época, os valentões também achavam que ele era homossexual. "Eu não sou gay, embora eu desejasse ser, só para irritar esses homofóbicos", escreveu em um de seus diários.

 

O Nirvana participou de um show beneficente em prol dos direitos dos homossexuais irem à escola, em 1992. Kurt costumava usar vestidos para protestar contra a homofobia e o sexismo.

 

“Usar um vestido mostra que posso ser tão feminino quanto eu quiser”, disse ele ao LA Times, em um ataque às correntes machistas que ele detestava na cena do rock, e que ele subverteu e muitas vezes satirizou. "Sou heterossexual... grande coisa. Mas se eu fosse homossexual, isso também não teria importância”, declarou na mesma entrevista.

 

 

No encarte de 'Incesticide', coletânea lançada em 1992, ele escreveu: “Se algum de vocês de alguma forma odeia homossexuais, pessoas de cores diferentes ou mulheres, por favor, façam este favor para nós – deixem-nos em paz! Não venha aos nossos shows e não compre nossos discos.”

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