Desde que despontou no cenário das artes e do entretenimento, no início dos anos 2000, Fábio Porchat sempre fez questão de colocar sua versatilidade à prova. Depois de um período de férias, ele voltou à carga, neste primeiro semestre de 2024, com força total, jogando nas 11, como se diz – em campo no cinema, no teatro e na TV, como ator, roteirista, dramaturgo e diretor.
Na próxima quinta-feira (11/4), chega às salas brasileiras o longa “Evidências do amor”, que ele protagoniza, ao lado de Sandy Leah, e é também um dos roteiristas. A comédia romântica é dirigida por Pedro Antônio.
Na telinha, ele voltou ao ar, no último dia 12, com a sexta temporada do programa de entrevistas “Que história é essa, Porchat?” (GNT e Globoplay). Nos palcos, retornou com o espetáculo de stand-up “Histórias do Porchat”, com o qual circula há três anos, e acaba de estrear a peça “Agora é que são elas” – encenada por Priscila Castello Branco, Maria Clara Gueiros e Júlia Rabello –, em que responde pela direção e dramaturgia.
Sobre “Evidências do amor”, ele diz que foi procurado por Pedro Antônio, que lhe contou sobre a ideia de uma trama cujo ponto de partida era a música “Evidências”, sucesso nas vozes de Chitãozinho e Xororó. “Ele me apresentou o projeto, me chamando para participar. Achei a ideia brilhante, mas falei que também queria escrever, dar umas ideias, porque gosto de me envolver, e ele topou”, conta.
Porchat começou a trabalhar no roteiro, escrito a oito mãos com Luanna Guimarães, Álvaro Campos e com o próprio Pedro Antônio, ainda durante a pandemia. Ele diz que teve a ideia de convidar Sandy para a empreitada, depois de assistir a uma entrevista em que a cantora reclamava que ninguém a chamava para atuar no cinema.
PAR ROMÂNTICO
“Ficamos imaginando quem seria o par romântico do meu personagem. Queríamos uma pessoa diferente, um nome que pudesse atrair gente para o cinema, que a plateia olhasse e pensasse: 'Nossa, que coisa curiosa'. Sugeri a Sandy, porque, além dessa queixa dela, de que não era lembrada para projetos no cinema, é a filha de Xororó, responsável, junto com Chitãozinho, pelo sucesso de 'Evidências'. Liguei, fiz o convite e ela amou a ideia”, conta.
Apesar de tê-la entrevistado uma vez, não havia propriamente uma relação próxima entre os dois, conforme diz. Ele destaca que, ainda assim, a química entre os personagens funcionou muito bem e que a experiência foi muito positiva. “Sandy é muito estudiosa, chega com o texto decorado, ouve muito o diretor, me ouviu muito como roteirista em cena. Ela é do tipo de pessoa que quer repetir a tomada quando percebe que não ficou boa. É muito bom trabalhar com quem sabe o que quer fazer”, diz.
Passando do cinema para a TV, Porchat diz que a sexta temporada de seu programa de entrevistas não traz novidades em relação às anteriores, já que o desafio é manter alto o nível das histórias contadas por seus convidados. “O motor da atração é esse, ir atrás de bons relatos, curiosos, interessantes. É um programa simples, a gente não quer reinventar a roda”, afirma.
Sobre “Agora é que são elas”, que estreou no Festival de Curitiba, no final de março, e cumpre temporada no Rio de Janeiro desde a última sexta-feira (5/4), ele explica que é uma peça leve, no formato de esquetes, em que resgata textos antigos, que estavam guardados na gaveta. “Tem coisas de quando estreei no teatro, há quase 20 anos, e também tem material novo.”
O comediante comenta que foi movido por uma vontade de voltar às artes cênicas como autor e diretor. “Fui olhar meu banco de textos e vi que tinha coisas muito engraçadas escritas lá atrás. Como estamos fazendo a primeira temporada no Rio, pensei que tinha a ver trabalhar com esquetes, que é um gênero tão carioca. Pensei em retomar essa tradição, que passa por Miguel Falabella, Mauro Rasi e tantos outros, mas que vinha sendo pouco explorada.”
Entre tantos projetos e frentes de atuação, ele não hesita em apontar o stand-up “Histórias do Porchat” como seu lugar de conforto. O espetáculo solo, que tem como mote as experiências acumuladas ao longo das muitas viagens que já fez pelo Brasil e o exterior, já passou por 19 cidades brasileiras e seis países – Angola, Espanha e França entre eles –, totalizando 276 sessões e um público superior a 220 mil pessoas, segundo o ator.
“É muito gostoso contar minhas histórias de viagens e como já fiz até turnê internacional, estou muito seguro em cena, sei que as pessoas vão dar risada, vão se divertir com aquilo”, diz. Ele esteve com “Histórias do Porchat” em BH, em novembro passado, em três sessões com ingressos esgotados, no Minascentro, e por isso diz que pretende voltar. “Estamos com uma nova circulação e, como o público mineiro é muito gostoso, quero estar em BH de novo e também em Uberaba, Uberlândia, Juiz de Fora, Ipatinga”, cita.
ABRAÇO QUENTINHO
Os projetos de Fábio Porchat no teatro, no cinema e na TV convergem numa palavra: leveza. O humorista já havia dito que seu stand-up foi pensado porque “as pessoas estão precisando sorrir” e que por isso resolveu fazer um espetáculo sem polêmicas, sem política, “para a geral ficar dando risada durante uma hora, esquecendo os problemas da vida”. Em sua opinião, a pandemia, o acirramento político e o tensionamento social pedem um respiro. “Sinto que as pessoas estão precisando ter calma, sair, se divertir. Já tem muito problema, muita discussão, muita gente prensando, falando, dando opinião. Claro que tem espaço para tudo, para projetos que envolvam política, por exemplo, mas acho que as pessoas estão precisando é de um abraço quentinho, um programa para curtir e sair com a cabeça leve.”